A Rede Artesol - Artesanato do Brasil é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

ARTEZA – Cooperativa de Trabalho dos Curtidores e Artesãos de Couro da Ribeira de Cabaceiras


O trabalho com o couro é presente em quase todas as famílias da região e abarca pessoas de diferentes gerações. A cooperativa propicia trabalho e renda para os 75 cooperados ativos, entre curtidores e artesãos que produzem sandálias, cintos, bolsas e peças pra decoração.

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Distrito da Ribeira, s/n – Zona Rural, CEP 58480-000, Cabaceiras – PB

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Sobre as criações

A atividade com couro na região é centenária, ensinada de pai para filho há muitas gerações. Durante muito tempo, foi uma atividade secundária para a produção das vestimentas de trabalho para o homem do campo. A cooperativa ARTEZA foi fundada com 28 cooperados em 1998, como uma alternativa de trabalho diante da escassez de chuvas. Tem como objetivo fortalecer e agregar valor à atividade de curtimento e artesanato em couro.

Devido à adaptabilidade do animal à vegetação e à escassez de água, o couro trabalhado provém do bode. Esse couro se caracteriza por ser um material macio e flexível, com uma área ideal para a confecção de peças pequenas e médias, como sandálias, cintos e bolsas. Os artesãos também produzem, em menor quantidade, cadeiras, estofados e painéis de decoração. Há uma grande diversidade de produtos ofertados pela cooperativa, visto que cada ateliê de artesanato tem suas especialidades, divididos pelas características do trabalho.

Todo o processo de transformação da pele do animal em couro é feito de maneira artesanal no curtume coletivo e nos pequenos curtumes espalhados pelo distrito da Ribeira. O curtimento é feito com extratos vegetais de angico e acácia, em um processo que leva até 18 dias. Os acabamentos são feitos em fulões artesanais de madeira e também manualmente, como os tratamentos finais em óleo vegetal, para garantir a durabilidade e maciez da peça.

Nos ateliês de confecção dos produtos, que estão espalhados por todo distrito, o processo de modelagem, corte, costura, pintura e cola são feitos manualmente, preservando signos da identidade local, como os desenhos tradicionais de gibão e pespontos grossos, traços da cultura.

A cooperativa é responsável pela venda dos produtos a lojistas e participação em feiras. Também participam de redes de cooperação de Comércio Justo e trocas de saberes com produtores de couro do Nordeste, de Goiás, Rio Grande do Sul e Amazonas.

Bolsas em couro produzidas pelos artesãos da ARTEZA. Crédito: Bruna Dias

Sobre quem cria

Atualmente, a cooperativa conta com 75 cooperados ativos, entre curtidores e artesãos. Desses, 20 são mulheres.

O trabalho com o couro é presente em quase todas as famílias da região e abarca pessoas de diferentes gerações, já que o conhecimento é transmitido na prática, integrado à agricultura, principalmente a cultura do milho.

Também existe na região uma Oficina do Saber, que oferece formação em técnicas de couro aos jovens de 12 a 15 anos que se tornam multiplicadores de trabalho, chegando a montar, posteriormente, seus próprios ateliês.

Artesãos reunidos em frente a uma das oficinas da ARTEZA / Crédito da foto: Bruna Dias

“Como é que no interior da Paraíba, no Cariri, numa cidade em que nem chover chove, o pessoal produz couro que requer muita água?”

Ângelo Mácio Gomes Meira

Sobre o território

Cabaceiras é uma pequena cidade de 5.700 habitantes do Cariri Ocidental, região que engloba os distritos do Brasil com a menor taxa pluviométrica, ou seja, onde menos chove no país. É também conhecida como a “Roliúde Nordestina”, por ser cenário de diversas produções do cinema brasileiro que tem a vida simples na Caatinga como palco de suas narrativas.

Não é à toa que as principais atividades do município estão ligadas à Economia Criativa. Foi justamente pela seca severa que castigou a região nos anos 1990, e inviabilizou as atividades de agricultura e pecuária, que 28 curtidores de couro da região se organizaram para trabalhar em cooperação e produzir artefatos em couro, além dos tradicionais que já eram feitos para proteger o homem do campo na Caatinga, bioma caracterizado por uma vegetação espinhosa.

Atualmente, o distrito da Ribeira, com 1200 habitantes, produz produtos em couro, gerando trabalho e renda para aproximadamente 400 pessoas, inclusive dos distritos e municípios vizinhos. Assim, a atividade evita o êxodo de jovens e promove o desenvolvimento e bem-estar de sua população.

Além da produção artesanal, a cidade também atrai milhares de visitantes por ano, pelo conhecido Lajedo do Pai Mateus, formação rochosa a 30 km da cidade cercada de lendas e histórias. Ainda, a cidade promove a Festa do Bode Rei em junho, que recebe milhares de visitantes em uma semana, reforçando a vocação em promover sua identidade de maneira criativa e rentável.

Legenda da imagem / Crédito da foto: Nome do fotógrafo

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