A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

ACMC – Associação Comunitária das Mulheres de Curralinho


Há muitas gerações que as mulheres da comunidade de Curralinho criam com a palha da carnaúba, espécie de palmeira abundante da região, da qual tudo se aproveita tudo – tronco, caule, fruto e folhas.

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Sobre as criações

Foto de divulgação Artesol

Há muitas gerações que as mulheres da comunidade de Curralinho criam com a palha da carnaúba, espécie de palmeira abundante da região, da qual tudo se aproveita – tronco, caule, fruto e folhas. As técnicas de beneficiamento da fibra e trançado de suas palhas são ancestrais; memória dos antepassados é passada de geração em geração através da prática, do gesto, da palavra. 

A matéria prima utilizada é retirada do olho da carnaúba, parte central da folhagem, com uma taboca de 9 metros de altura, esse corte acontece de julho a dezembro e a palha pode ser armazenada por até 1 ano. Sem o talo, as folhas são postas ao sol para secar por quatro dias e envoltas em pano úmido para manterem-se maleáveis. A fibra pode ser tingida com anilina das mais diversas cores, depois disso é riscada, ou seja, cortada e preparada para o trançado. 

A combinação do número variado de tiras cria diferentes texturas na confecção e a atualização das formas é constante. Peças decorativas, utilitárias e acessórios ganham tamanhos e usos diferentes de acordo com as demandas do mercado. Assim surgem cestos, bolsas, carteiras, chapéus e o que mais a criatividade mandar.

Sobre quem cria

Foto de divulgação Artesol

A Associação Comunitária das Mulheres de Curralinhos (ACMC) foi fundada em 2004 com o objetivo de construir uma capela na comunidade. Passados alguns anos, com mudanças nos cargos de diretoria, o foco da Associação ampliou-se para a valorização sociocultural e geração de renda através do artesanato. 

Em 2014 tiveram a primeira capacitação em parceria com o Centro de Artesanato do Ceará (CEART) para desenvolverem uma coleção, agregando valor ao trabalho tradicional muito utilizado na confecção de chapéus. Além disso, essa parceria alavancou o potencial do grupo com parcerias em feiras, oficinas, desenvolvimento de coleções e comercialização. 

No início, as mulheres reuniam-se em um galpão alugado, onde recebiam as encomendas e organizavam a produção. Em 2015 passaram para um casarão antigo, que pouco tempo depois precisou ser desocupado. Foi aí que surgiu a oportunidade de conseguirem uma sede própria com o Fundo Socioambiental Casa apoiado pela Caixa Econômica Federal. 

O projeto contemplado entre os 5 melhores do Brasil começou a ser executado em maio de 2016. Além de apoio para compra de maquinário e matéria prima, construíram a sede própria, inaugurada em novembro do mesmo ano. A sede conta com um espaço para reuniões e trabalho, loja física e uma brinquedoteca, que garante que os filhos e as filhas das mães artesãs estejam mais próximos e as mulheres possam trabalhar com mais tranquilidade.

Desde então, muitas outras oportunidades surgiram. O grupo passou a receber muitos visitantes interessados na experiência das artesãs, conseguiram parceria com a Empresa Ypióca, captaram um recurso para ampliação e aquisição de equipamentos pelo Projeto São José III, do governo do estado do Ceará. 

Sobre o território

Foto de divulgação Artesol

A Comunidade de Curralinho fica localizada a 4km da sede do município de Morrinhos, a 208 km ao norte da capital Fortaleza. Às margens do Rio Aracati, as 158 famílias que reúnem em seus núcleos cerca de 627 pessoas. Aos pés da Serra do Mucuripe, a gruta de São Miguel Arcanjo e os balneários do rios são os principais atrativos turísticos do município. 

As principais fontes de renda do local são a agricultura familiar, manejo sustentável da carnaúba e o artesanato. A organização comunitária das mulheres e jovens é o coração da comunidade. Além do Centro de Artesanato, promovem oficinas, ações sócio-ambientais, como reciclagem e os quintais produtivos, além de outras ações voluntárias voltadas ao desenvolvimento local. 

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