A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação dos Artesãos de Novo Airão


Cestos, esteiras, balaios são alguns dos objetos feitos da fibra da Arumã pelas artesãs e artesãos de Novo Airão. Seu manejo, o trançado e o modo de trançar são heranças da etnia indígena Baré que habita o Alto Rio Negro.

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Sobre as criações

Crédito da foto: Sérgio Matos

Esteiras, conhecidas como tupés, cestos, balaios, bolsas, luminárias, cadeiras revestidas de fibra e peças utilitárias são alguns dos objetos trançados com tiras de Arumã e tingidos com tinturas e resinas da flora local. A arumã é uma planta que cresce em locais alagados, na beira dos rios e igarapés, ou em lugares sombreados e possui talos aéreos que podem alcançar vários metros de altura. Seu manejo, o trançado e o modo de trançar são heranças da etnia indígena Baré que habita o Alto Rio Negro.

As artesãs se reúnem para o trabalho de “preparar as fibras” da Arumã que depois de colhidas são lavadas e algumas são raspadas para receber o tingimento avermelhado e preto que se consegue principalmente com o uso da goiaba-de-anta, do urucum e da ingá xixica. Em seguida, as talas são cortadas em fibras menores e, por fim, são trançadas pelas artesãs que dominam cerca de 50 tramas diferentes.

Sobre quem cria

Foto de divulgação Artesol

A AANA surgiu após a presença Projeto Fibrarte, do Programa de Alternativas Econômicas da Fundação Vitória Amazônica, em Novo Airão, em 1994. O projeto tinha como objetivo central estimular a atividade artesanal com fibras vegetais para a geração de renda das populações da bacia do Rio Negro. A Associação foi formalizada em 1996, pelas mulheres tecedoras de fibras vegetais, como o arumã, cipó ambé e palha de tucumã, de Novo Airão.

Eram muitas as pessoas que faziam artesanato em Novo Airão, no entanto, algumas tinham vergonha de vender as peças por conta de comentários em tom pejorativo de que a atividade seria “coisa de índio”. Com o trabalho de organização das artesãs e de valorização da tradição Baré, a Associação se tornou um espaço de fortalecimento cultural e social, onde o saber-fazer do trançado tem sido transmitido para as novas gerações.

Sobre o território

Novo Airão encontra-se a cerca de 180 km de Manaus, em uma região que dá acesso a dois dos mais importantes parques nacionais da Amazônia: o Parque Nacional de Anavilhanas, considerado o segundo maior arquipélago fluvial do mundo, com cerca de 400 ilhas, e o Parque Nacional do Jaú, o segundo maior parque nacional do Brasil, declarado pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. Esse parque é de grande importância para a preservação dos ecossistemas das bacias do Rio Negro e do Rio Solimões, uma vez que se encontra entre as duas.

Lugar habitado por botos-vermelho, botos-tucuxi (cinzentos), peixes-boi e Sumaúmas, árvore amazônica que chega a 40 m de altura e de gigantescas raízes, Novo Airão é conhecida por muitos como o “Paraíso Ecológico”. Mas para além das belezas indescritíveis e de sua importância ambiental, a região guarda certo mistério em relação ao seu passado que se materializa na cidade fantasma de Velho Airão.

Antes de ficar conhecida como “Velho Airão”, o nome da cidade era apenas Airão e foi o primeiro povoado às margens do rio Negro. Fundada em 1694, Airão é ainda mais antiga que a primeira capital do Amazonas, Barcelos. Até meados do século XX, a cidade concentrou toda a produção de borracha do Alto Rio Negro, Rio Jaú e seus afluentes e do rio Branco, tendo sido importante fornecedora do ouro branco para os países do eixo Aliados da Segunda Guerra Mundial. Após o fim da guerra, os ingleses passaram a comprar látex de sua então colônia em continente africano, Malásia, o que provocou a decadência do ciclo da borracha, no Brasil.

Airão se tornou uma cidade falida, isolada e abandonada pelo poder público e começou a ser deixada pelos moradores. Grande parte da população foi transferida para a vila de Itapeaçu, que passou a se chamar Novo Airão. Algumas histórias que explicam o abandono da cidade são ouvidas hoje. Uma delas conta que a cidade teria sido enfestada por formigas de fogo que, inclusive teriam levado muitos moradores à morte. Outra história conta que os moradores teriam sido espantados pelos espíritos dos índios escravizados. As histórias, ou lendas, dão tons de mistério e fábula ao cenário onírico amazonense que é também morada das artesãs e artesãos da AANA.

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