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Sobre as criações
As artesãs e artesãos da Associação de Artesãos Unidos para Vencer (AAUV) trabalham com duas principais técnicas, o trançado com cipó e a produção cerâmica. Ambas conhecidas na comunidade há muitas gerações e dominadas por algumas mestras artesãs como dona Maria Graciete e Dona Célia, que repassam o conhecimento a outros membros interessados.
A produção cerâmica é bastante focada na fabricação de louças, como pratos, xícaras, panelas e assadeiras. O processo se inicia com a coleta do barro em jazidas da região, que é pilado e peneirado. Ao pó é somada a cinza do caripé (Licania floribunda) e água até formar uma massa homogênea que está pronta para ser trabalhada. Após modeladas, as peças secam ao sol e são queimadas em um forno a lenha. Em algumas peças, ainda quentes, é aplicada uma resina vegetal que confere um acabamento com aparência vitrificada.
Com cipó ambé (ou ambé-açu), titica (Heteropsis aff. spruceana Schott) e arumã (Ischnosiphon spp.) são produzidos cestos, fruteiras, bolsas e porta jóias. São colhidos na mata, riscados, cozidos e preparados para o trançado. Algumas peças podem ser tingidas com plantas da fauna local, como o carajiru, que confere às fibras um tom avermelhado.
Sobre quem cria
A história do grupo composto hoje por 13 artesãs e artesãos iniciou com a Associação Laços de Amor. Porém, com o passar do tempo a Laços de Amor teve sua estrutura fragilizada e acabou encerrando as atividades. Mas a união do grupo não encerrou-se com isso, seguiram juntos e passaram a ter o apoio da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Com a nova configuração, precisavam encontrar outro nome, e nada pareceu mais apropriado que Unidos para Vencer.
Com essa parceria fortaleceram o trabalho em trançado e cerâmica, através de oficinas voltadas à gestão, produção e comercialização.
Hoje o grupo conta com o apoio do projeto Aliança Guaraná Maués, uma proposta da Ambev em parceria com a USAID, CIAT e IDESAM. A iniciativa busca não só a valorização biocultural da região, como também a melhoria na qualidade de vida da população mauesense, interagindo e construindo junto com os diversos atores locais.
Sobre o território
Maués, no estado do Amazonas, era inicialmente habitada pelos povos Munduruku e Mawé, que ocupavam uma vasta região denominada de Mundurucânia (que significa País dos Guerreiros Mundurucus). Esta região compreendia a extensão territorial dos rios Madeira, Tapajós e Amazonas. Dista 267 km em linha reta da capital Manaus, aproximadamente 45min via aérea e 356 km via transporte fluvial.
A cidade é conhecida nacional e internacionalmente por sua produção de guaraná e através da Aliança Guaraná Maués vem construindo uma estrutura de produção e comercialização sustentável. Isso se dá na interação entre os aspectos sociais, ambientais e econômicos, atrelados à identidade cultural local.
Os artesãos da AAUV vivem na comunidade ribeirinha Menino Deus. Situada no pólo I do município de Maués/AM, no Lago do Limão Grande do Rio Maués-Açu, rio que banha a sede de Maués e por isso é o principal canal de acesso ao município. Foi fundada em 1970 pelo Sr. Manoel Leite Batista. Ficou conhecida por esse nome por conta de seus famosos festejos de final de ano, entre natal e ano novo, período em que comemora-se o nascimento de Jesus, ou do Menino Deus.