A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Família da Mestra Luiza dos Tatus


Com o barro colhido nas margens do rio Ipojuca, a família da Mestra Luiza dos Tatus dá continuidade ao trabalho iniciado pela matriarca, modelando animais que encontram na comunidade onde vivem, e outros de terras mais distantes, como iguanas, tartarugas e girafas.

Mostrar contatos

AbrirFechar

Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Telefone (81) 98219-2002
Contato Carol (filha de Luiza)
Sítio Rodrigues, CEP 55168-000, Belo Jardim – PE

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

Com o barro colhido nas margens do rio Ipojuca, a família da Mestra Luiza dos Tatus modela animais que encontram na comunidade onde vivem, e outros de terras mais distantes, como iguanas, tartarugas e girafas. Os tatus, que lhes dão o nome, tem um charme especial: as carapaças são removíveis e permitem ver o bichinho em toda a sua nudez.

Além das esculturas de animais, Luiza também faz peças utilitárias, como panelas, potes e vasos. Às vezes, os animais e as louças se misturam e uma travessa ganha feições de galinha ou de peixe e um tatu vira vaso para plantas.

Depois de modeladas, as peças secam à sombra e recebem desenhos, muitas vezes geométricos, coloridos com argilas como o caulim e os toás. São, por fim, queimadas em forno a lenha por cerca de quatro horas.

Foto de divulgação Artesol

Sobre quem cria

Luiza Maria da Silva era filha e neta de louceiras. Não teve infância porque precisou trabalhar muito nova na roça. Com nove anos já fazia panelas de barro, ofício que aprendeu com sua tia Dite. As panelas eram comercializadas por sua mãe na feira da cidade e cada uma era vendida por um ou dois reais.

Crédito da foto: Helena Kussik

Entre 2006 e 2009, a artista plástica Ana Veloso atuou em Belo Jardim e em outras cidades do agreste pernambucano por meio do projeto Estado da Arte, com o objetivo revitalizar a produção artesanal e estimular sua visibilidade. Foi nessa ocasião que Ana Veloso viu, entre as peças modeladas por Luiza, os mais belos tatus do mundo, dando-lhe, assim, a alcunha de Luiza dos Tatus.

Quando participou da Fenearte pela primeira vez, em 2011, diz ter vivido finalmente sua infância. Largou o estande com suas amigas e saiu pelos corredores da feira para conversar com todo mundo. Foi também a primeira vez que viu suas peças serem vendidas por tanto dinheiro que até ficou tonta.

Com o seu trabalho, sempre feito com muito amor, ajudou familiares e outras pessoas de sua comunidade, onde era uma figura de referência. Por todo seu conhecimento e sua trajetória, Luiza dos Tatus foi reconhecida pelo PAB como mestra do artesanato brasileiro e faleceu em novembro de 2023.

Toda sua família trabalha com a produção cerâmica: João José, seu marido e suas duas filhas, Carol e Maria da Conceição. Eles hoje dão continuidade à obra da Mestra, refazendo seus tatus, os bichos, as louças e outras peças decorativas.  

Sobre o território

O povoado de Sítio Rodrigues pertence ao distrito Água Fria, zona rural do município de Belo Jardim, no agreste pernambucano. Localizado próximo ao rio Ipojuca, possui uma forte tradição paneleira que vem se renovando desde 2006.

Crédito da foto: Helena Kussik

Belo Jardim tem o título de “terra dos músicos”, devido à forte presença de bandas criadas no século XIX, antes mesmo da proclamação da República. Também é sede de várias empresas com relevância nacional e possui grande vocação turística com suas paisagens, rios e cachoeiras.

O município sedia importantes festividades religiosas e populares. Durante seis dias do mês de julho, a cidade realiza a tradicional Festa Marocas, que conta com ciranda, coco de roda, encontro de sanfoneiros, xaxado e cantores famosos, atraindo moradores de munícipios vizinhos. Essa festa foi reconhecida como patrimônio imaterial de Pernambuco pelo governo do estado.

Crédito da foto: Helena Kussik

Membros relacionados