A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação de Mulheres de Itamatatiua


A produção cerâmica em Itamatatiua integra a história da comunidade quilombola desde sua fundação, há mais de três séculos. Homens e mulheres ocupam-se do ofício desenvolvido na relação afro-indígena no território, produzindo peças decorativas e utilitárias que traduzem essa memória na identidade das formas.

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Sobre as criações

A produção cerâmica em Itamatatiua integra a história da comunidade quilombola desde sua fundação, há mais de três séculos. Homens e mulheres ocupam-se do ofício desenvolvido na relação afro-indígena no território, produzindo peças decorativas e utilitárias que traduzem essa memória na identidade das formas. 

A produção de artefatos cerâmicos destinados à construção civil, como telhas e tijolos, era atividade dos homens, enquanto as mulheres eram responsáveis pela produção de louças, como potes e panelas, utilizados na comunidade e comercializados em feiras locais. Hoje, a produção feminina é central no Centro de Cerâmica de Itamatatiua. 

A argila coletada nas jazidas da região é armazenada em um tanque de alvenaria e é umedecida e coberta com sacos plásticos até o momento que será trabalhada. A quantidade coletada pode durar até um ano, dependendo do número de peças produzidas. Essa massa é limpa, misturada com areia e amassada com auxílio de uma maromba. Assim está pronta para a modelagem que é feita com três principais técnicas: modelagem com rolos, modelagem livre e modelagem com moldes. 

A técnica de rolos é reconhecida como a mais tradicional e é utilizada em especial na modelagem de utilitários, como potes, vasos e vasilhas. De origem indígena, é assim chamada pois consiste na utilização de rolos compridos e finos na construção das peças. 

Já a modelagem livre, que geralmente começa a partir de uma bola de barro que vai ganhando forma, é empregada na produção das bonecas que representam a força das mulheres da comunidade.

As placas decorativas são de produção mais recente, representam cenas da arquitetura e cotidiano local e são consumidas especialmente por turistas que visitam a comunidade. 

Após a modelagem as peças secam ao ar livre por alguns dias até alcançarem o ponto de couro, momento em que as peças estão prontas para o último acabamento que as deixam mais lisas, brilhantes e resistentes. A queima é realizada em forno de lenha e pode durar até quatro dias.

Associação de Mulheres de Itamatatiua / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre quem cria

Fundada em 1989, a Associação de Mulheres de Itamatatiua teve sua origem na união das mulheres no então chamado clube de mães. Na época, as mulheres começaram a discutir assuntos pertinentes à vida em comunidade e organizaram a produção cerâmica, ofício existente em Itamatatiua desde sua fundação.

As características dessa união denotam o caráter da associação, que além de fortalecer a produção artesanal, gerando trabalho e renda para as 12 artesãs associadas e suas famílias, é central para a organização política da comunidade e manutenção das heranças culturais ancestrais.

Em meados dos anos 90, foi construído o Centro de Produção Cerâmica, localizado no coração do sítio. Integrados no mesmo prédio funciona uma escola de cerâmica e loja para comercialização das peças. 

Sobre o território

A região dos atuais municípios de Alcântara e Bequimão era originalmente habitada por indígenas tupinambás, e em meados do século XVI e XVII começou a ser colonizada por franceses, logo expulsos pelos portugueses. Como parte da política de povoamento, a terra foi cedida pela coroa portuguesa à religiosos da Ordem do Carmo que por quase dois séculos mantiveram produções agrícolas com mão de obra de negros escravizados das etnias Banto e Mina-Jeje. 

No século XIX, após o declínio do período escravocrata, a terra é abandonada pelos religiosos e sua propriedade passa à Santa Teresa D’Ávila de Jesus, tornando-se uma “terra de santo”. Os homens e mulheres que construíram o local, agora libertos, passam a ser legítimos herdeiros da terra por conservarem laços religiosos e de parentesco com a santa, gravados no sobrenome “de Jesus” da maioria dos nativos. 

Algumas das marcas dos fortes laços dos moradores com Santa Teresa são as promessas, ladainhas, batuques e principalmente a grande festa anual para a padroeira que ocorre no mês de Outubro. 

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