Associação dos Artesãos do Município de Barro ARTEMB/CE
A associação produz, de forma delicada e primorosa, peças de vestuário, para mesa e casa, a partir dos bordados Boa Noite, Bom Dia e livre, além de crochê, macramê e tenerife. As técnicas se combinam, criando peças que tem as cores e a inspiração de seu município, Barro, no cariri cearense.
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Sobre as criações
Na Associação trabalham com primor, cuidado e criatividade com o bordado Boa Noite, Bom Dia e livre o crochê, o macramê, tenerife e fuxico. No entanto, é o bordado Boa Noite que mais encanta os olhos de turistas, clientes e admiradores, original de Alagoas, e que nas mãos das artesãs passou por adaptações e mudanças, de modo que elas o fazem, mas de modo próprio e distinto daquele encontrado na Ilha do Ferro (AL). Seu ponto, mais fechado e preenchido, proporciona uma estética diferente desse bordado tão singelo, uma homenagem à florzinha cor-de-rosa que abre à noite, nos quintais. Desenvolveram um ponto, o Bom Dia, variação na qual alguns pontos do bordado Boa Noite são preenchidos. A combinação entre os pontos cheios, do Bom Dia, e os mais limpos, do Boa Noite, alinhavam seus dias com poesia, além de resultarem em lindas peças.

Produzem uma ampla gama de produtos, em diferentes coleções, na linha de casa, como capas de almofadas, peseira, jogos-americanos, toalhas e caminhos de mesa, bordados de parede (com macramê em linha fina), pano de prato, guardanapos de pano e panos de bandeja. E produtos de vestuário ou uso cotidiano: bolsas, colares, brincos, pochetes, carteiras, porta óculos, capas bordadas para blocos de anotação, estojos, chaveiros e porta-moeda. Produtos que encantam os olhos pela delicadeza das técnicas, pela qualidade do material, sobretudo linho puro, cânhamo e tecidos de algodão pelo primor no acabamento.
O trabalho se inicia, por vezes, na imaginação. A idealização da coleção, em parceria com designers, estuda cores, formas e temas que transformarão tecidos, linhas e muitas horas de trabalho, em arte. Após discutidas as possibilidades, mãos à obra: fazem os protótipos, ajustam, cortam os tecidos, desfiam – uma vez que o bordado Boa Noite reconstrói o tecido através de desenhos e tramas variadas, depois bordam, costuram, finalizam, lavam e passam. Já as peças que incluem o crochê se concretizam ponto-a-ponto, nas mãos de hábeis crocheteiras que constroem as peças que depois, serão bordadas. Diferentes peças bordadas contam com delicado crochê no acabamento.
Criativas, alegres e caprichosas, as artesãs trabalham com diversas coleções criadas em parceria com designers que por lá passaram, as conheceram e se encantaram. A coleção Boa Noite Dona Lindalva, criada com Serggio Melo, foi uma das primeiras. Coleção Antônio de Todas as Cores, apoiado pelo SEBRAE e design Onélia, concilia as técnicas de crochê e bordado Boa Noite em almofadas delicadas e coloridas. Coleção Boa Noite Cariri, em parceria com a Ceart e o design Simon, com linhas em tons claros e linho branco, muito sofisticadas. Já a Coleção Veredas, desenvolvida com Herik Lucas Seixas, faz homenagem aos caminhos e estradas do sertão, suas cores e formas, com ele foi desenvolvida a coleção Quatro Estações. A Coleção Cangaço, em parceria com a Eveline Andrade e Ana Galvão, na qual desenvolvem o bordado Bom Dia em cores fortes de azul, vermelho, amarelo queimado e marrom. Já a coleção Memória, em bordado livre, celebra os antigos ladrilhos hidráulicos da Igreja Matriz de Barro. Algumas dessas coleções foram desenvolvidas em parceria com a Ceart (CE), outras, com o SEBRAE (CE).
Sobre quem cria
Nos pontos do crochê, do bordado ou do macramê, as mulheres e o único homem da Associação transmitem aquilo que aprenderam, ou viram suas avós, tias, mães, pais e irmãos fazendo: o amor ao ofício de artesão. Fundada em 2010 como um grupo de oficinas no CRAS da cidade, o grupo se firmou a partir de 2013.
Helena Kussik, no livro Têxteis do Brasil – Rendas e Bordados, conta um pouco sobre a história da chegada do bordado boa-noite no Cariri cearense:
Com isso é possível mapear as rotas do Boa Noite, como a chegada ao município de Barro, no Cariri cearense. A responsável por essa travessia foi Lindalva de Sousa Silva, que nasceu em Pão de Açúcar em 1946, mesmo ano em que foi registrada a chegada do Boa Noite na Ilha do Ferro. Aprendeu a bordar aos oito anos de idade e aos dezoito mudou-se para o Ceará, terra de seus pais. Lá se casou, constituiu família e seguiu bordando e participando de feiras e eventos locais. Com a fundação da Associação dos Artesãos do Município de Barro (ARTEMB) em 2013, ela repassou a técnica a dezenas de mulheres que produzem com adaptações e algumas características próprias”.

Dona Lindalva é um ponto de virada na Associação, que antes da sua oficina de bordado Boa Noite, trabalhava com outras técnicas, como reaproveitamento de materiais, algumas peças de crochê, mas que não atraíam o público. Duas semanas depois da oficina de bordado Boa Noite com a mestra, elas participaram de uma rodada de negócios do SEBRAE e venderam aquilo que haviam produzido a partir da oficina. Perceberam o interesse do público e se dedicaram no aprofundamento do aprendizado do bordado, no desenvolvimento de coleções e no aprimoramento do seu processo de produção. Receberam diversas capacitações do SEBRAE e o apoio de Maria Celeste Rocha, que lhes atentou a necessidade de trabalhar com uma tipologia que tivesse identidade local .
Atualmente, em 2025, contam com 23 pessoas associadas que trabalham frequentemente atendendo pedidos, participando de reuniões e da gestão da loja, sendo possível, em caso de encomendas maiores, recorrer a um grupo de artesãs locais que já trabalharam na Associação para lhes dar apoio.
Sobre o território
Conta-se que as terras entre o riacho do Cumbe, atual açude do Cumbe, e o rio das Cuncas eram habitados pelos indígenas Kariri antes do século XVII, quando começaram as expedições no interior brasileiro por parte dos integrantes das Entradas.
Nessa localidade está Barro, cidade no sul do Ceará, que integra o cariri cearense. Seu nome remete à fazenda e ao riacho Barro. A sudoeste da Chapada do Araripe, é terra da caatinga, cerradão e cerrado.
Na cidade viveu José Inácio de Barro, conhecido como Zé Inácio do Barro, grande protetor de cangaceiros do sul do Ceará, nas primeiras décadas do século XX. No município ainda se encontra sua antiga casa, abandonada quando foi para o Goiás, mas que permanece em pé, em ruínas, cujas memórias remetem ao período do cangaço, cujas histórias, cantigas e descendentes, continuam povoando a região.













































