Associação dos Artesãos Indígenas Kiriri Marcação
“O artesanato em si é parte de nós, né? Nós aqui Kiriri, porque é a nossa vida que está exposta nesses artesanatos, nesses materiais. É um material que utilizamos no nosso cotidiano, é uma forma de conservar nossa cultura, nossas tradições, aqui na nossa comunidade Kiriri.” Adailson Kiriri.
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Sobre as criações
Nas mãos Kiriri, cada fibra conta uma história ancestral. O artesanato não é apenas objeto, mas extensão da própria identidade – é vida que pulsa em cada trama, em cada semente escolhida, em cada pena que dança ao vento. O que nasce das mãos dessa comunidade carrega consigo séculos de sabedoria, transmitida de geração em geração como um rio que nunca seca.

A produção artesanal Kiriri revela-se em suas peças essenciais: a tanga, vestimenta sagrada do cotidiano; os colares que nascem de sementes, ossos e madeiras, cada um contando sua própria história; os adornos femininos feitos de coquinho e penas naturais; os maracás que ecoam cantos ancestrais; cocares que coroam a dignidade; arcos, flechas e apitos que conectam terra e céu. Das fibras do imbé e da licurizeira surgem cestas que guardam não apenas objetos, mas memórias. Das cabaças e do barro modelado à mão emergem vasilhas, jarras e taças que saciam não só a sede, mas alimentam também com sua beleza singular.
Esta produção carrega uma marca inconfundível – é identidade pura, fortalecimento da essência Kiriri que se destaca naturalmente. Quando se caminha pelas feiras, o olhar treinado reconhece imediatamente o trabalho Kiriri, pois há algo de especial na qualidade, no cuidado com o natural, na autenticidade que não se confunde com nenhuma outra. É a prevalência do genuíno, do que nasce da terra e retorna a ela carregado de significado.
Sobre quem cria
Os Kiriri são conhecidos como “povo calado” – não por ausência de voz, mas pela força silenciosa de sua resistência. Habitam o semiárido nordestino há séculos, e sua trajetória é marcada por uma luta constante pela preservação de sua identidade cultural e territorial. Após décadas de ameaças e expulsões que os forçaram a viver em condições adversas, longe de suas terras ancestrais, a comunidade Kiriri conquistou, em 1990, a homologação de seu território através de uma luta que se tornou referência nacional.

A organização social Kiriri é sustentada por uma rede de conhecimentos tradicionais que se expressa tanto na produção artesanal quanto nas práticas cotidianas. Com muita resistência e luta, a comunidade conseguiu não apenas recuperar suas terras, mas também fortalecer seus processos de transmissão cultural.
A Associação dos Artesãos Indígenas Kiriri Marcação representa essa continuidade cultural, sendo um espaço onde as mãos experientes ensinam aos mais jovens os segredos de cada técnica, onde cada peça produzida é um ato de resistência e afirmação identitária. É através do artesanato que os Kiriri mantêm viva a chama de sua ancestralidade, transformando matéria-prima em símbolos de pertencimento e orgulho.
Sobre o território
O território indígena Kiriri localiza-se no norte da Bahia, estendendo-se pelos municípios de Banzaê (95%) e Quijingue (5%), em uma região de clima semiárido que marca a transição entre o agreste e a caatinga. Esta área, conhecida como “boca de caatinga”, apresenta características únicas que moldaram a cultura e os saberes tradicionais do povo Kiriri ao longo dos séculos.

Banzaê, município que abriga a maior parte do território Kiriri, possui uma população de cerca de 12 mil habitantes e densidade demográfica de 29,2 habitantes por quilômetro quadrado. A região caracteriza-se pelo clima semiárido típico do sertão baiano, com períodos de seca que podem ser prolongados a temperaturas elevadas. Esta condição climática, comum ao sertão nordestino, apresenta baixos índices de chuvas e longos períodos secos, com temperaturas que podem alcançar mais de 40º C.
A vegetação predominante é a caatinga, rica em espécies que fornecem matéria-prima para o artesanato Kiriri. É deste ambiente que surgem as fibras, sementes, madeiras e outros materiais naturais que dão vida às criações artesanais. O território representa não apenas um espaço geográfico, mas um universo simbólico onde cada planta, cada elemento natural possui significado cultural profundo, conectando o povo Kiriri à sua ancestralidade e fornecendo os recursos necessários para a manutenção de suas tradições artesanais.

























