Coletivo Bordadeiras da Chapada dos Guimarães
Os bordados produzidos pelas 45 mulheres associadas são fonte de renda complementar, mas também uma forma de educar e conscientizar sobre questões de cunho social como saúde, cultura e meio ambiente.
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Sobre as criações
Bord(vers)ando
Se diz que a vida não tem rascunho
já o bordado tem
o trabalho das bordadeiras de Chapada tem frente e verso
os bordados são feitos enquanto conversam
o verso, o rascunho brota da meditação, da convivência
do compartilhamento das experiências
da difícil e incrível arte de viver
a frente, essa maravilha que compõe essa exposição, vem impregnada dessas vivências
tornando os versos energizados, encantados
pura beleza e magia
como força que vem do mais fundo do coração
Ivens Cuiabano Scaff
O bordado livre é uma técnica que conserva pontos tradicionais do bordado reorganizando os espaços e propondo novos estilos de desenho. Muito difundida em todo o país, a técnica vem ganhando espaço e se tornou, além de fonte de renda, uma linguagem possível. As temáticas escolhidas, que geralmente retratam a fauna e flora, as tradições, ou cenas cotidianas, proporcionam um meio de expressão e interação profunda entre quem borda, o grupo e o local.
Além da liberdade na criação dos desenhos, chamados riscos do bordado, há o jogo de cores, a brincadeira que une o real ao imaginado. Os riscos são simples e abertos à criação de cada bordadeira. O que se diz é que cada uma alimenta e dá vida ao desenho. Os pontos dados preenchem livremente os espaços e, quase sempre, dispensam o uso do bastidor.
Sobre quem cria
O grupo Bordadeiras da Chapada dos Guimarães conta hoje com 45 associadas, de idade entre 28 e 72 anos, e integra o Núcleo de Estudo e Organização da Mulher (NEOM). Organizou-se no ano de 2010 a partir de uma capacitação realizada na região pelo grupo Matizes Bordados Dumond durante o projeto Bordando o Brasil. A coordenadora, Louriza Soares Boabaid Yule, é educadora aposentada e artista de mão cheia. Além de gerir o grupo, conectar todas com muita atenção e carinho, é responsável por grande parte das criações de novos produtos e desenhos.
Os bordados produzidos pelas mulheres são fonte de renda complementar, mas também uma forma de educar e conscientizar sobre questões de cunho social como saúde, cultura e meio ambiente. Além disso, exploram a linguagem cuiabana, valorizando as gírias e dizeres populares. Entre os principais produtos estão os Panos de Assunto e os Lenços de Lágrimas de Alegria, brincadeiras poéticas e inventivas que exploram as possibilidade criativa do bordado. Os Panos de Assunto são bordados com cenas cotidianas e frases do linguajar cuibano para estimular a troca de experiências, resgatar memórias e, claro, puxar assunto! Já os Lenços de Lágrimas de Alegria são lencinhos de algodão com bordados delicados de santos, flores e pássaros, usados em ocasiões especiais – como casamentos e aniversários – onde as lágrimas de alegria não podem ser contidas.
Por ser formado em grande parte por educadoras aposentadas, muitas das atividades realizadas no prédio da sede, no coração do município, têm cunho didático e ultrapassam até mesmo a produção dos bordados – são propostos saraus, oficinas e reuniões. Tal característica é marcante para o grupo, pois através da educação tende-se a gerar uma autonomia que transcende a econômica. Além disso, por ser uma prática meditativa, auxilia muitas mulheres na cura da depressão e, por isso, há um projeto para que o grupo integre o quadro de Práticas Integrativas do SUS do município.
Sobre o território
Chapadas são elevações de terra de dimensões consideráveis, relevos que relatam milhões de anos em suas formações geológicas. O município Chapada dos Guimarães, de pouco mais de 19 mil habitantes, localiza-se a 64 km da capital mato grossense Cuiabá e abriga em seu território, além do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, centenas de cachoeiras, canyons, cavernas e sítios arqueológicos. Faz parte do planalto central brasileiro e tem o cerrado como principal bioma.
Bordados que recontam a história como linhas e cores, registram datas, monumentos, momentos. O registro das bordadeiras é o contato cotidiano com a rica fauna e flora da região. A vista dos altos montes de história antiga que empurram do fundo para fora a relação com a terra, com o ambiente e com o tempo.
No dia 08 de dezembro de 2015 a cidade Chapada dos Guimarães foi declarada a capital do bordado artesanal da chapada cuiabana através do projeto de lei proposto pela deputada Teté Bezerra (PMDB/MT). Tal fato deve-se principalmente à representatividade do grupo NEOM Bordadeiras da Chapada dos Guimarães.