A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação Tapeçaria Timbi


As artesãs da Tapeçaria Timbi trabalham com a técnica de origem ibérica do arraiolo e buscaram no rico repertório cultural nordestino sertanejo referências para os desenhos bordados.

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Sobre as criações

Crédito da foto: Raquel Lara Rezende

A talagarça, grossa tela em algodão tramado, é a base para os pontos em cruz, dados com cordão. Atualizando a técnica conhecida como arraiolo, proveniente de Arraiolos em Portugal, as artesãs da Tapeçaria Timbi substituíram a lã por um grosso cordão de algodão. Ainda, buscaram no repertório cultural nordestino sertanejo referências para os desenhos bordados. 

Além dos clássicos florais, as tapeceiras foram as primeiras a traduzir a linguagem da xilogravura para a tapeçaria. Desde 2008 lançam coleções como a Árvore da Vida (introduzindo elementos da xilogravura), Cenas do Cotidiano (abordando a temática do cordel), Casario Pernambucano e, mais recentemente, a linha J.Borges. O renomado artista popular pernambucano selecionou junto das integrantes dez xilogravuras mais representativas de sua obra para este projeto. 

As artesãs aprenderam a ampliar os desenhos e passá-los para a tela. Após riscados com caneta para tecido, os desenhos são pintados na tela com tinta acrílica nas cores da linha para evitar que qualquer contraste fique aparente. Com a pintura demarcando os espaços, começam preenchendo primeiro as figuras e depois do fundo. O acabamento dos tapetes, almofadas, passadeiras e pesos de porta é feito com um tecido de algodão que além de proteger o avesso do trabalho, confere melhor acabamento e maior durabilidade. 

Sobre quem cria

Crédito da foto: Raquel Lara Rezende

Com as mãos já íntimas do ofício das linhas e agulhas, um grupo de mulheres tapeceiras une-se em 1973 como forma de organizar a produção dos famosos tapetes de Camaragibe. Em 1988, buscando novas alternativas de produção e comercialização dos produtos, qualificação e organização social, decidiram formalizar-se como Associação Tapeçaria Timbi. O poder do coletivo é reconhecido pelas artesãs que continuam trabalhando unidas há mais de 30 anos. 

Ao longo do tempo tiveram apoio de instituições como a Casa da Mulher do Nordeste, Sebrae, Centro Pernambucano de Design e Laboratório de Design O Imaginário (UFPE), que foram fundamentais para estruturação do grupo, criação de estratégias, desenvolvimento de novos produtos e posicionamento no mercado a fim de alcançarem um valor justo para o trabalho.  

Através de sua arte, do retrato de símbolos da vida sertaneja, o senso de pertencimento é fortalecido e a cultura local valorizada. 

Sobre o território

Ainda que de emancipação recente, em 1982, o município de Camaragibe tem história antiga. Localizada na região metropolitana de Recife, passou por processos de exploração e conquista desde a chegada dos portugueses no século XVI. Tendo sua formação ligada ao desenvolvimento dos primeiros engenhos, como o Camaragibe, o desenvolvimento social econômico da cidade esteve também intimamente ligado à implantação da Companhia Industrial de Pernambuco, uma grande fábrica de tecidos instalada no fim do século XIX. 

Assim, o cenário rural ligado aos engenhos foi rapidamente transformado pela presença da indústria. Dentro do complexo estava a primeira vila operária da américa latina. Com mais de 40 teares funcionando em 3 turnos de funcionários, não demorou para que a população crescesse em torno da fábrica. Por quase um século produziu tecidos rústicos de brim e algodão, sendo uma das principais indústrias do país, porém em 1970 sofreu sua primeira crise. 

A economia da cidade foi fortemente atingida e concomitante à este declínio começa a fortalecer-se a tapeçaria como fonte de geração de renda. Ofício ancestral, foi difundido a partir da segunda metade do século XX na região, espalhando-se por ruas desse e alguns outros municípios vizinhos. Com agulha e linhas em mãos, mulheres estruturaram suas famílias a cada ponto cruzado. No bairro de Timbi, em uma iniciativa admirável, o grupo de tapeceiras uniu-se e formou a internacionalmente conhecida Associação Tapeçaria Timbi. 

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