Arte Interaldeias
O artesanato faz parte do nhandereko, o modo de ser e viver dos Guarani Mbya e Tupi. As produções articulam uma gama de saberes e práticas tradicionais na sua relação com a terra, a fértil Mata Atlântica, com as suas comunidades e com o que herdaram dos antigos.
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Sobre as criações
O artesanato faz parte do nhandereko, o modo de ser e viver dos Guarani Mbya e Tupi. As produções articulam uma gama de saberes e práticas tradicionais na sua relação com a terra, a fértil Mata Atlântica, com as suas comunidades e com o que herdaram dos antigos. De certa forma, o artesanato dá forma a um conjunto de saberes e práticas de um povo que soube resistir e florescer, transformando sementes, madeira, penas e miçangas em objetos de singular beleza. Os bichinhos de madeira esculpidos com paciência a partir da Cacheta, as cestas de taquara trançadas com precisão, os colares de sementes coletadas nas trilhas sagradas – tudo isso é mais que artesanato, é a materialização de uma cultura viva que se reinventa a cada dia.


As mãos Guarani Mbya e Tupi criam diversos instrumentos, já que a música é parte fundamental do modo de vida desses povos: os chocalhos são feitos de cabaça ou taquara, o pau de chuva, produzidos com madeira ou trançados com fibras e preenchidos com sementes, a rabeca guarani, a rave’i, é feita em caixeta ou outras madeiras, os tambores angu’apu são produzidos com madeira e peles de animais caçados. Os instrumentos acompanham os cantos e danças em rituais específicos ou cotidianos.
Cada arco e flecha esculpido, cada zarabatana modelada, cada apito entalhado, as pulseiras de miçanga, os brincos de pena, os chaveiros em miniatura são pequenos universos onde tomam forma os modos de ser e viver dos Guarani Mbya e Tupi, para quem a produção artesanal é um ato de amor e resistência.
Essa arte não é apenas fonte de renda, mas ponte entre mundos – o mundo dos saberes tradicionais e o mundo contemporâneo que ainda tem muito a aprender com os Guaranis. Na casa de artesanato na Aldeia Kalipety, na Terra Indígena Tenondé Porã, cada peça exposta conta uma história, cada objeto é um verso na grande poesia da sobrevivência das comunidades. O artesanato se torna, assim, a linguagem através da qual eles dialogam com o mundo, mostrando que sua cultura não é relíquia do passado, mas força viva que pulsa e se renova a cada nova criação.
Sobre quem cria
O Arte Interaldeias congrega mais de 25 aldeias Guaranis do estado de São Paulo. São guardiões de uma sabedoria que quase se perdeu, mas que renasceu forte com a reconquista do território. Durante muito tempo, as mãos que sabiam esculpir, trançar e moldar ficaram ociosas, não por falta de vontade, mas por falta de espaço onde pudessem trabalhar e por dificuldade de acesso às suas principais matérias primas. A retomada das terras trouxe de volta não apenas o lugar para plantar milho e mandioca, mas também o espaço simbólico onde a criatividade ancestral pôde brotar novamente, como semente que esperava pacientemente a estação propícia para germinar.

Cada artesão carrega em si uma biblioteca viva de técnicas e significados, conhecimentos que passam de avô e avós para netos e netas numa corrente ininterrupta de aprendizado e amor. Não são apenas pessoas que fazem objetos bonitos – contam suas histórias através de gestos, mestres que ensinam através do exemplo. Quando um ou uma jovem Guarani aprende a esculpir seu primeiro bichinho de madeira ou a trançar seu primeiro cesto, está recebendo muito mais que uma técnica: está sendo iniciado nos princípios de sua própria identidade.
Os artesanatos Guarani Mbya e Tupi são, assim, atos de resistência cultural profunda, uma forma de dizer ao mundo que esses povos permanecem vivos e criativos, que sua cultura não é museu, mas que permanece viva e em constante transformação. Cada peça criada é uma pequena vitória contra o esquecimento, cada oficina onde se ensina a tradição é uma escola onde se forma o futuro. Os artesãos Guaranis Mbya e Tupis são, portanto, mais que criadores de objetos: são arquitetos da própria continuidade cultural de seu povo.
Sobre o território
O Arte Interaldeias contempla mais de 25 aldeias dos povos Guarani Mbya e Tupi Guarani, distribuídas nas Terras Indígenas Tenondé Porã, Aguapeú, Rio Branco, Itaóca, Tekoa Mirim, que estão localizadas nos municípios de São Paulo, São Bernardo do Campo, Praia Grande, São Vicente, Mongaguá e Itanhaém. Juntos, esses territórios formam o Mosaico das Terras Guaranis e Tupis na Serra do Mar.
A Casa de Artesanato se encontra na Aldeia Kalipety, na Terra Indígena Tenondé Porã, que significa “futuro melhor” em guarani, uma escolha que revela a esperança e a visão de mundo deste povo que soube transformar a luta pela terra em renovação cultural.

Localizada nos distritos de Parelheiros e Marsilac, na zona sul de São Paulo, a TI Tenondé Porã possui trechos em sobreposição com duas unidades de conservação: a Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos e o Parque Estadual da Serra do Mar. Essa localização privilegiada permite que os Guarani vivam em harmonia com a Mata Atlântica preservada, onde ainda é possível encontrar as matérias-primas tradicionais para o artesanato: a taquara para os cestos, as sementes para os colares, as madeiras, como a caxeta, para os instrumentos musicais. O território foi declarado como posse permanente dos Guarani em 2016, após décadas de luta pelo reconhecimento de seus direitos.
O clima da região, típico do planalto paulista, com suas estações bem definidas e chuvas concentradas no verão, cria um ambiente propício tanto para as roças tradicionais quanto para a coleta sazonal das matérias-primas usadas no artesanato. A Terra Indígena Tenondé Porã é a maior do estado de São Paulo, e sua importância vai além dos números: representa um território onde a cultura Guarani encontrou espaço para se expressar plenamente, onde as crianças podem crescer ouvindo os cantos tradicionais e aprendendo com as mãos dos mais velhos os segredos de uma arte que é, ao mesmo tempo, antiga e sempre nova.






































