A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação de Artesãos de Santa Brígida


A associação trabalha com duas técnicas principais que encontram-se e complementam-se: a de esculpir galhos de madeira de umburana e o trançado que é feito com a fibra de Licuri. O íntimo contato com a natureza que os rodeia é o que inspira os artesãos para criar novas formas. 

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Telefone (75) 99937-8813
Contato Anaiza Rosa dos Santos
Povoado Morada Velha – Zona Rural, CEP 48570-000, Santa Brigida – BA

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

Crédito da foto: Helena Kussik

Crédito das fotos: Helena Kussik

“O sertão vai virar mar
e o mar vai virar sertão”

Antônio Conselheiro

A associação trabalha com duas técnicas principais que encontram-se e complementam-se: a de esculpir galhos de madeira de umburana e o trançado que é feito com a fibra de Licuri. O trabalho com a fibra de licuri se iniciou com a confecção de objetos de função utilitária como esteiras, cestas, vassouras e chapéus. Hoje já se pode encontrar produtos variados, como porta-objetos, caixas, porta-jóias, balaios, bolsas, bandejas, jogo de mesa, bancos e produtos de decoração.

Da madeira de umburana, nascem pássaros diversos, muito presentes na caatinga, como galo de campina, canário, nambú, arara, coruja, carcará e tucano, além de imagens sacras e outras figuras representativas do cotidiano sertanejo. No galpão da Associação, construído no ano de 2008, os troncos de umburana espalham-se pelo chão, desfazendo-se em serragem e sendo recriados em pássaros pelas habilidosas mãos dos artesãos. O íntimo contato com a natureza que os rodeia é o que os inspira para novas formas. 

O mestre José Valto, coração da associação e da grande família, deixou como herança o grande amor e admiração pelo trabalho, que é sentido em cada rasgo na madeira, cada ponto dado com agulha e no tom da conversa que embala as doces tardes passadas à sombra das árvores no terreno. 

Sobre quem cria

Crédito da foto: Helena Kussik

Encontram-se envolvidas na AASB cerca de 30 famílias que trabalham na confecção dos produtos. Uma das preocupações da associação é trabalhar de forma sustentável, tendo os devidos cuidados no manejo da fibra da palmeira do licuri e utilizando apenas os troncos e galhos caídos de umburana.

A madeira de umburana utilizada nas esculturas precisa estar seca e, por isso, como contam os artesãos, morta há vários anos. Dessa forma buscam nos terrenos vizinhos troncos caídos, abandonados, madeira já trabalhada pelas adversidades climáticas do semiárido. “Nem os cupins querem mais essa madeira tão velha, é essa que serve” – conta Zé de Rita. 

A coleta do licuri é feita com a ajuda de foice, facão ou faca. A palha precisa ser coletada pela manhã bem cedo e recolhida para ser preparada à noite, quando está macia, para que não fique ressecada. Após a separação e secagem da fibra, inicia-se o processo de tingimento com corantes naturais provenientes da fauna local. Pau ferro, anil, algodão, pele da castanha de caju, genipapo, açafrão e urucum integram a crescente lista de plantas escolhidas para criar uma cartela de cores harmoniosa e inspiradora.

Suas ações, dessa forma, contribuem para a valorização da biodiversidade da caatinga, de suas cores e riquezas, e para o estabelecimento de relações respeitosas com o meio. Hoje, a AASB é uma referência na região quando se trata de passar o conhecimento do trançado de cestaria com palha de licuri e do aproveitamento de madeira sem destruir o ambiente. 

Sobre o território

Crédito da foto: Helena Kussik

A cidade de Santa Brígida fica no sertão baiano, na região norte do estado, e tem chamado a atenção de pesquisadores e historiadores pela presença de um movimento forte de fé. O município também é reconhecido pelas manifestações culturais, como os Guerreiros de São Jorge, Joana D’Arc, Mineiro Pau, os reis do Zé Preto, o Samba de Coco e a dança de São Gonçalo que possui três versões: a baiana, a pernambucana e a alagoana. Assim como o congado, a dança de São Gonçalo é uma manifestação cultural do catolicismo popular, em que se dança dentro do Igreja.

Essa grande profusão de manifestações culturais é resultado de uma intensa migração para a cidade. Até meados do século XX, o município era um povoado com poucas casas. A chegada do beato Pedro Batista da Silva, conhecido como o “Conselheiro que deu certo”, em 1945, trouxe muitas mudanças para Santa Brígida que começou a receber devotos de muitos cantos do Nordeste brasileiro, principalmente.

Os sertanejos ajudaram Pedro Batista a fazer da cidade um mundo singular, místico, fraternal e alegre. O Beato, que era seguidor de Antônio Conselheiro, é reconhecido pelo trabalho de politização do sertão nordestino e ganhou fama por sua sabedoria, pelos conselhos e pelas curas. Pedro Batista prezava as tradições locais e incentivava os sertanejos a ter orgulho de seus ritos e saberes. Seus ensinamentos seguiram vivos em Santa Brígida, mesmo depois de sua morte, em 1967. Também os indígenas da etnia Pankararu, que cruzaram com o Beato em sua peregrinação, se unem às celebrações e dançam seus rituais em homenagem a ele.

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