A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Din Alves 


Nascido de uma reconhecida família de artistas xilógrafos, Din recria na madeira de umburana e cedro cenas e personagens da cultura popular do Cariri cearense.

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Juazeiro do Norte – CE

Sobre as criações

Din Alves cria principalmente imagens de personalidades nordestinas, como personagens da cultura e de festas populares. Destacam-se as representações do reisado e cenas de romaria típicas de Juazeiro do Norte, como os caminhões conhecidos como paus de arara. 

Desenvolveu um estilo próprio para representar personagens. Atarracados e gordinhos, foram agradando as pessoas a ponto de ser reproduzido por outros artesãos. Criou esse tipo de representação sem pensar muito, quando entalhava uma Nossa Senhora que saiu gordinha e baixinha. As peças que produzidas na sequência nasciam cada vez mais baixinhas e gordinhas e, assim, aperfeiçoou seu estilo. 

Utiliza as madeiras umburana, cedro e louro-rosa e entalha com ferramentas manuais. A motosserra e a lixadeira são utilizadas apenas para peças maiores. Faz a maior parte do processo de criação, mas sua esposa e filhas também trabalham pintando. 

Crédito da foto: Theo Grahl

Crédito das fotos: Theo Grahl e Ricardo Carotta

Sobre quem cria

Aparecido Gonzaga Alves nasceu e cresceu em Juazeiro do Norte, Ceará. Era chamado de Cidinho por sua família, os conhecidos do bairro começaram a chamá-lo de Din e o apelido foi ficando. Passou a infância inteira no mercado, onde sua mãe trabalhava vendendo verduras. Para ajudar com a renda da família, começou a trabalhar no chapeado ainda criança, descarregando caixas de frutas e verduras que chegavam para ser vendidas.  

Din vem de uma reconhecida família de artistas. Seu avô Pedro Luiz Gonzaga era xilógrafo, assim como seu primo José Lourenço. Por isso, desde a infância Din admirava como os cordéis eram feitos na Lira Nordestina, uma das mais antigas editoras especializadas na produção de cordéis do Brasil. 

Morava no bairro chamado de Boca das Cobras, considerado um celeiro de artesãos. Começou a trabalhar no entalhe com 13 anos como ajudante, lixando peças. Geralmente lixava imagens de São Francisco e santos. Passou a entalhar peças menores, como as mãos, cajados e pombos das imagens dos santos, que eram encaixadas nas obras de outros artesãos. Depois fez cobras de madeiras até que começou a fazer os santos por inteiro. Lembra que no começo de sua trajetória era “uma tristeza” porque ninguém queria comprar as peças, pois estavam feias e mal feitas. 

Trabalhou por muitos anos no Centro Cultural Mestre Noza. Suas peças participaram da exposição Raiz do artista Ai Weiwei, realizada na cidade de São Paulo em 2018. Na capa do catálogo da exposição, a mão em madeira fazendo o gesto cotoco é de sua autoria. 

Din saiu do Mestre Noza em 2020 para abrir um centro de comercialização independente com outros artesãos, chamado de Três Marias Cariri. 

Sobre o território

Juazeiro do Norte é a cidade mais importante da região do Cariri cearense. É um polo econômico, com várias fábricas (calçadistas) e grandes mercados de atacado, além de ser um polo educacional, concentrando várias instituições de ensino superior. 

É o maior centro de peregrinação e romaria na região nordeste, sendo um dos maiores polos de fé católica do Brasil, como Belém do Pará e Aparecida, em São Paulo. Ao longo do ano, são realizadas pelo menos 10 romarias, e a de Finados é a que mais atrai romeiros de toda a região e de outras partes do Brasil. Essa romaria recebe, há alguns anos, pelo menos 500 mil pessoas. Outras são dedicadas à Nossa Senhora das Dores e ao Padre Cícero.  

Conta-se que Padre Cícero era grande conhecedor do artesanato e que teria estimulado sua produção em Juazeiro do Norte, principalmente direcionando a produção de artesãos para atender as demandas dos fiéis que chegavam nas romarias: chapéus de palha de carnaúba para proteger do sol quente, candeeiros de flandres para as velas (começando a realizar, inclusive, procissões à noite) e a produção de ex-votos em madeira.

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