Família Cândido
A temática tradicional desenvolvida pela mãe segue no fazer das filhas que se inspiram nas tantas manifestações culturais e religiosas presentes na região como o reisado, o maracatu, o bumba-meu-boi, maneiro-pau, festa junina e as procissões.
Mostrar contatos
AbrirFechar
Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.
A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.
Sobre as criações
A temática tradicional desenvolvida pela mãe segue no fazer das filhas que se inspiram nas tantas manifestações culturais presentes na região como o reisado, o maracatu, o bumba-meu-boi, maneiro-pau, festa junina; e na religiosidade popular expressa nas procissões, romarias e na figura emblemática de Padre Cícero. Maria do Socorro e Dora também se inspiram e se apropriam de personagens da Televisão, nas histórias das pessoas e na vida da roça.
Para a confecção das peças, fazem primeiramente uma placa que recortam do tamanho que querem e vão colando as peças nessa placa. Para garantir que não caiam, colocam um arame e finalizam com a pintura feita com riqueza de detalhes e muito capricho.
Sobre quem cria
Maria de Lourdes Cândido Monteiro (1939) teve 11 filhos e moldava brinquedos de barro, como cavalinhos e panelinhas para entretê-los. Sua irmã mais velha, Cícera Fonseca, conhecida como Ciça do Barro Cru, já vivia como artesã, fazendo máscaras e imagens de santos. Ela havia aprendido com o tio, João Cândido, que fazia esculturas.
Cícera convidou a irmã a ir até a sua casa para lhe ensinar, no entanto, com tantas tarefas que tinha em seu cotidiano, cuidando dos filhos e da lavoura, Maria de Lourdes não tinha tempo para ir até a casa de sua irmã, então desenvolveu sozinha sua habilidade com o barro. Um dia, levou as peças que estava fazendo para Cecília ver e foi incentivada por ela a continuar.
As pessoas gostaram e começaram encomendar e ela foi passando para as filhas que começaram a ajudá-la a fazer as “miudezas”, como ela gosta de chamar. Passou a a oferecer as peças no mercado, e um dia recebeu uma encomenda especial do dono da fazenda onde moravam. Ele pediu que Maria de Lourdes fizesse diferentes peças, como pessoas dançando, sanfoneiros, representações de casamento e missa, entre muitas outras. Esse pedido abriu as portas da criatividade de Maria de Lourdes que a partir daí foi criando os mais variados cenários.
Todo esse começo se deu na década de 1970. Na década seguinte, já bem segura e confiante em sua arte, Maria de Lourdes decidiu experimentar algo novo, colocando os bonecos em uma placa de barro, dispostos como em um quadro de parede. Em 1985, Stênio Diniz visitou a família para conhecer o trabalho delas e sugeriu chamar as peças de “pema”, porque cada uma conta uma história.
Por muito tempo, sua filha Maria Cândido Monteiro (1961 – 2010) e Maria do Socorro Cândido (1970) estiveram juntas desenvolvendo sua arte, até que em 2010, Maria Cândido faleceu e Maria das Dores Monteiro de Araújo (1968) passou a fazer junto com a mãe e com a irmã. Após o falecimento de Maria de Lourdes em 2021, Maria do Socorro e Dora, como é conhecida Maria das Dores, seguem à frente do trabalho. Algumas vezes, outros irmãos também fazem as peças, como Elias, Cícera e Maria José.
Sobre o território
Juazeiro do Norte, situada no sul do Ceará, deve seu crescimento em grande parte ao padre Cícero Romão Batista, líder religioso e político que soube converter em desenvolvimento para a região o afluxo de peregrinos para lá atraídos após o “milagre” ocorrido com a beata Maria de Araújo, cuja boca sangrava ao receber a comunhão.
Numa situação de grande movimento migratório, iniciado no final do século XIX, a produção artesanal foi até recentemente a principal forma de geração de renda para os que se estabeleciam no pequeno arraial, atualmente a segunda maior cidade do estado. O mercado e suas proximidades ainda abrigam lojas nas quais uma enorme gama de artigos artesanais é vendida para as lides do trabalho e do dia-a-dia. São cestas, esteiras, chapéus, vassouras, lamparinas, baldes, panelas, cinturões, alpercatas, potes e muitos outros objetos, confeccionados por artesãos que aprenderam seu ofício com os mais velhos e hoje ensinam os jovens que ainda se interessam por essas atividades tradicionais.
Além desse artesanato voltado para as necessidades da vida cotidiana, Juazeiro é rica em artesãos que lidam com o imaginário e produzem de santos a animais fantásticos, de oratórios a cenas esculpidas no barro, de apitos zoomorfos a coroas usadas nos reisados. Essa produção, mais associada aos aspectos lúdicos e religiosos da vila, e na qual a criatividade de cada autor se destaca para além dos padrões herdados dos antepassados, é comercializada pela Associação de Artesãos Padre Cícero, que funciona no Centro de Cultura Popular de Juazeiro do Norte – Mestre Noza.