A Rede Artesol - Artesanato do Brasil é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação Comunitária de Desenvolvimento de Lagoa do Tocantins


Os fios de capim dourado são costurados com a fibra fina das folhas de buriti, ambas espécies nativas do Brasil, próprias do cerrado. Dessa forma, as artesãs produzem diversas peças como chapéus, cestos, vasos, biojoias e outros.

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Sobre as criações

Os fios de capim dourado são costurados com a fibra fina das folhas de buriti, ambas espécies nativas do Brasil, próprias do cerrado. Dessa forma, as artesãs produzem grande diversidade de peças, como chapéus, cestos, vasos, mandalas, bandejas, biojoias, abajures e outros. A tradição do artesanato com o capim dourado, o “ouro do Jalapão”, foi passada pelos indígenas da etnia Xerente que no começo do século XX saíram caminhando pelo lado do Rio Araguaia e passaram pelo povoado quilombola Mumbuca, ensinando alguns moradores a “costurar capim” com a seda de buriti. Desde então, esse saber se difundiu pela região, chegando a outras comunidades e cidades, como no município de Lagoa do Tocantins.

A partir desse saber-fazer, as comunidades têm criado novas coleções com inovações de produtos e inserção de novos materiais, como sementes, peças em coco, e novas técnicas também tradicionais, como o tingimento natural da linha da seda do buriti. Assim, as artesãs que antes produziam com a técnica do trançado das fibras do capim e do buriti objetos que estavam presentes em seu dia-a- dia, como os chapéus que protegiam os lavradores na roça, cestos, entre outros utensílios, agora produzem as mais variadas peças.

Sobre quem cria

A partir de 2000, com a facilitação do acesso das comunidades da região do Jalapão às cidades mais próximas, o governo do estado do Tocantins, através da Secretaria de Cultura, passou a incentivar o artesanato com o capim dourado. As peças, assim, passaram a circular em grandes centros urbanos, como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

A comunidade de Mumbuca recebeu oficinas com orientações para adequação dos produtos ao mercado e para a sua comercialização. A partir do trabalho realizado junto ao designer Renato Imbroisi, a comunidade criou novos produtos, o que redimensionou também o alcance do artesanato. Logo, a atividade chegou até as comunidades vizinhas, entre elas o município de Lagoa do Tocantins. Nesse contexto, nasceu a Associação de Lagoa do Tocantins.

Associação Comunitária de Desenvolvimento de Lagoa do Tocantins / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre o território

Fundado em 1989, o município de Lagoa do Tocantins faz divisa com os municípios de Novo Acordo e Santa Tereza do Tocantins, na região do Jalapão, uma Unidade de Conservação Ambiental com mais de 34 mil quilômetros de área desertificada. Também integram a região, os municípios de Lizarda, Mateiros, Ponte Alta do Tocantins e São Félix do Tocantins. A paisagem é repleta de chapadões e serras em meio ao cerrado e a savana, com gigantescas dunas costuradas por rios e cachoeiras. O nome, Jalapão, vem de uma planta abundante na região, a Jalapa, também conhecida como batata de purga.

Os finas hastes de ouro que pintam de dourado a paisagem do Jalapão, apesar do nome, capim-dourado, não são capim, mas uma sempre-viva, uma planta muito resistente que mesmo depois de colhida segue viçosa por muito tempo. É uma planta do cerrado, sendo o capim dourado, especificamente, nativo da região do Jalapão. O Jalapão é um dos poucos locais que conta com uma área considerável de cerrado conservado, onde se encontram os campos de capim dourado. A colheita é feita uma vez ao ano, no começo da primavera, junto com a semeadura. Como o respeito à época da colheita é crucial para a sobrevivência da planta, criou-se uma lei que regula a sua coleta. Os órgãos supervisores orientam que as flores, onde ficam as sementes, sejam retiradas e lançadas ao solo no mesmo local, garantindo a reprodução da planta. Outra forma de garantir a sustentabilidade ambiental, social e econômica do local foi proibir a saída do capim dourado “in natura” da região, sendo permitida apenas a circulação de peças produzidas pelas comunidades.

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