Povo Indígena Guarani Mbya
Ajaka para, como são chamados balaios com grafismos na língua Guarani Mbya, são objetos de uso cotidiano que além de armazenar alimentos, carregam em sua trama o conhecimento ancestral do povo Guarani, que habita a região da Mata Atlântica meridional em aldeias desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul.
Mostrar contatos
AbrirFechar
Sobre as criações
![](https://redeartesol.org.br/wp-content/uploads/2023/06/PI-Guarani-cestos-2-conjunto-taquarinha-e-cipo-imbe1.jpg)
Ajaka para, como são chamados balaios com grafismos na língua Guarani Mbya, são objetos de uso cotidiano que além de armazenar alimentos, carregam em sua trama o conhecimento ancestral do povo Guarani, que habita a região da Mata Atlântica meridional em aldeias desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul.
A confecção dos ajaka para costuma ser conferida às mulheres e segue um longo e intrincado processo que vai desde a escolha e colheita da matéria prima, passando por seu preparo, trançado e acabamento.
A colheita da taquara, realizada na lua minguante somente em dois períodos do ano, é geralmente realizada pelos homens. No mesmo dia da colheita é preciso raspar a primeira pele da planta com uma faca bem afiada. Assim, retira-se assim a camada verde intensa revelando o tom amadeirado da taquara. Após a raspagem, a haste é feita em finas tiras que, para manter a qualidade da peça, devem ter tamanhos muito semelhantes. O tom escuro que contrasta revelando os padrões da trama é decorrente do cipó imbé, do qual se utilizam as raízes aéreas para o trançado. Para sua preparação é preciso deixar de dois a três dias de molho, depois raspar a casca assim como se faz com o bambu e por fim cortar as tiras com tesoura. O processo de trançado é iniciado logo após esse preparo, pois só é possível com a maleabilidade das tiras.
Os desenhos geométricos, chamados de para transmitem a relação com a natureza e o sagrado. Baseados no contraste entre o claro da taquara e o escuro do cipó imbé, derivam de dois tipos básicos: ipara rytxy confeccionado em fileira ou linha reta e ipara pirárãinhykã feito em diagonal. Com isso, as variações de desenhos são inúmeras, dependendo do tipo, tamanho e uso dos cestos trançados.
Na última década, as técnicas e saberes ancestrais, como a confecção dos ajaka, vêm sendo retomadas através de pesquisas e oficinas locais, fortalecendo as tradições e valorizando os conhecimentos e a cultura Guarani.
Sobre quem cria
No território Tenonde Porã, composto hoje por 8 aldeias, o artesanato tradicional e contemporâneo, que utiliza em sua confecção matérias primas sintéticas, compõem a renda da população de mais de 300 famílias.
Contudo somente um pequeno número de pessoas, em torno de 40 artesãs e artesãos, que produz o artesanato tradicional com técnicas aprimoradas, como os ajaka para. A técnica do trançado, mais especificamente, é dominada por cinco pessoas no território, tendo Poty Justina e Ara Florinda como as principais representantes.
Já foram contempladas em alguns editais estaduais e municipais para desenvolverem seus projetos relacionados ao artesanato tradicional guarani e tiveram suas peças expostas no ano de 2019 na exposição Entre Meadas realizada no Sesc Vila Mariana com curadoria de Adelia Borges.
Sobre o território
Após mais de 30 anos de luta, em 2016 o território teve seus limites aprovados com a publicação da portaria declaratória TI Tenondé Porã (Portaria MJ/GAB nº 548). Localizada no extremo sul do município de São Paulo, a terra indígena Tenonde Porã tem uma extensão de aproximadamente 15.969 HECTARES. É composta por 8 tekoa, que os não indígenas conhecem como aldeias, onde vivem hoje cerca de 1.500 pessoas.
Com uma equipe de liderança descentralizada, o que garante uma maior representatividade e segurança, o papel do coletivo é central em Tenondé Porã. Além disso o conselho guarani segue em diálogo com outros movimentos sociais do município e estado de São Paulo.
Como uma forma de fomentar o intercâmbio cultural, dando visibilidade e fortalecendo a presença Guarani no estado, foi elaborado em 2018 Plano de Visitação da Terra Indígena Tenondé Porã após inúmeros estudos e oficinas. Com isso busca-se garantir que as atividades ligadas ao turismo respeitem os direitos territoriais, assim como seus usos, costumes e tradições.