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Luana Kadiwéu


Luana Aquino Ferraz, conhecida como Luana Kadiwéu, começou a fazer cerâmica com nove anos. A cerâmica produzida pelas mulheres Kadiwéu é conhecida por seu colorido e por seus grafismos, com volutas, degraus e filigranas combinados em um número surpreendente de desenhos.

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Sobre as criações

A cerâmica produzida pelas mulheres Kadiwéu é conhecida por seu colorido e por seus grafismos, com volutas, degraus e filigranas combinados em um número surpreendente de desenhos.

Os primeiros registros e coletas de cerâmicas Kadiwéu foram feitos na segunda metade do século XIX. Desde então, as peças passaram por transformações significativas. As técnicas empregadas na confecção se mantiveram praticamente inalteradas, mas os materiais utilizados mudaram devido aos deslocamentos forçados até a demarcação da Terra Indígena (TI), em 1981. As peças também deixaram de ser utilitárias e começaram a ser vendidas principalmente como objetos de decoração. A venda de cerâmicas é uma importante fonte de renda para as mulheres Kadiwéu, que chegam a passar dias fora da aldeia com seus filhos, negociando suas peças em municípios vizinhos.

Tradicionalmente, as mulheres coletam o barro em diferentes locais da aldeia. Essa atividade é realizada em grupos, para otimizar o trabalho e garantir a segurança, já que muitas vezes o barreiro fica em lugares perigosos, como barrancos e margens de rios. Depois de limpo, o barro é misturado a um pó de pedra socada para aumentar sua resistência. As peças são modeladas, alisadas e recebem os grafismos quando ainda estão úmidas. Os desenhos são feitos com um cordão feito de caraguatá, uma planta da família das bromélias que fornece fibras utilizadas para fazer fios e cordas. Depois de riscada, a peça seca por alguns dias à sombra e é levada para queimar, em um forno aberto cavado no chão.

Luana sabe que a peça está queimada quando o barro cinza escuro fica vermelhinho e “faz um barulhinho bonito”. As pinturas são feitas com tintas de barros coloridos, coletados na aldeia e em estradas da região. A única exceção é o preto, obtido da resina do pau-santo, uma árvore encontrada no Pantanal.

Sobre quem cria

Luana Aquino Ferraz, conhecida como Luana Kadiwéu, começou a fazer cerâmica com nove anos. Aprendeu com sua avó Mariquinha Pinto, que lhe pedia para prestar atenção em como trabalhava com o barro. Suas primeiras peças foram pratinhos, mas logo dominou técnicas mais complexas de modelagem e de queima.

Com 15 anos, Luana saiu da aldeia Alves de Barros, em Porto Murtinho, e foi morar em Campo Grande com a avó, que precisava passar por um tratamento de saúde. Lá casou e teve filhos. Anos depois, a avó pediu para voltar para a aldeia, pois estava cansada de morar na cidade. Luana voltou para aldeia com seu marido e filhos, mas logo percebeu que ali era muito difícil de conseguir trabalho. Ao notar a dificuldade financeira, sua avó lhe disse que havia chegado o momento de utilizar seus conhecimentos em cerâmica para cuidar de sua família. Luana se sentiu abençoada pela avó Mariquinha e começou a produzir suas peças.

Em 2016, uma turista do Rio de Janeiro visitava a aldeia e perguntou se alguma artesã fazia bonecas, pois só encontrava vasos e potes. A pergunta ecoou em Luana, que decidiu atender ao pedido. Ela foi a primeira mulher de sua aldeia a produzir bonecas, prática que está sendo adotada por outras artesãs Kadiwéu. Desde então, sua situação financeira começou a melhorar.

Luana também faz parte da Associação das Mulheres Artistas Kadiwéu (AMAK), que foi fundada em 2017 com o objetivo de fortalecer e valorizar a produção das ceramistas Kadiwéu.

Sobre o território

Atualmente, Luana reside em Campo Grande. Para produzir as cerâmicas, ela viaja até a aldeia Alves de Barros na Terra Indígena Kadiwéu, que fica a mais 300 quilômetros da capital.

A Terra Indígena Kadiwéu está localizada no município de Porto Murtinho e tem aproximadamente 539 mil hectares. Nela vivem cerca de 3 mil pessoas das etnias Kadiwéu, divididas em seis aldeias. Apesar da demarcação ter sido concluída em 1981, a TI sofre invasões de grileiros, madeireiros e garimpeiros. Com a intensificação das secas e o desmonte de órgãos de preservação ambiental, as queimadas têm se tornado cada vez mais constantes. Em 2021, um grande incêndio destruiu cerca de 48% desse território protegido.

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