A Rede Artesol - Artesanato do Brasil é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação Quilombolas dos Artesãos de Santa Maria


No povoado de Santa Maria, os artesãos trançam a fibra da palmeira do buriti, palmeira nativa que cresce em áreas ribeirinhas. A Associação dos Artesãos de Santa Maria nasceu no final de 2007, tendo como principal motivação a articulação em grupo, como estratégia para melhorar a produtividade.

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Contato Lea Araújo
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Sobre as criações

A arte de trançar fibras vegetais é uma herança indígena presente em várias regiões brasileiras. No povoado de Santa Maria, os artesãos trançam a fibra da palmeira do buriti, palmeira nativa que cresce em áreas ribeirinhas, No processo de extração, retira-se o olho do buriti, que é a folha mais nova e se encontra no centro, na parte mais alta da palmeira. A fibra é então desfiada até chegar ao linho que é a parte mais nobre da folha.

O linho é tingido com uso de corantes naturais, a partir de folhas da região, e depois é colocado para secar na sombra. Quando secos, são organizados em novelos, para então serem trançados, se transformando em esteiras, almofadas, jogos americanos, sacolas, carteiras e bolsas.

Associação Quilombolas dos Artesãos de Santa Maria / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre quem cria

O artesanato de buriti no Maranhão está presente principalmente em grupos de produção familiar, sendo majoritariamente feminino. A Associação dos Artesãos de Santa Maria nasceu no final de 2007, tendo como principal motivação a articulação em grupo, como estratégia para melhorar a produtividade. Sendo assim, as artesãs que antes trabalhavam de forma isolada, passaram a contar com o apoio técnico do Sebrae do estado, tendo acesso a diferentes capacitações, cursos e consultorias que trouxeram facilidades e importantes informações sobre produção e consumo. Os produtos que eram, em grande parte, para o consumo local, se expandiram para outros espaços, chegando aos mercados nacional e até internacional.

Associação Quilombolas dos Artesãos de Santa Maria / Crédito das fotos: Divulgação.

Sobre o território

Conta-se que o povoado de Santa Maria foi assim batizado, por conta da grande quantidade da erva de mesmo nome, cujas sementes eram utilizadas para a fabricação de pulseiras, colares e para enfeitar o maracá, instrumento musical de poder e cura, usado pelos Pajés.
Hoje, em Santa Maria, encontram-se cerca de 90 famílias que vivem principalmente da agricultura e da pesca de subsistência, além do  artesanato que ocupa um lugar cada vez mais representativo na composição da renda familiar.

A comunidade está localizada no município de Alcântara, ao norte da baía de São Marcos, um estuário que recebe vários rios, como Grajaú, Pindaré e Mearim, famoso por suas pororocas, que são ondas formadas quando o rio tem grande volume de água.

Alcântara é uma cidade da primeira metade do século XVII, sendo uma das mais antigas do estado do Maranhão, com igrejas antigas, casarões e ruínas do tempo das plantações de cana-de-açúcar e algodão, cuja produção era baseada na escravidão de negros e índios.

Aproximadamente 70% dos habitantes de Alcântara vivem na zona rural, sendo grande parte das comunidades remanescentes quilombolas. A cidade foi tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN, em 1948 e apenas recentemente passou por um processo de reconhecimento de 156 comunidades quilombolas, o que, de acordo com a Fundação Palmares e com o senso de 2022 do IBGE, é maior concentração de comunidades certificadas no Brasil.

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