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Divino Alves Faleiros


É no braço do buriti que Divino esculpe seus totens, que são formados por 4 a 5 figuras de animais e pessoas.

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Sobre as criações

Foto de divulgação Artesol

Mauritia flexuosa, popularmente conhecido como buriti ou miriti, na região norte do Brasil, é uma palmeira nativa, muito presente nos estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia e Pará, principalmente. Muitas comunidades a consideram a árvore da vida, pela abundância de possibilidades que ela traz. Com a sua fibra se faz cestaria, seu fruto é usado para confecção de doces, suas folhas cobrem as casas e servem de cama. E é com o braço do buriti, extraído das folhas secas da palmeira, que Divino esculpe os totens.

“Trabalhar com o buriti é uma terapia, porque o braço do buriti é muito macio, é como cortar um queijo. O que mais me apaixonou foi a facilidade de trabalhar com a fibra do buriti. Você só precisa de uma faca bem afiada e um estilete”.

A palavra “totem” deriva de “odoodem”, na língua Ojibwe, etnia indígena da América do Norte, que significa “marca da família”. De modo geral, o totem é uma construção simbólica adotada por uma família, por tribos, clãs e grupos como proteção ou representação das qualidades essenciais de sua ancestralidade. A sua forma mais comum é a representação de animais, plantas e outros seres sobrepostos em uma coluna.

A carranca é também um tipo de totem, muito utilizado na proa das embarcações que navegam pelo rio São Francisco. É uma escultura feita em madeira ou buriti, com forma humana ou animal, que foi popularizada no Brasil como uma expressão da arte popular, sendo vendida para a decoração de ambientes. Os totens de Divino são formados por 4 a 5 figuras de animais e pessoas. 

Sobre quem cria

Foto de divulgação Artesol

Divino nasceu em Uruana, em Goiás, e com 9 anos de idade se mudou com a família para Brasília (Taguatinga), em busca de mais oportunidades de estudo. Depois se mudaram para Brazlândia, Distrito Federal, em 1970. Seu pai era lavrador e quando mudaram para Brasília, entregava banana. Depois se tornou feirante, além de trabalhar em construção civil e sua mãe costurava em casa. Divino também chegou a trabalhar com construção civil, até que em 1993 passou no concurso público para o serviço de limpeza urbana da cidade, atividade que desempenhou até se aposentar. Hoje, Divino se dedica somente à arte que cria em seu atelier.

O artesanato chegou em sua vida ainda jovem, quando aprendeu através de revistas a fazer quadros de linha trançada. Fazia quadros dos times de futebol, entre outros temas. Em 1982 foi convidado a expor em um encontro de artesãos de Brazlândia, onde conheceu seu Manoel Ayres que trabalhava com o buriti, uma palmeira nativa do Brasil, e com o braço, extraído das folhas secas, esculpia carrancas. O artesão perguntou a Divino se tinha interesse em aprender. Divino, que até então desconhecia a técnica, pegou um pedaço de buriti e experimentou fazer uma carranca. 

Seu Manoel o incentivou a seguir aprendendo, e mais tarde Divino conheceu seu Quincas, artesão da cidade de Brazlândia que fazia totens, apaixonou-se por sua arte, por seus traços mais delicados e arredondados. Comprou uma peça dele e foi estudando, fazendo cópias, e a partir disso começou a desenvolver a sua própria linha. Desenvolveu sua própria forma de fazer o rosto, o nariz, o tipo do cabelo, assim como de pintar as peças. Nessa época, a procura por totens era grande, por isso Divino não teve dificuldades em se estabelecer com sua arte.

Sobre o território

Brazlândia é considerada uma potência agrícola do Distrito Federal e seu potencial turístico começou a ser explorado, pela presença das belezas naturais e as festividades tradicionais que acontecem ao longo do ano.

O local se tornou distrito de Santa Luzia na década de 1930 e com a construção da capital federal, Brasília, os rumos da pequena Brazlândia mudaram. Já em 1958, foram desapropriados mais de mil alqueires da cidade. Apenas a área que circundava a sede urbana de Brazlândia não foi transferida para o Governo.

Foto de divulgação Artesol

Muitas das antigas fazendas da região desapareceram depois do represamento do Rio Descoberto e a formação do Lago do Descoberto, destinado para acumulação de água potável para Brasília. Atualmente a represa é responsável pelo abastecimento de mais de 60% da água de todo Distrito Federal.

Na inauguração de Brasília, Brazlândia já estava incorporada ao Distrito Federal. Nesse momento tinha menos de mil moradores e nos anos seguintes a cidade experimentou um crescimento acelerado, com a migração de centenas de agricultores japoneses procedentes de outras partes do país que foram assentados no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, entre outros migrantes do estado de Goiás. Após a inauguração de Brasília nos anos 60, Brazlândia foi anexada como então cidade-satélite de Brasília. Atualmente, conta com cerca de 53 mil moradores.

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