Eliana Regina Maia Silva 


Artesã há 41 anos, Eliana tece desde a primeira infância. Suas memórias mais remotas são feitas de tramas e fios, com a mãe e a avó nos teares. Vinda de uma família reconhecida pela tecelagem, ela mantém vivo o ofício transmitido entre as gerações de mulheres.

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Sobre as criações

A tecelagem é uma das atividades mais antigas da humanidade, as referências a ela percorrem desde a canônica obra de Homero até os poemas de Cecília Meireles. As metáforas clássicas utilizam as imagens das linhas, tecidos e construção de tramas. Para além delas, o fiar simboliza a construção de uma identidade cultural, social e por que não, identitária.  

Na região de Prados, antes da automação da produção de baixeiros para cavalos, a tecelagem era um ofício amplamente transmitido entre as gerações. Eliana, distante desse processo de mecanização, tece manualmente com fios coloridos de algodão. Suas peças, inspiradas na natureza que a cerca, misturam motivos de pássaros e flores a linhas geométricas. São quadros, tapetes, passadeiras e alteiros. 

As técnicas utilizadas no tear de quadro foram aprendidas com a avó e a mãe. Ela se lembra de, aos seis anos, já estar junto aos teares, ajudando a construí-los e aprendendo a transformar fios em baixeiros. A transição da produção de baixeiros para outras peças marcou o início de sua assinatura própria. Passou a utilizar fios mais finos e a explorar combinações cromáticas mais variadas — enquanto os baixeiros tradicionais utilizam apenas duas cores, suas novas criações revelam paletas elaboradas. Trata-se de um processo mais delicado, que demanda tempo. Sem abandonar as técnicas e os materiais originais, Eliana adapta a estrutura de madeira retangular do tear — composta por pente e urdidura — ao tamanho das peças que deseja produzir. O pente, com fendas e furos alternados, permite o movimento vertical dos fios, possibilitando o entrelaçamento com a trama. O tear de grade é construído com madeira e pregos por ela e por seu marido. 

Fotos de divulgação Artesol

O processo de tecelagem inicia-se com a preparação da urdidura, que é fixada nas extremidades do tear, passando de forma alternada pelos espaços do pente. A trama é então inserida com o auxílio de uma navete, atravessando os fios longitudinais. A cada passada, o pente é movimentado para cima ou para baixo, alternando os fios e formando o desenho do tecido. Após cada inserção, o pente é batido para compactar os fios e dar firmeza ao entrelaçamento. Para Eliana, o gesto é tão familiar que seus movimentos são rápidos, precisos e graciosos. 

Sobre quem cria

A resposta lacônica: “Vivo disso!”, guarda a experiência de uma vida tecendo.

Natural de Prados (MG), a história de Eliana está entrelaçada à tecelagem: são 41 anos dedicados ao ofício. O aprendizado do artesanato ocorreu por meio da transmissão familiar — da avó para a mãe, da mãe para ela, e dela para sua filha. Na época de sua avó, e de sua mãe, ainda que em menor escala, a região de Prados se destacava pela intensa produção têxtil, especialmente de baixeiros — peças utilizadas historicamente pela cavalaria na composição das celas. 

Eliana e sua irmã aprenderam o ofício ainda na primeira infância, suas primeiras lembranças são tecendo. Tinham entre cinco e sete anos quando começaram. A atividade já era compreendida como trabalho: frequentavam a escola e, em casa, teciam para contribuir com a renda familiar. A irmã, tão logo teve a possibilidade, deixou a atividade. Eliana, por outro lado, afirma que, desde o início, sentia prazer em tecer. Por isso, não se recorda de um momento em que não estivesse tecendo. 

A primeira peça que produziu de forma autoral foi um tapete marrom com uma flor amarela, feito para enfeitar sua casa. As pessoas viram, gostaram — e os pedidos começaram a surgir. 

Sobre o território

Situada na região de Campos das Vertentes, a cerca de 190 km da capital mineira, Prados é uma cidade do período colonial que conserva belas e antigas construções do século XVIII. Sua fundação remonta ao período da mineração no vale do Rio das Mortes, por isso uma característica marcante da cidade são as ruas tortuosas, os casarões e as igrejas coloniais da época do circuito do ouro. Assim como São João Del Rei e Tiradentes, que cidades próximas a Prados. 

Com uma grande diversidade de flora e fauna, a Serra São José – hoje uma Área de Preservação Ambiental (APA) – compõe a paisagem local, ao lado do cerrado, da Mata Atlântica e dos campos rupestres. O município compõe a rota turística da Trilha dos Inconfidentes. Conta-se que ali viveu a mulher considerada como a mais atuante no movimento da Inconfidência Mineira: a rica pradense Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, esposa do inconfidente Francisco Antônio de Oliveira Lopes. 

A cidade é fortemente marcada pelo barroco mineiro, se destacando pelo artesanato e arte popular em madeira, mas sem se restringir a essa expressão artística. Prados abriga uma ampla variedade de expressões artesanais, que geram novas possibilidades de trajetórias para os artesões e ampliam cena artística local.  

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