Mestre Nicola
Influenciado pelo estilo barroco pernambucano, Jaime Nicola de Oliveira, mais conhecido como Mestre Nicola, transformando matéria prima bruta em obra de arte, Nicola é autor de uma obra escultórica sacra singular, preenchida predominantemente por anjos, santos e cabeças.
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Sobre as criações
A trajetória percorrida por Mestre Nicola confirmou seu chamado para a Arte Sacra. O escultor autodidata, conhecido como “fazedor de anjos” considera-se, modestamente, um operário da arte: “Trabalho igual a qualquer pessoa. Tenho horário para começar de manhã cedo e trabalho até às 17h”. Influenciado pelo estilo barroco pernambucano, transformando matéria prima bruta em obra de arte, Nicola é autor de uma obra escultórica sacra singular, preenchida predominantemente por anjos, santos e cabeças – em referência criativa aos ex-votos (objetos ofertados aos santos pelos fiéis pelas graças alcançadas). Sua obra mais emblemática é um Profeta.
Imprime em seu trabalho marcas de apuro estético e domínio técnico nas mais diversas matérias-primas: madeira, pedra calcária, granito, pedra sabão, concreto e marfim:
“Busca todo tipo de material que possa trabalhar desde que tenha ferramenta que corte. Gosta de fazer essas pesquisas, para ter alternativa. A madeira é impressionante, nobre né, tem nuances e densidades diferentes, e possibilita diferentes expressões”.
Sobre quem cria
Desde muito pequeno, Jaime Nicola de Oliveira, tinha clareza que queria ser artista. Por volta dos 7 anos teve os primeiros contatos com a arte observando um vizinho que fazia utilitários entalhados de forma rudimentar. Muda-se para o Recife. Na adolescência começa a trilhar o caminho que o levaria a ser um escultor consagrado. Aos 12 anos, já entalhava na madeira desenhos reproduzidos dos livros escolares e arriscava algumas vendas: “Não entendia a necessidade de comprar uma calça Lee que todo mundo usava. Eu comprava madeira para trabalhar”. Aos 17 tomou a decisão de se dedicar exclusivamente à arte. Tornou-se escultor.
Ao longo das últimas quatro décadas, Nicola explorou várias temáticas. Transitou pelo regional (pescadores, cortadores de cana e vaquejadas), mas foi no barroco, notadamente na arte barroca mineira (e especialmente na obra de Aleijadinho, fonte inesgotável de inspiração e admiração), onde encontrou sua mais forte influência. Possivelmente reforçada pelo fato de ser de uma família católica apostólica romana praticante: “Mas eu não sou católico. Não digo que sou ateu”. A dramaticidade e exuberância que marcaram a escola barroca nos anos 1970, motivaram as buscas do jovem escultor. Sua carreira fluiu organicamente, à base de pesquisas, visitas a museus e igrejas com uma observação atenta aos movimentos dos mantos e expressões dos rostos, tentando reproduzi-los.
Lida com madeira (hoje a jaqueira e a sucupira) e descobriu a pedra calcária casualmente durante uma viagem à praia de Ponta de Pedras (Goiana) em 1990, ao se deparar com seu descarte.
“Comecei a trabalhar com ela pela dificuldade de se encontrar madeira porque na época o Ibama tinha intensificado a fiscalização. É bem mais fácil esculpir na pedra, que não tem os nós e as fibras da madeira, aproveitando bem seu desenho natural”.
Sempre viu na arte uma forma de expressão. Trabalhadas em escala surpreendente – desde miniaturas com 1 ou 2 cm até peças com um metro de altura – suas criações integram acervos de museus e coleções particulares em todo o mundo. Com tantas influências somadas ao traço Pernambuco, Nicola se consagrou como um dos mais importantes representantes da nossa escultura popular.
Em 1981 integrou a exposição de Janete Costa no Rio de Janeiro “A Arte do Casual – artesania e criatividade do nordeste”, também o livro Nova Fase da Lua – escultores populares de Pernambuco de Flávia Martins, Rogério Luz e Pedro Belchior e o fotógrafo Francisco Moreira da Costa, que reúne fotos e depoimentos de 85 escultores de 13 municípios pernambucanos e tem obras expostas em vários edifícios públicos e particulares.
Artista premiado, já participou de inúmeros eventos de arte nacionais e internacionais, como a 1ª Bienal de Artesanato do Nordeste, e mais recentemente, a Casa Cor. Integrou a missão brasileira que representou o Brasil na Feira Internacional da Organização da Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça e expôs em países como Alemanha e Portugal. Suas peças compõem parte das exportações de bens culturais pernambucanas para os Estados Unidos e a Europa. Integra, desde 2010, a galeria dos mestres-artesãos da Fenearte, com título reconhecido pelo governo do estado de Pernambuco. Coleciona prêmios e menções honrosas, incluindo homenagem da Universidade Católica de Pernambuco.
Em 2014, no aniversário dos 426 anos de Jaboatão dos Guararapes, foi condecorado com o titulo de Cidadão Jaboatonense. Através da curadoria de Marco Aurélio Pulchério compôs a galeria de arte popular da telenovela A Lei do Amor da Rede Globo em 2016 e teve sua história documentada na série Invenções da Alma – arte popular brasileira da Plural Filmes, criado por Ana Cano Milman, Lenora Lohrisch e Emerson Araújo, com 26 episódios em uma coprodução com o Canal Arte 1.
Dono de apuro técnico e grande sensibilidade artística, seus anjos e esculturas são uma unanimidade. Espalharam-se pelo Brasil e pelo mundo e pedidos não param de chegar.
Sobre o território
Jaime Nicola de Oliveira é nascido no município de Quipapá, Zona da Mata, em 1959. Mudou-se para o Recife em 1966, para o bairro do Barro mas sempre quis morar próximo a praia. Já adulto, vendeu uma casa que morava no bairro do Jordão, mudou-se para Piedade e, mais tarde, Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana, no bairro de Jangada, onde mora e trabalha atualmente.
Sua casa é um santuário de arte barroca, com fotografias espalhadas por todo lado com sua história de vida. Um templo em homenagem ao sagrado, de devoção e amor ao Cristianismo. Artista consagrado, preserva a intenção de dar continuidade ao trabalho de escultores sacros de Pernambuco: “Eram todos santeiros populares. Não faziam como hoje, que é um meio de vida e com dificuldade de emprego muita gente se transforma em artista”.
Nicola saiu de Quipapá pequeno mas guarda as memórias da chegada ao Recife. Pensava olhando as igrejas: “Como é que alguém pode fazer isso?”