O artesanato tradicional está em constante atualização. Como todos os profissionais criativos, os artesãos se reinventam e recriam todos os dias suas tradições, em contato com as referências contemporâneas, o mercado e as suas inspirações que se renovam constantemente. Para estimular e qualificar esse movimento de inovação na produção artesanal, o Projeto Rede Artesol em seu quinto ano trouxe como grande novidade o Laboratório de Inovação Artesanal. Cinco grupos de artesãos de diferentes partes do país foram selecionados para o desenvolvimento de coleções com produtos inéditos a partir do trabalho conjunto com designers do projeto. Além de proporcionar o repasse de ferramentas metodológicas para que os artesãos criem novas coleções de forma autônoma, o Laboratório de Inovação Artesanal tem também o objetivo de ampliar os negócios por meio da diversificação qualificada dos produtos.
Por meio do Laboratório de Inovação Artesanal, o Projeto Rede Ano V abriu edital para o processo de seleção entre os coletivos de artesãos membros da Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro. Cada grupo teve a oportunidade de desenvolver, juntamente com um designer, uma coleção produtos incríveis, apresentados em um catálogo digital. Além disso, foi realizada uma rodada de negócios com lojistas membros da Rede. Os designers visitaram as comunidades e forneceram orientação online durante o processo.
Conheça os grupos contemplados e os designers que construíram esse Laboratório. Juntos, estamos impulsionando a inovação e valorizando o talento artesanal brasileiro. Prepare-se para se encantar com essa conexão única entre design e tradição! Para acessar o Catálogo das coleções inéditas, clique na imagem:
Associações:
Grupo Araucária
São Francisco de Paula – RS
Desde 2008, a produção artesanal desse grupo de cerca de 20 mulheres é impulsionada pela criação de ovelhas e pela tradição da tecelagem na região. Eles utilizam lã e araucária, encontrada em abundância nas florestas locais, como matéria-prima e fonte de inspiração. Além da tecelagem, trabalham com feltragem, bordado, tricô e couro, produzindo uma variedade de itens, como almofadas, mantas, cachecóis, bijuterias, quadros, chaveiros, bolsas, carteiras e panos de prato.
Turiarte
Santarém – PA
O trançado de palha da Turiarte é uma técnica tradicional passada de geração em geração nas comunidades ribeirinhas do Pará. Com cores vibrantes e desenhos geométricos, artesãos utilizam a fibra do tucumã para criar cestos, bolsas e mandalas. As fibras são tingidas com pigmentos naturais provenientes de plantas amazônicas. Cerca de 50 mulheres de seis comunidades fazem parte da cooperativa Turiarte, impulsionando a geração de renda (que também conta com atividades turísticas de base comunitária) e resgatando saberes tradicionais. Essa arte única é uma expressão cultural fascinante da Amazônia.
Associação Comunitária das Mulheres Artesãs de Itaiçaba
Itaiçaba – CE
A técnica ancestral de trançado em fibras naturais é um patrimônio cultural brasileiro. Em Itaiçaba, Ceará, a carnaúba é a matéria-prima utilizada. As folhas são coletadas, tingidas e trançadas para criar peças artesanais. A Associação das Artesãs de Itaiçaba, formada por 20 artesãs, fortalece o trabalho das mulheres, expandindo conhecimentos e conquistando novos mercados. Itaiçaba, localizada no vale do rio Jaguaribe, é conhecida por suas inúmeras carnaubeiras, que sustentam famílias por meio do artesanato e beneficiamento da cera.
Rendeiras de Bilro da Vila de Ponta Negra
Vila Ponta Negra – Natal – RN
O grupo Rendeiras de Bilro de Ponta Negra preserva a ancestral técnica da renda de bilros, uma herança portuguesa. Com habilidade e dedicação, produzem peças únicas como blusas, saias e bolsas. Sob a orientação da mestra Maria de Lourdes de Lima, conhecida como Vó Maria, o grupo mantém viva essa tradição. O Memorial do Bilro, que coabita o mesmo espaço da Tapiocaria da Vó Maria (de dia é Ponto de Memória e Associação Rendeiras da Vila e de noite, Tapiocaria da Vó- que não é de Vó Maria, só leva o nome), é um ponto de referência para os admiradores da renda. Com a Zoada dos Bilros, promovem a história e prática da renda, encantando os visitantes. Vila de Ponta Negra é um lugar especial para explorar a cultura das rendeiras.
Cooperativa Bordana
Goiânia – GO
O projeto Bordana, do Instituto Ana Carol em Goiânia, resgata o bordado tradicional conhecido como “ponto livre”. Inspiradas pelo Cerrado, as artesãs criam peças exclusivas em tecido de alta qualidade. A coleção “Arranjo produtivo, um sonho bordado à mão” foi desenvolvida com o designer Renato Imbroisi. O projeto busca gerar renda para mulheres em dificuldade, seguindo os princípios do Comércio Justo. As peças são vendidas em feiras de artesanato e as artesãs oferecem cursos de bordado.
Designers:
Érico Gondim
É designer de produtos e artista visual brasileiro apaixonado por experimentação. Ele busca constantemente utilizar materiais, processos e estruturas incomuns para oferecer soluções inovadoras para o design e as artes visuais. Seus objetos autorais são conhecidos por explorar texturas, estruturas táteis e interativas. No Ceará, tem trabalhado em projetos e consultorias de design social em parceria com o SEBRAE, colaborando com comunidades artesanais de diversas tipologias. Atua em parcerias com estúdios, empresas e profissionais interessados em inovação, com foco no uso de novos materiais, instalações e exposições que valorizam a tangibilidade e a sustentabilidade do artesanato brasileiro.
Luly Vianna
É designer, artista e pesquisadora que busca criar conexões contemporâneas entre materiais reutilizados e manualidades ancestrais ameaçadas. É mentora da marca social Teçume, criada pela ONG Casa do Rio para as mulheres da Amazônia e conselheira do Instituto Free Free.
Pesquisadora e curadora de marcas e de artesanato brasileiro, tem experiência em trabalho de campo e de coordenar e inserir artesãos no mercado profissional artesanal. Desenvolve e assina projetos para marcas com propósito. É uma entusiasta das relações humanas mais amorosamente profundas.
Maria Fernanda Paes de Barros
É administradora de empresas e designer de interiores que, após mais de 20 anos trabalhando na área, migrou para o design de mobiliário em 2014. Criadora da Yankatu – design com alma, ela se dedica a projetos de design com impacto social em parceria com artesãos brasileiros. Em 2020, seu encontro com o mundo da arte despertou uma busca pela valorização dos artesãos e tradições culturais brasileiras. Seu trabalho é baseado em relações de confiança e admiração mútuas, visando despertar incômodo e estimular a ação do espectador. Sua produção transcende os materiais, explorando diversas formas e transmitindo mensagens poéticas e poderosas.
Lucyana Azevedo
Designer de Moda e Especialista em Gestão do Design, pela UEL, e mestre em Design, Cultura e Tecnologia pela UFPE. Atua como professora na área de design de moda em Instituições de Ensino Superior e Pós-Graduação, a nível nacional. Designer de produtos de moda na empresa Morada e consultora para grupos de artesanato, na empresa Lu.Az. Trabalha com grupos de artesanato desde 2007 e já desenvolveu diversas coleções focadas em Moda, Sustentabilidade, Tingimentos Naturais e técnicas têxteis manuais.
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