A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Fábrica de Pios Maurílio Coelho


Os pios de madeira reproduzem com muita precisão o canto de mais de 45 pássaros, feito alcançado com muita pesquisa, apuro técnico e coração afinado.

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Contato Fábio Coelho Marins
Rua Gastão Pimenta Coelho , 51 – Ilha da Luz, CEP 29309-830, Cachoeiro De Itapemirim – ES

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Sobre as criações

Os pios de madeira reproduzem com muita precisão o canto de mais de 45 pássaros, feito alcançado com muita pesquisa, apuro técnico e coração afinado. A produção artesanal dos delicados pios é feita em tornos centenários a partir de madeiras brasileiras de lei, em grande parte de reúso, no qual cada peça é é moldada individualmente até o polimento final. 

Até os anos 60 os pios eram utilizados para a atrair os pássaros para caça, porém a partir dos anos 70 esse cenário vem se transformando com a crescente preocupação ambiental. Pensando nos pios como instrumentos de conhecimento, preservação e valorização da natureza, a fábrica investe cada vez mais em programas educativos e culturais, que vão da observação de aves nativas a shows musicais. 

Foto de divulgação Artesol

A fabricação inicia-se com o corte da madeira bruta, em pedaços que receberão os cortes e os furos necessários à cada pio. O som ideal depende da precisão dos corredores internos, que são como os corredores para o ar soprado pelos furos. Adaptados ao torno, os pedaços de madeira são desbastados com formões e parquímetros confeccionados na própria fábrica, o que confere os formatos diferenciados. 

Em seguida a minuciosa etapa da afinação dos pios que requer olhos e ouvidos atentos e destreza nos movimentos com as ferramentas super afiadas. Todos os pios possuem no mínimo duas partes: boquilha e corpo, e outros possuem até sete partes: boquilha, eixos, polias, correias, palhetas, buchas, trinadores. Todas essas partes são confeccionadas manualmente por experientes artesãos que perpetuam a tradição.

Sobre quem cria

Foto de divulgação Artesol

Maurílio Coelho aprendeu a técnica da fabricação de pios com os índios Purís que habitavam a região sul do ES, a cidade de São João de Muqui, hoje Muqui. Naquela época, os poucos modelos de apitos existentes eram rudimentares e pouco eficientes. Feitos a partir de taquara e bambu, as medidas dos apitos mais antigos não tinham uma padronização que possibilitasse a eficácia sonora dos instrumentos em sua função primária de dialogar com as aves.

Fábio, bisneto de Maurílio, músico multi-instrumentista e artesão é quem administra a fábrica hoje e é o responsável por novas criações. Mantém, ao lado de Arildo, mestre de afinações que há mais de 30 anos trabalha na fábrica, Luciana, Verônica e Íris, uma produção mensal de mais de 800 peças com qualidade inquestionável. Os 45 modelos organizados em coleções ou vendidos separadamente são comercializados em lojas em todo território nacional e exportados para mais de 6 países. 

A família que mantém a fábrica há mais de 4 gerações perpetua o sonho de integrar o homem ao meio ambiente, participando ativamente de sua preservação. 

Sobre o território

No sul do Espírito Santo, a 139 quilômetros de Vitória, encontra-se Cachoeiro de Itapemirim. Com 220 mil habitantes, é a segunda cidade mais populosa do estado. A “capital secreta do mundo”, como é conhecida, é berço de filhos ilustres como o cronista Rubem Braga e o cantor Roberto Carlos. 

O excepcional desenvolvimento econômico promovido pela cultura cafeeira no século XIX e uma elite preocupada também com o desenvolvimento social e cultural, foram pontos fundamentais para que Cachoeiro se tornasse o que é hoje. Pioneira em inúmeros aspectos, foi a primeira cidade do estado a ter luz elétrica e uma estação de trem, com linha que ligava até a estação do entroncamento Matosinho. Tais aspectos conferiram à cidade um caráter vanguardista, com clima propício à todas as expressões criativas. 

Maurílio Coelho era um expert; conhecido pelas engenhocas que construía, passou a se dedicar à criação de seus próprios instrumentos, que culminou  com o convite do ex-presidente do Espírito Santo, Florentino Ávidos, para trabalhar na Companhia Força e Luz em Cachoeiro de Itapemirim, que passa a ser a 1ª cidade capixaba, e a 10ª do Brasil a produzir energia elétrica. Em 1903 a Ilha da Esperança, passa a se chamar Ilha da Luz e no mesmo ano Maurílio Coelho, ganha uma grande área na ilha onde funda a 1ª Fábrica de Pios da América Latina, hoje a empresa mais antiga do ES.

A Fábrica de Pios foi fundada no mesmo ano e tem sua história intimamente ligada à história do desenvolvimento do município. As memórias de ambas, da fábrica e da cidade, encadeiam-se em um ritmo perfeito, o mesmo das matas cantadas pelos pássaros da região.

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