A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Paneleiras de Goiabeiras


A associação das Paneleiras de Goiabeiras, que conta hoje com mais de 60 associadas, foi fundada no ano de 1987. Mantém viva uma tradição antiga reconhecida pelo Iphan como patrimônio imaterial.

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Telefone (27) 99899-1055
Contato Berenice Nascimento
Rua das Paneleiras, 55 – Goiabeiras , CEP 29075-053, Vitória – ES

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

“Todo capixaba tem
Um pouco de beija flor no bico

Uma panela de barro no peito
Uma orquídea no gesto
Um cafezinho no jeito
Um trocadilho na brincadeira

Um congo no andar
Um jogo de cintura
Um chá de cidreira
Uma moqueca perfeita
E uma rede no olhar.”

ELISA LUCINDA
Foto de divulgação Artesol

Fotos de divulgação Artesol

Ofício antigo, de referida origem indígena, é o que recontam os estudos arqueológicos realizados na região de Goiabeiras, bairro do município de Vitória, Espírito Santo. Mesmo após a intensa urbanização, o local mantém a tradição de fazer do barro panelas. São daí as reconhecidas paneleiras, que aprenderam a técnica geracional com suas mães, que depois avós e bisavós.

Para começar, o barro é retirado do Vale do Mulembá. As panelas dispensam o torno e o forno; modeladas à mão, a queima é realizada em fogueiras a céu aberto. O tanino utilizado na queima é proveniente da casca do mangue-vermelho, árvore encontrada no manguezal vizinho, que colore de negro o barro e garante a resistência, uma das características mais valorizadas das panelas capixabas.

O ofício das Paneleiras de Goiabeiras, é reconhecido como patrimônio imaterial pelo Iphan. Segundo as artesãs, esse status garante a salvaguarda da técnica, uma vez que a legitima junto à órgãos públicos responsáveis.

Sobre quem cria

Foto de divulgação Artesol

A associação das Paneleiras de Goiabeiras, que conta hoje com mais de 60 associadas, foi fundada no ano de 1987 e garante a organização do espaço do Galpão e divisão das funções na fabricação das panelas. Porém, o ofício data de muito antes, sendo proveniente de uma produção essencialmente feminina e doméstica.

Hoje é comum dividir a produção entre quatro trabalhadores: o escolhedor de barro, paneleira, alisadora e tirador de panela, que cumprem em cada etapa da produção suas devidas atividades. O escolhedor de barro faz a limpeza e deixa o barro pronto para modelagem, realizada pelas paneleiras. A alisadora, por sua vez, é responsável por alisar a panela depois de seca utilizando uma pedra chamada seixo rolado, o que dá brilho à peça e a prepara para a queima. Após a queima é realizado o açoite, quando o tanino do mangue-vermelho é aplicando com a vassourinha de muxinga sobre a peça ainda em brasa.

Sobre o território

Crédito da foto: Sofia Oliveira

Goiabeiras Velha é um bairro do Município de Vitória – ES. Localizado à beira do canal que banha o manguezal e circunda a ilha, conservou em seu território o saber tradicional da olaria e do manejo sustentável do mangue.

A inauguração do Galpão da Associação à beira do manguezal, no início dos anos 90, foi um  marco para as paneleiras. Ainda que não abrigue todos os associados, o local, além de ser ponto de encontro, produção e queima, é uma importante vitrine para os turistas que visitam e desejam compras as panelas.

A relação com o ambiente circundante é o que mantém viva e ativa a tradição das paneleiras. É preciso conhecer o terreno, saber de onde extrair o barro, reconhecer o mangue-vermelho. A técnica de mais de quatro séculos exige dos habitantes atuais atenção e cuidado pois, segundo estudos de especialistas, o barro pode se acabar em poucas décadas se o manejo não for equilibrado ou se novas fontes não forem encontradas.

Paneleiras de Goiabeiras / Foto: Acervo pessoal Carlos Barbosa dos Santos

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