A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

ASDEREN – Associação para o Desenvolvimento de Renda de Divina Pastora


A técnica utilizada pelas rendeiras é conhecida como renda irlandesa ou ponto de Irlanda e o modo de fazer praticado pelas rendeiras de Divina Pastora foi incluído, em 2009, como Patrimônio Cultural do Brasil. Com a técnica, produzem desde roupas de cama e mesa, até peças de decoração, acessório e vestuário.

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Telefone (79) 98833-0620
Contato Maria José de Souza
Praça Getúlio Vargas 149, CEP 49650-000, Divina Pastora – SE

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

“Não vejo o seu rosto
Vejo somente as mãos
Seu vai e vem trançador constrói belezas
E desafia a harmonia de um riscado secular.
O destino do fio se faz no caminho do cordão.
Ele é guia e sustentação das ideias da criação”.

Rendas e rendeiras: oficio de encantar, de Aglaé D´Ávila Fontes de Alencar

O lacê, espécie de cordão sedoso e achatado, marca os caminhos que são preenchidos com a renda, resultando em pontos que recebem o nomes inspirados em suas formas como aranha de quarto partes, aranha de duas partes, abacaxi, cocada e sianinha, entre outros. Antes desse trabalho, é preciso riscar ou copiar em papel transparente o desenho, alinhavar o lacê sobre o risco, acompanhando as formas do desenho, fixar o papel com o lacê já alinhavado em pequena almofada e então preencher os espaços vazios entre o lacê, utilizando esses vários pontos (ao todo são mais de vinte possibilidades de tramas diferentes). Algumas peças são feitas apenas com a renda e outras são feitas com aplicação de renda em tecido, como o linho. As peças criadas que vão desde roupas de cama e  mesa, até decoração, acessório e vestuário.

A técnica utilizada pelas rendeiras é conhecida como renda irlandesa ou ponto de Irlanda e o modo de fazer praticado pelas rendeiras de Divina Pastora foi incluído, em 2009, como Patrimônio Cultural do Brasil. Embora a renda irlandesa seja produzida em outros lugares em Sergipe, o município de Divina Pastora se tornou a principal referência da renda, pela forte apropriação popular do ofício.

ASDEREN / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre quem cria

A prática da renda faz parte do cotidiano das mulheres no Brasil, desde o Brasil Colônia, quando foi introduzida pelos europeus. À medida em que foi sendo apropriada, a técnica da renda ganhou sentidos culturais e sociais bem próprios. Em Divina Pastora, por exemplo, a renda é uma atividade coletiva, mesmo se tratando de um trabalho individual. O encontro entre as mulheres lhes permite trocar informações, criações, técnicas e pontos.

A Associação, que conta hoje com 60 mulheres, foi criada em 1998. A consolidação da Associação ASDEREN aconteceu em 2000, a partir de um trabalho com a Artesol de aprimoramento e ampliação da variedade de produtos, bem como de retomada de pontos que estavam esquecidos. Naquele momento, haviam apenas grupos informais de mulheres que trabalhavam com a renda. Hoje, o grupo de rendeiras conta com uma sede própria, onde se reúnem para produzir. O grupo já ganhou duas vezes o TOP100 do Sebrae e possui o selo de indicação geográfica do INPI, Instituto Nacional de Propriedade Industrial e Intelectual.

ASDEREN / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre o território

Localizada na região Leste de Sergipe, na microrregião do Cotinguiba, rio que banha a região e desagua no rio Sergipe que atravessa o município, Divina Pastora possui cerca de 4 mil habitantes. A 39 quilômetros da cidade de Aracaju, sua paisagem mescla os campos de várzeas com os velhos engenhos. Muitos desapareceram, com a decadência da agroindústria do açúcar, deixando como rastro as ruínas dos canaviais.

No final da década de 1960, se deu início à exploração do petróleo que desencadeou mudanças importantes na zona do Cotinguiba, principalmente econômicas. Como não há indústrias nem investimentos na produção agrícola, os royalties pagos pela Petrobrás passaram a constituir importante fonte de recursos para o município.

Além dos canaviais, outros dois elementos estão muito presentes no imaginário que compõe o município de Divina Pastora: a produção de renda irlandesa e a peregrinação à Nossa Senhora, santa católica, que acontece todos os anos, no terceiro domingo do mês de outubro. Em romaria, os devotos caminham cerca de nove quilômetros, em veneração à santa, cuja imagem encontra-se na Igreja Matriz. Tombada em 1943 por sua relevância arquitetônica, a Igreja Basílica de Nossa Senhora Divina Pastora foi construída no final do século XVIII em estilo barroco. Sua história se entrelaça às histórias das rendeiras que tantas vezes fizeram renda para cumprir promessas, rendas que enfeitam o templo e compõem os rituais.

A renda Irlandesa se apresenta, assim, como um elemento cultural central para a cidade, pela sua força identitária e também por ser fonte de renda para muitas mulheres. Além disso, as rendas de Divina Pastora se destacam como importante atrativo turístico, junto a romaria e a Igreja Matriz.

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