Fernando Guiginski
Com resíduos vegetais encontrados nas beiras de rios, praias, sítios e até de podas urbanas, Fernando Guiginski confecciona mais de 30 instrumentos musicais. Pesquisador dedicado, cataloga as plantas da Mata Atlântica e de outros biomas a partir dos sons que podem proporcionar.
Mostrar contatos
AbrirFechar
Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.
A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.
Sobre as criações
Com resíduos vegetais encontrados nas beiras de rios, praias, sítios e até de podas urbanas, Fernando Guiginski confecciona mais de 30 instrumentos musicais. Pesquisador dedicado, cataloga as plantas da Mata Atlântica e de outros biomas a partir dos sons que podem proporcionar.
Do caule do pendão de flor do agave americano, Fernando faz seus conhecidos paus de chuva. O som da água é produzido pelo deslizar de pedrinhas encontradas nos rios, que guardam a memória das águas. Do jequitibá nascem agogôs, sopros, assovios e caixas. Com os frutos lenhosos das sapucaias, cujo nome em tupi significa “som forte”, constrói bongôs, tambores, agogôs e kalimbas que possuem um timbre único. Os frisos no bambu dão origem a reco-recos. E caroços de manga viram maraquinhas.
Além de realizar todo o tratamento e entalhe dos materiais vegetais, Fernando também curte artesanalmente o couro utilizado nos tambores, que também podem ser feitos com pilões ou móveis velhos. No acabamento das peças não utilizas vernizes ou tintas sintéticas, apenas a cera de abelha ou de carnaúba, bem como o tratamento com fogo.
Sobre quem cria
Fernando Guiginski | Créditos: Divulgação Artesol.
Fernando é natural de Rio do Sul, no Vale do Itajaí em Santa Catarina, mas muito cedo mudou para a capital Florianópolis. Sua mãe era dona de casa e seu pai era mecânico, muito habilidoso com trabalho em madeira. Começou a trabalhar como mensageiro de hotel, mas logo percebeu que se sentia incompleto.
Decidiu ser artesão para ser dono do próprio tempo. Atuou no teatro de rua, ligado ao folguedo do Boi de Mamão, onde teve o primeiro contato com instrumentos musicais acústicos. Entre 2012 e 2016 viveu em uma ecovila, onde participava de oficinas de investigação de instrumentos tradicionais. Ao fim da experiência, mudou-se com sua família para Jambeiro, no estado de São Paulo, onde começou a pesquisar as plantas da Mata Atlântica e montou sua primeira oficina.
Ficou em Jambeiro até ser convidado por Mestre Silvio, de Iguape, para auxiliar no resgate do encordamento dos tambores de congo. Em um de seus 10 dias de estadia, passou em frente a uma casa que estava à venda: era um sítio com um galpão. Havia encontrado o local ideal, onde mora com sua família até hoje.
Fernando também é arte-educador, realiza oficinas em escolas e eventos. Criou um kit educativo formado por instrumentos pequenininhos para promover a percepção musical em conjunto com a questão ambiental.
Sobre o território
Foto de Iguape | Créditos da foto: Camila Pinheiro.
O município de Iguape está localizado na região do Vale do Ribeira, em São Paulo. Faz parte de um complexo estuarino-lagunar do Mar Pequeno, corpo de água que separa o munícipio, no continente, de Ilha Comprida. Essa região é protegida pela Área de Preservação Ambiental Cananeia-Iguape-Peruíbe e possui vegetação de mangue, restinga e Mata Atlântica. É um dos 15 municípios do estado reconhecidos como estâncias balneárias e o turismo é uma de suas principais fontes de receita. A região possui diversos sítios arqueológicos de sambaquis deixados por populações que viviam na região há pelo menos 5 mil anos.
Iguape também é rica em manifestações culturais. A cidade é palco de carnavais de rua e realiza a segunda maior festa religiosa do estado de São Paulo, a Festa do Senhor Bom Jesus de Iguape. Também preserva o Fandango Caiçara, uma forma de expressão registrada pelo IPHAN em 2012 como bem imaterial que compõem o Patrimônio Cultural do país. No artesanato, Iguape é conhecida pela produção das rabecas e das panelas pretas de barro, que recebem sua cor da resina da árvore Jacatirão.