Wanzeej Pakup Pit
“Cada peça é moldada com a matéria-prima sagrada do território, respeitando os ciclos da natureza e honrando os ensinamentos das anciãs que, com paciência infinita, transmitiram os segredos de cada técnica.”
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Sobre as criações
Desde o ventre das mulheres Cinta Larga, a arte ganha vida como semente que brota da terra sagrada. Cada fio trançado, cada semente perfurada, cada grafismo carrega consigo a sabedoria ancestral que passou de ventre em ventre, de mãe para filha, através das gerações. O artesanato não é apenas objeto – é identidade que viva, é resistência que se reinventa a cada gesto criativo.
Seus trabalhos nascem da generosidade da floresta: cestos de fibra que guardam histórias, colares de tucumã que enfeitam pescoços e corações, brincos que dançam como folhas ao vento, panelas de barro que alimentam famílias inteiras. Cada peça é moldada com a matéria-prima sagrada do território, respeitando os ciclos da natureza e honrando os ensinamentos das anciãs que, com paciência infinita, transmitiram os segredos de cada técnica.

O mais precioso de todos os materiais é a chicaba, semente especial que vem das expedições ao Mato Grosso. Como pequenos ouriços de castanha, essas sementes guardam em seu interior bolinhas negras que, uma vez trabalhadas com dedicação – quebradas, furadas, cortadas e lixadas – transformam-se em colares de rara beleza. Cada grafismo desenhado – borboletas, tatus, peixes, estrelas – não é apenas decoração, mas linguagem ancestral que conecta as artesãs ao cosmos, aos animais e aos espíritos que habitam sua cosmovisão.
Desde 2021, quando se uniram sob o nome Wanzeej Pakup Pit – que significa “mulheres fortes, mulheres guerreiras” – estas artesãs descobriram na criação coletiva uma forma de fortalecer sua voz e garantir sua autonomia. Elas tecem uma rede de apoio que transcende territórios, unindo saberes e fortalecendo a presença feminina em suas comunidades.
Sobre quem cria
O povo Cinta Larga habita há gerações as terras que se estendem entre Rondônia e Mato Grosso, guardiões de uma cultura rica que resiste ao tempo como árvore centenária. Suas mulheres, verdadeiras mestras da transformação, carregam em suas mãos o dom de dar forma à beleza, habilidade que não se ensina em cursos, mas que floresce naturalmente como talento divino em cada uma que nasce com essa vocação.

Organizadas em aldeias que se comunicam através de laços invisíveis de parentesco e tradição, as mulheres Cinta Larga encontraram na arte uma forma de manter viva sua identidade cultural. Elas não trabalham sozinhas – seus companheiros também dominam técnicas refinadas, como a confecção de flechas ornamentadas com pelos e penas de animais, criando uma complementaridade que fortalece toda a comunidade.
Mais do que artesãs, elas são guardiãs de memórias, professoras que ensinam através do exemplo, líderes que abrem caminhos para as novas gerações. Cada peça que criam é um ato de resistência política e cultural, uma declaração de que suas tradições continuarão vivas enquanto suas mãos souberem transformar os dons da natureza em arte que alimenta a alma.
Sobre o território
A Terra Indígena Roosevelt localiza-se no município de Espigão D’Oeste, em Rondônia, e abriga uma significativa população do povo Cinta Larga. A região apresenta características típicas do clima tropical com duas estações bem definidas: a seca (maio a setembro) e a chuvosa (outubro a abril), que determinam os períodos de coleta das matérias-primas utilizadas no artesanato.
Espigão D’Oeste é um município do interior de Rondônia que fica no leste do estado, fazendo divisa com o Mato Grosso. A cidade está a cerca de 542 quilômetros de Porto Velho, a capital do estado. O município tem uma área grande, com mais de 4.500 quilômetros quadrados, e seu relevo é variado – na área urbana o terreno é mais plano, enquanto na zona rural há morros e serras. A região faz parte da Amazônia, o que explica a riqueza natural do território.

O território oferece variedade de materiais para o artesanato: fibras de palmeiras, sementes diversas, diferentes tipos de barro e plantas para tintas naturais. Entretanto, a pressão do desmatamento e da expansão de atividades agropecuárias tem dificultado o acesso a alguns materiais, como a fibra utilizada na confecção de cordas e acessórios. Isso obriga as artesãs a buscarem matérias-primas em locais mais distantes, incluindo expedições ao Mato Grosso para coletar a xicaba, material considerado fundamental para a produção dos colares tradicionais.


















