Mostrar contatos
AbrirFechar
Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.
A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.
Sobre as criações
Acendi uma vela à minha santinha,
Raquel Lara Rezende
lhe deixei uma rosinha
e um copo de água pra mode ela ficar
bem feliz em seu altar
Fiz minha oração de todo dia
pedindo por toda a família!
Sorri e lhe cantei um refrão,
daqueles que fazem até crescer o coração!
Com a técnica do entalhe em madeira, os artesãos e artistas populares de Teresina imprimem na madeira a imagem de diversos santos, anjos, arcanjos, apóstolos, Nossas Senhoras, entre muitos outros. A diversidade de figuras representativas das religiosidades populares brasileiras ganha expressão na Arte Santeira, muito presente no Brasil, de forma geral.
Essa manifestação artístico-religiosa nasceu da prática dos ex-votos, uma abreviação latina do termo “ex-voto suscepto” que significa “o voto realizado”. Diante do pedido atendido, muitos cumprem a promessa feita ao santo ao qual foi direcionada a oração.
Alguns fazem pinturas, estatuetas e outros objetos em agradecimento à graça concedida. Seja nos altares domésticos, nos rituais religiosos, nos templos, procissões ou festas religiosas, as imagens produzidas pelos artesãos ex-votos, ou não, e artistas populares estão presentes. A arte santeira se trata, assim, de uma prática religiosa e cultural muito significativa para o Patrimônio Cultural brasileiro, já sendo reconhecida como Patrimônio Cultural do Piauí.
Sobre quem cria
Mestre Dezinho, ou José Alves de Oliveira, nascido em 1916 na cidade de Valença, fazia, desde crianças, com suas faquinhas e canivetes miniaturas em madeira. Trabalhou na plantação de mandioca do pai, foi marceneiro e viveu grande parte da sua vida como mestre carpinteiro. Aos 45 anos, mudou-se com sua família para Teresina, onde passou a trabalhar como vigilante na pracinha do bairro Vermelha, onde estava sendo construída a Igreja Nossa Senhora de Lourdes. O Padre Francisco, que ficava nessa Igreja, logo se encantou pelos ex-votos feitos por Dezinho e pediu a ele que fizesse o Cristo do altar-mor e a padroeira. O artesão que nunca tinha feito peças inteiras, estimulado pelo Padre, aceitou o pedido, e esse foi o começo do estabelecimento de um estilo piauiense de arte santeira que hoje é reconhecido como marca da cultura do estado. As técnicas se aprimoraram com o tempo, e os artesãos e artistas ganharam mais manejo com as ferramentas e habilidade com a madeira. Mestre Dezinho inaugurou uma arte com estética própria que passou a ser referência para vários outros artistas que o acompanham já há quatro gerações.
A cooperativa foi fundada pelo mestre Dezinho em 2000, surgindo da necessidade de proporcionar maior estrutura ao grupo de artesãos e artistas populares, oferecendo maiores condições de comercialização dos produtos. Foi possível, também, organizar oficinas comunitárias para repassar a técnica da arte santeira, estimulando o interesse e o gosto por esse saber-fazer que atravessa os séculos da história brasileira. Integram a CAMEDE, cerca de 130 artesãos que contam com uma loja, onde vendem suas peças.
Sobre o território
Capital do Estado do Piauí, Teresina é a única capital do Nordeste que não se encontra no litoral. A 366 km do Oceano Atlântico, a origem da cidade está ligada ao Rio Poti que deu nome à Vila Nova do Poti, fundada em 1852. Não muito tempo depois, a Vila foi escolhida para ser a capital do estado do Piauí, sendo, assim, primeira capital planejada do país. Construída em traçado geométrico, as ruas foram desenhadas, pelo então presidente da Província Conselheiro José Antônio Saraiva, em linhas paralelas, dispostas de forma simétrica, formando pontes simbólicas que ligam o Rio Parnaíba ao Poti. Localizada na margem direita do Rio Parnaíba, a antiga Vila passou a se chamar Teresina para homenagear a Imperatriz Teresa Cristina, esposa de Dom Pedro II.
Teresina é testemunha da união dos rios, Poti e Parnaíba, que acontece na Zona Norte da cidade, no Parque Ambiental Encontro dos Rios. Por se encontrar bem dentro da bacia hidrográfica do Rio Parnaíba, a capital piauiense é conhecida por muitos como Mesopotâmia do Nordeste. Foi também, ainda, batizada como “Cidade Verde”, pelo escritor maranhense Coelho Neto, por suas ruas e avenidas entremeadas por árvores. Além de conceder um tom poético à cidade que desfruta da beleza das matas de cocais e das florestas estacionais, os rios foram, na verdade, o principal elemento para a sua fundação e desenvolvimento que se deu pela possibilidade da navegação fluvial. Apesar de sua importância para a formação socioeconômica e cultural de Teresina e seus habitantes, os rios têm sofrido com o descuido generalizado. Já quase sem matas ciliares que protegem seus cursos, os rios se encontram assoreados e sobrecarregados pelo lançamento de substâncias poluentes e dos esgotos domésticos.