A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação dos Artesãos de Santana do Araçuaí


A associação conta com 19 membros, homens e mulheres, que trabalham todos os dias na salvaguarda do saber ancestral, valorizando o ofício e registrando a história tão rica que representam.

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Contato Alice Ribeiro
Rua Araçuaí, nº 167 , CEP 39615-000, Santana Do Aracuai – MG

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

Os tempos são impressos no barro do Vale do Jequitinhonha e lemos, em cada forma, memórias de um passado feito presente em mãos criadoras. As memórias ancestrais dos antepassados indígenas e africanos trazem as noções técnicas, o conhecimento dos barreiros, dos barros, dos oleios. O calor do fogo que coze e promove resistência à cerâmica. 

“Vou pegando o barro e já vem aquela vontade de trabalhar… Já vem aquela espécie na cabeça. Assim, também, se eu for fazer aquela peça que veio no pensamento e eu trocar por outra, aquela outra não dá certo. Só dá certo aquela que veio no pensamento. Tem este mistério no meio.” conta Dona Izabel.

Na história recente da comunidade, uma mestra revolucionou o ofício com sua criatividade e generosidade: Dona Izabel Mendes da Cunha. Reconhecendo os mistérios do barro, afirmava que sua conexão com a peça ultrapassava até mesmo sua compreensão, pois muitas vezes a ideia era ordem e se materializava através de suas mãos. Dona Izabel foi uma das pioneiras no feitio das conhecidas bonecas do Vale e desenvolveu repertórios técnicos e estéticos valiosos. Repassou seus conhecimentos a todos que a procuravam, pois além do envolvimento afetivo com o ofício, compreendia sua importância na geração de renda local. 

Em Santana do Araçuaí todo o processo é realizado manualmente com auxílio de utensílios encontrados na natureza, como sabugo de milho, coiteba (pedaço de cuia de capaça), ou adaptados do uso cotidiano pelas artesãs, como pequenas facas ou lâminas e retalhos de tecidos. A pintura é feita somente com pigmentos naturais, os conhecidos oleios, de variadas e admiradas tonalidades. O conhecimento e coleção dessas cores é trocado entre as comunidades ceramistas do Vale, pois cada localidade possui seus minerais de tons específicos. 

Sobre quem cria

A Associação dos Artesãos de Santana do Araçuaí foi criada em 11 de setembro de 1988 por seus sócios fundadores que buscavam, através da união e formalização, condições mais justas para comercialização e valorização de seus produtos. Com muita dedicação e esforço construíram a sede em mutirão, concluindo a obra em 1990. Até então as reuniões ocorriam na Igreja Matriz. 

Hoje a associação conta com 19 membros, homens e mulheres, que trabalham todos os dias na salvaguarda do saber ancestral, valorizando o ofício e registrando a história tão rica que representam. Reúnem-se semanalmente na sede da associação, onde também funciona uma loja que comercializa o artesanato produzido. 

Sobre o território

Santana do Araçuaí é um pequeno povoado de Ponto dos Volantes, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, ligado à BR 116 por 11 km de estrada de terra, de acesso bastante razoável na época da seca, praticamente o ano inteiro. 

A região, antes coberta por mata atlântica e habitada pelo povo indígena Aranã, foi ocupada no século XVII pelos vaqueiros que buscavam terras para pastagem. Grande parte da mata foi derrubada e o que ficou no lugar foi o capim colonião e o solo castigado. Hoje, a principal atividade econômica presente no Vale é o cultivo de eucaliptos pelo agronegócio, que tem trazido consequências graves que atingem as comunidades e o ecossistema, como o desemprego, a crise hídrica, e os impactos na diversidade da fauna e da flora locais.

Nesse contexto, as mulheres têm estado cada vez mais ativas na geração de renda para suas famílias, visto que os homens, desempregados, são obrigados a bucar trabalho em outros cantos, passando longas temporadas fora da comunidade. Cabe às mulheres, assim, cuidarem dos filhos, de suas casas, do plantio e de si mesmas.

o Vale do Jequitinhonha é conhecido, muitas vezes, apenas pela pobreza, criada pelo desmatamento desmedido, e que estigmatizou negativamente a região. Pouco ainda se conhece sobre as riquezas sem medida manifestas nos saberes populares, nas danças, cantos, festas e na produção artesanal em palha, bambu, madeira, algodão e cerâmica. 

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