A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Bordados da Caatinga – Fundação Ruralista


Os Bordados da Caatinga são feitos na técnica conhecida como fio contado, que assemelha-se ao ponto cruz em sua forma. Com reconhecido primor, os bordados são feitos com fios de algodão em tecidos de algodão ou linho. Produzem jogos para cama, mesa e banho, além de vestuário que bordam sob encomenda.

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Sítio Embargo, Zona Rural s/n, Fundação Ruralista, CEP 64790-000, Dom Inocêncio – PI

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Sobre as criações

As finas linhas colorem o cotidiano no sertão piauiense e são as bordadeiras, contando os pontos, que escrevem a história de Dom Inocêncio. Com primor, bordam a paisagem local, fazendo florescer a caatinga. 

A qualidade dos bordados começa já nos materiais utilizados: as linhas 100% algodão tem cores intensas e brilhantes, já os tecidos utilizados são de algodão ou linho, de estrutura bem desenhada para que os fios possam ser contados, como cânhamo puro algodão, algodãozinho, etamine e cambraia.

Os Bordados da Caatinga são feitos na técnica conhecida como fio contado, que assemelha-se ao ponto cruz em sua forma. Com pontos imitando pequenas cruzes que quando agrupadas, formam um desenho. 

Os padrões costumam receber o nome da bordadeira que os criou, como Ivandete, Odete, Gracinha, etc. Também recebem nomes de plantas locais como palma, facheiro, sol, cacto, além dos motivos que homenageiam a Fundação Ruralista e a cidade de Dom Inocêncio. 

Os principais produtos são jogos para cama, mesa e banho, além de vestuário que bordam sob encomenda. Toalhas de banquete, caminhos de mesa, jogos americanos, guardanapos, capas de almofadas, toalhas de lavabo, entre outras peças, encantam a todos onde quer que seja. 

Sobre quem cria

A história dos bordados em Dom Inocêncio é antiga, enleia-se à história local há pelo menos três gerações. Em 1958, com a chegada do Padre Manuel Lira Parente, o projeto da Fundação Ruralista começou a ser idealizado na região que padecia de extrema carência de recursos. 

O projeto pioneiro previa a instalação de reservatórios d’água, construção de estradas e escolas e tinha como principal lema promover o desenvolvimento através da educação. 

Entendendo que era necessário criar oportunidades na terra para que de lá seus filhos e filhas não precisassem partir, Padre Lira vislumbrou o bordado como a alternativa mais acessível de geração de renda para a população. Alinhavou assim o ensino da técnica do fio contado à educação formal das escolas, profissionalizando e alfabetizando ao mesmo tempo. Dia 1 de julho de 1965 a primeira escola começou a funcionar e foi neste mesmo ano que Maria da Conceição Leal integrou o projeto primeiro como instrutora da técnica, depois como coordenadora. 

A qualidade dos Bordados da Caatinga é reconhecida no Brasil e no mundo. As peças já foram expostas em estados como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília, além países como Estados Unidos e França. Em 1983 o bordado foi considerado o melhor do mundo em um congresso de artesanato da Unesco em Paris e em 2005 o grupo foi contemplado com o prêmio Petrobrás Fome Zero.

Ao longo dos 50 anos de existência, a Fundação Ruralista já qualificou mais de 1000 bordadeiras e hoje são pelo menos uma centena delas que têm no ofício fonte complementar de renda. 

Bordados da Caatinga / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre o território

Cercado pela vegetação da caatinga por todos os lados, o município de Dom Inocêncio localiza-se a 615 km ao sul da capital Teresina, na região da Serra da Capivara. No ano de 1988 foi desmembrado do município de São Raimundo Nonato-PI, alcançando sua emancipação política. 

A economia do município baseia-se principalmente na pecuária de ovinos, a caprinocultura e na agricultura de subsistência. Em um cenário de chuvas raras e irregulares, o bordado floresceu como alternativa de trabalho e renda. 

É conhecida também como a capital piauiense do forró, ou terra dos sanfoneiros, pela grande quantidade de músicos. Dizem que dos quase 10.000 habitantes, 1 a cada 35 é sanfoneiro. Por conta disso promovem anualmente o festival da sanfona e em 2019 inauguraram o Monumento Sanfona na cidade.

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