Maria Raymunda Otoni
A celebração do Divino Espírito Santo é uma das expressões religiosas mais conhecidas do Brasil. Sua representação mais marcante é a pomba branca, símbolo da paz e da presença divina geralmente envolta por raios dourados. É nesse universo simbólico que Maria Raymunda dedica seu trabalho.
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Sobre as criações
A celebração do Divino Espírito Santo é uma herança cultural de origem portuguesa que se consolidou como uma das expressões religiosas mais conhecidas do Brasil. Sua representação mais marcante é a pomba branca, símbolo da paz e da presença divina, geralmente envolta por raios dourados que remetem à luz celestial. Ao longo dos séculos, essa imagem passou a ocupar tanto os altares das igrejas quanto os lares, em pequenas esculturas e enfeites usados nas festas do Divino, especialmente em Minas Gerais e no interior do Brasil.
É nesse universo simbólico que Maria Raymunda dedica seu trabalho. Suas criações incluem resplendores, corações com o Divino, pratinhos, terços, presépios e crucifixos — peças sempre inspiradas na figura da pomba branca em diferentes formas. O processo é minucioso: a madeira clara, como o cedro ou o amendoim-do-campo, é talhada com facão e enxó até atingir a espessura ideal. Em seguida, cortes delicados de canivete moldam o corpo da ave. As asas e a cauda são esculpidas à parte e, depois, as penas ganham forma a partir de pequenas lascas de madeira coladas uma a uma, num trabalho paciente que dá volume ao Divino. Por fim, a peça é lixada e selada, revelando a leveza e o brilho natural do material. Assim, cada escultura preserva uma tradição secular carregando, ao mesmo tempo, a marca singular da artesã.


Sobre quem cria
Antes de se dedicar ao entalhe em madeira, Maria Raymunda Otoni trabalhou com os tapetes Arraiolo, técnica de tapeçaria de origem portuguesa que utiliza pontos bordados sobre tela para compor desenhos geométricos ou florais. Esse ofício, aprendido com uma amiga, foi fundamental em sua vida durante muitos anos, permitindo o sustento de sua família. Tal conhecimento chegou a ser repassado por ela em oficinas ministradas na cidade de Presidente Kubitschek, Minas Gerais. Mais tarde, Maria participou de um curso de entalhe do Divino promovido pela prefeitura de Datas, sua cidade, e ali encontrou sua verdadeira vocação. Desde então, há mais de 10 anos, trilha de forma independente seu caminho como artesã da madeira, conquistando reconhecimento pela criatividade e pela capacidade de inovar nos formatos e nas peças. Para ela, o artesanato é mais do que fonte de renda: é lugar de orgulho, realização e encontro. Uma de suas experiências mais marcantes foi sua primeira feira, em Natal, onde além de vender suas peças, criou amizades que mantém até hoje. Atualmente, Maria sonha em transmitir seus saberes a novos aprendizes, fortalecendo a tradição em sua comunidade.

Sobre o território
Datas é um município em Minas Gerais de pouco mais de 5 mil habitantes, localizado a cerca de 35 km de Diamantina, no circuito histórico da Estrada Real. ASua principal manifestação cultural é a Festa do Divino Espírito Santo, celebrada em junho, que reúne novenas, cortejos e barraquinhas e mobiliza toda a comunidade.
A cidade pertence ao Vale do Jequitinhonha, região conhecida tanto pelos desafios socioeconômicos quanto pela grande riqueza cultural e natural. Formado por cerca de 55 municípios que ocupam 14% do território mineiro, o Vale é composto em grande parte por comunidades rurais que mantêm saberes artesanais, festas populares e expressões religiosas vivas. Sua paisagem combina serras, chapadas, rios e relevo montanhoso — elementos que moldam o cotidiano e também alimentam o imaginário local. Reconhecido como um dos polos mais importantes de produção artesanal do Brasil, o Vale se destaca pela cerâmica, pelos bordados, tecelagens, entalhes em madeira e esculturas em pedra-sabão, técnicas que se ligam à herança indígena, africana e portuguesa.






















