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Família de Ulisses Pereira Chaves


CaraiMG

As esculturas de Ulisses são figuras zoomórficas apresentadas em diferentes formas, com sobreposição de cabeças, formas arredondadas que lembram moringas, entre outras. Seus filhos, José Maria e Margarida seguiram a linha expressiva do pai, explorando as figuras zoomórficas em esculturas grandes que medem cerca de 1 metro.

Foto: Idene Pereira Chaves.

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Fontes das fotos: Guia das Artes.

Sobre as criações

As esculturas de Ulisses são figuras zoomórficas apresentadas em diferentes formas, com sobreposição de cabeças, formas arredondadas que lembram moringas, entre outras. Seus filhos, José Maria e Margarida seguiram a linha expressiva do pai, explorando as figuras zoomórficas em esculturas grandes que medem cerca de 1 metro.

Rosana, filha de Margarida, desenvolveu a sua expressividade de forma mais livre, explorando o universo zoomórfico introduzido pelo avô, de maneira inventiva, trazendo a dimensão do afeto e das relações. Suas peças são menores e retratam cenas de dança, de carinho, amizade e amor.

Em seu modo de fazer, Ulisses manteve as mesmas técnicas de modelagem e pintura aprendidas com a mãe. A pintura sempre foi desenvolvida mais pelas mulheres da família, pois Ulisses achava que a sua pintura não ficava tão boa.

A família Pereira segue fazendo suas peças mantendo a cor natural da argila e pintando com os pigmentos naturais tirados da própria argila, como os engobes vermelho e branco.

Sobre quem cria

No coração do Vale do Jequitinhonha, Ulisses Pereira Chaves (1924-2006) criou seu próprio universo moldado no barro. Em seu universo, os seres são uma mistura de animais com humanos, alguns com 3 ou mais cabeças e suas formas apresentam traços angulares que remetem a povos de outros tempos e outros lugares. Sua criação se deu em profunda conexão com a natureza, com a terra, as cavernas e o céu da região onde nasceu. Maria José Alves Chaves, sua companheira de vida, desde criança manipulava o barro para a produção de peças utilitárias, como potes e panelas. O barro já era parte de sua vida e Ulisses lhe apresentou outro mundo de possibilidades com o barro. Ela foi parte da criação de Ulisses, assim como Ulisses foi parte de sua criação, de sua expressão.

Foi nesse universo tão singular e mágico que cresceram seus 8 filhos, aprendendo desde crianças a brincar com o barro. José Maria Alves da Silva e Margarida Pereira Silva abraçaram essa arte e aprenderam com os pais a linguagem do barro. Mais tarde, a filha de Margarida, Rosana Pereira Silva, também escolheu o ofício criado pelo avô. 

Ulisses também se dedicava ao plantio de milho, feijão, cana de açúcar, entre outros alimentos. Assim como sua esposa, Ulisses aprendeu a moldar o barro com sua mãe, Domingas Pereira do Santos, e foi um dos primeiros homens a se dedicar à arte da cerâmica no Vale do Jequitinhonha. Na época, era forte na região do Vale do Jequitinhonha, assim como em outras regiões do Brasil, a tradição das paneleiras ou luceiras, entre as mullheres, sendo um saber que era passado nos núcleos familiares de mãe para filha. Apenas na década de 1970 que a cerâmica como arte figurativa se expandiu, a partir da obra de artistas originais como Ulisses. 

Sua arte já foi considerada expressionista, surrealista, mística, onírica, sobrenatural, o que demonstra como era singular e marcante, colocando o nome de Ulisses na lista dos mais importantes escultores brasileiros do século XX. A arte criada por Ulisses era completamente distinta do que existia na região e ela exerceu grande influência na produção de sua família. Atualmente, a arte de cada um possui um direcionamento próprio e uma expressividade singular, facilmente perceptível.

Sobre o território

Caraí é um pequeno município do Médio Vale do Jequitinhonha que reúne as comunidades de Córrego do Santo Antônio do Eurico e Ribeirão do Capivara, onde vivem grandes mestres e produtores de cerâmica tradicional, presentes na região há mais de um século.

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