Grão de Cor
As conhecidas garrafas de areia colorida, tão presentes no imaginário brasileiro, apresentam em suas composições as mais diversas representações da paisagem do paradisíaco litoral cearense.
Mostrar contatos
AbrirFechar
Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.
Sobre as criações
As conhecidas garrafas de areia colorida, tão presentes no imaginário brasileiro, apresentam em suas composições as mais diversas representações da paisagem do paradisíaco litoral cearense. São casinhas, coqueiros, jangadas, burrinhos, dunas e falésias desenhadas pelas hábeis mãos de artesãs e artesãos do litoral norte.
Foi justamente a finíssima areia multicolorida das falésias da praia de Majorlândia que inspirou dona Joana Carneiro Maia, em meados dos anos 40, a criar composições em pequenas garrafas. Eram composições geométricas, uma coleção de areias que passou encantar turistas que visitavam a região. E, por obra do acaso, as composições passaram a ganhar os contornos da paisagem. Toinho, filho de Joana, conta que um dia a mãe estava trabalhando com a areia e uma das garrafas, ainda inacabada, caiu fazendo a areia se organizar em um desenho abstrato. Dessa forma abstrata, Toinho enxergou os primeiros traços da paisagem que com a prática se desenvolveu aos elaborados desenhos que encontramos hoje.
No início usava-se a areia colorida das falésias, mas com o tempo, para preservação da paisagem inspiradora, passou-se a colorir a areia branca retirada do subsolo de maneira sustentável. A areia é colorida com tinta à base de água, pilada e peneirada antes de ir para as garrafas. As ferramentas utilizadas são de fabricação própria, utilizando aro de bicicleta ou vareta de guarda chuvas, e chamam-se palheta e concha. A concha é utilizada para colocar a areia no recipiente, enquanto a palheta é utilizada para ordenar as cores e formas do desenho.
Os principais produtos são imãs de geladeira, chaveiros, garrafas de tamanhos variados e vasos decorativos.
Sobre quem cria
Em 1984 a arte em areia chegou ao Conjunto Ceará, bairro de Fortaleza, onde até hoje vivem as integrantes do grupo Grão de Cor. Por intermédio da cunhada Liduina e sua irmã Genira, vindas de Majorlândia onde a técnica já era amplamente difundida, Maviniê Mota aprendeu os segredos de como “colocar desenhos na garrafa” e ensinou outras artesãs e artesãos da vizinhança.
O crescimento foi rápido, em 1990 já faziam suas primeiras exportações e ao longo das décadas espalharam seus grãos de cor pelos 4 cantos do mundo.
Cada uma das integrantes trabalha de forma independente, coordenando seus núcleos familiares de produção. O grupo formado por Maria Maviniê de Oliveira Mota, Antônia Avany de Oliveira, Maria do Carmo de Oliveira Marques, Socorro Maria Oliveira da Silva, Francisca Roseno da Silva, Fabricia de Souza Ferreira, Maria Fontes Andre, Francisco Machado de Oliveira participa de feiras, vende em pontos turísticos e recebe grandes encomendas, de 30, 40 mil peças. Nesses casos é necessário expandir o grupo, acionando a extensa rede de artesãos familiares e amigos, que trabalham juntos no pedido até a entrega.
Nas criações independentes, quando não precisam seguir um padrão encomendado, os artistas apresentam a personalidade do traço. Ainda que sigam a mesma temática, é possível reconhecer na escolha das cores e formas a personalidade de quem produziu.
Sobre o território
O bairro Conjunto Ceará nasceu como projeto da Companhia de Habitação do Ceará e foi inaugurado em 1977. Na época, o Brasil passava por uma grave crise habitacional e vertiginoso crescimento da desigualdade, levando à criação do Banco Nacional de Habitação.
Nesse contexto, o Conjunto Ceará acolheu principalmente migrantes vindos do interior do estado em busca de melhorias de vida. Era preciso muito trabalho para transformar a infraestrutura entregue em lar, e esse trabalho foi coletivo, na base de mutirões e muita solidariedade que uma vida digna foi sendo construída.
Hoje um dos bairros mais populosos da capital Fortaleza, conserva o senso comunitário da população que convive há tantas décadas e segue escrevendo a história do lugar. Nesse mesmo senso comunitário é que o trabalho do Grão de Cor se fortalece. Tendo se desenvolvido em meados dos anos 80, fez parte do crescimento do Conjunto Ceará e hoje leva seu nome para o mundo.