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Sobre as criações
Há muitas gerações que as mulheres da comunidade de Muquém de São Pedro criam com a palha da carnaúba, espécie de palmeira abundante da região, da qual tudo se aproveita – tronco, caule, fruto e folhas.
A matéria prima utilizada é retirada do olho da carnaúba, parte central da folhagem, com uma taboca de 9 metros de altura, esse corte acontece de julho a dezembro e a palha pode ser armazenada por até 1 ano. Sem o talo, as folhas são postas ao sol para secar por quatro dias e envoltas em pano úmido para manterem-se maleáveis. A fibra pode ser tingida com anilina das mais diversas cores, depois disso é riscada, ou seja, cortada e preparada para o trançado.
A combinação do número variado de tiras cria diferentes texturas na confecção de cestos, bolsas e chapéus. Um diferencial da produção da Mucaúba, além dos trançados vazados, são as belas bolsas e carteiras com acabamento em couro.
Sobre quem cria
O artesanato sempre esteve presente na vida das mulheres que aprendem a técnica de trançado ainda na infância, na convivência cotidiana com a produção. O saber ancestral tornou-se fonte de renda para muitas da comunidade e desde 2012 passaram a ter mais segurança e acesso a oportunidades com a fundação da Associação.
O nome Mucaúba é uma aglutinação das palavras Muquém e Carnaúba, relatando o principal foco da associação, que é o artesanato com a palha da palmeira. Com incentivo do Sebrae e do Ceart, tiveram um acompanhamento de 3 anos a partir de 2012 para estruturação e formalização do grupo. Além disso, promovem outras ações para a valorização da arte e cultura local.
Nesse tempo trabalhavam em locais improvisados, nas casas ou escola municipal, porém, em 2017 firmaram uma parceria com a empresa Diageo no Programa Ypióca de Artesanato que lhes garantiu a construção da sede. A conhecida marca de aguardente tem muita relevância local, pois há muito tempo as artesãs trançam as icônicas garrafas comercializadas em todo território nacional.
Valorizando essa relação e reconhecendo o potencial de expandir o acesso a outros mercados, independentes da marca, é que multinacional detentora da Ypióca decidiu investir e fomentar o desenvolvimento do artesanato. Dessa forma buscam coletivamente criar maior autonomia através da geração de renda e valorização cultural.
Hoje o grupo conta com 25 associadas que trabalham na sede da associação, que abriga além do maquinário utilizado nas costuras e acabamentos, um depósito de matérias, salas de reunião e produção e a loja.
Sobre o território
O nome Cariré em tupi guarani significa peixe cascudo, esquisito, e é registro dos primeiros habitantes das margens do rio Aracaú, indígenas de várias etnias como os Tupinambá e Areriú.
A localidade ganhou status de município a partir da implementação da Estrada de Ferro Sobral-Camocim no final do século XIX, o que propiciou uma maior circulação e formação dos centros. Muquém de São Pedro é um distrito de Cariré onde vivem cerca de 40 famílias, pouco mais de 200 habitantes.
“Nossa história é bonita e estamos lutando pra deixar ela ainda mais bonita” conta Francisca, uma das artesãs associadas da Macaúba. É através do trabalho e da valorização cultural das raízes da comunidade que elas escrevem essa história.