A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Cristina Lauteman


Cristina integra a Associação Anchietense de Artesanato e é Mestra Artesã reconhecida pelo estado e pelo programa de artesanato. Suas peças são criadas com conchas e búzios coletadas nas praias do litoral Sul do Espírito Santo.

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Anchieta – ES

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Sobre as criações

O artesanato com conchas no litoral sul do Espírito Santo remonta à práticas dos povos originários de utilizarem conchas e búzios para confecção de adornos. Registra-se também influência açoriana no tratamento e manuseio das escamas de peixes para criação de peças decorativas. Dadas tais heranças, o trabalho com conchas insere-se na cultura local, tendo centenas de pescadores, catadeiras de conchas e artesãs envolvidas na cadeia produtiva. O conhecimento ancestral que ganhou força e reconhecimento no início dos anos 80, é com o passar do tempo ressignificado pelas artesãs, que criam peças das mais variadas.

A produção inicia-se com a coleta, higienização e seleção da matéria prima. As catadeiras de conchas e búzios realizam a primeira etapa, coletando nas praias da região conchas das mais variadas cores e tamanhos. É nos períodos de troca de lua para a lua crescente que as conchas aparecem em maior número, e cada uma possui um local e uma especificidade. O material coletado de forma sustentável respeitando os ciclos e áreas preservadas, é vendido a litro ou a quilo às artesãs que podem também catar e limpar as conchas. A segunda etapa consiste em categorização e seleção das conchas por cor e tamanho. Cada peça produzida é pensada e composta a partir dessa disponibilidade material. Para montagem, são utilizadas agulhas, linhas de nylon, cola quente e suportes de isopor.

A criação e utilização das peças é infinita tanto quanto a criatividade das artesãs. São acessórios, objetos utilitários e decorativos que viajam do mar às mãos de quem faz e de quem consome, criando uma extensa linha de contato com a natureza e cultura local.

Crédito da foto: Helena Kussik

Crédito das fotos: Helena Kussik

Sobre quem cria

Tudo começou em 1987, foi o ano em que Cristina Lauteman ficou viúva e andando na praia, catando conchinha e chorando, como conta, descobriu uma florzinha com as conchas coletadas ao abrir a mão. Revelou-se assim uma possibilidade à artesã que desde a infância experimentava com as possibilidades criativas. Num bioma rico em conchas, foi com a rosinha que iniciou a produção. Os amigos começaram a encomendar e aos poucos Cristina fortaleceu a produção e começou a participar de feiras em todo Brasil.

Há 17 anos, fazendo uma feira em Guaraparí, ouviu que freiras portuguesas trabalhavam com escamas. Curiosa, foi buscar escamas no mercado de peixes de Anchieta e ficou 3 meses tentando desenvolver a técnica para higieniza-las e utiliza-las no artesanato. Assim, com criatividade e dedicação, foi ampliando o repertório de formas e usos de materiais, utilizando tudo que as águas do Sul do Espírito Santo oferecem. Com o trabalho atrelado à utilização de matéria prima de origem natural, os envolvidos na cadeia produtiva acabam gerando uma consciência ambiental relacionada à preservação do bioma que possibilita a reprodução da vida marinha. Dessa forma fortalece-se um ciclo de produção sustentável e de profunda relação ao meio ambiente. 

Hoje Cristina integra a Associação Anchietense de Artesanato e é Mestra Artesã reconhecida pelo estado e pelo programa de artesanato.

Crédito da foto: Helena Kussik

Sobre o território

O território onde está localizado o município de Anchieta era, no momento da chegada dos colonizadores portugueses, ocupado pelos Temiminó, designativos de nações tupi. Em 1561 o jesuíta José de Anchieta foi responsável por fundar no local uma aldeia de catequese indígena, nomeada Iriritiba – do tupi “terra de muitas ostras”. Por um longo período de sua vida, entre suas passagens por outros estados, o padre permaneceu na região, onde veio a falecer no ano de 1597. Em meados do século XVIII, quando a Companhia de Jesus foi expulsa das terras portuguesas, a vila passou por um momento de decadência devido à desocupação, para mais tarde, no século XIX, ser o porto de milhares de imigrantes italianos. Em 1887 foi reconhecida como cidade e seu nome homenageia o santo jesuíta.

O município com uma população de 27 mil habitantes tem a agricultura de subsistência, a pesca e o artesanato como principais ocupações da população. Nas temporadas de verão a cidade recebe milhares de turistas que escolhem as belas e conhecidas praias como ponto de veraneio. Porém, a maior receita é proveniente das grandes indústrias que instalaram-se na região, como a mineradora Samarco.

No Litoral sul do Espírito Santo, ao lado de Piúma e Guarapari, Anchieta figura uma das maiores produtoras de artesanato com conchas do Brasil. A enorme variedade de conchas existentes na região se deve ao ecossistema ideal, onde o rio Benevente encontra-se com o mar e as vastas áreas de mangue preservadas são o habitat ideal para reprodução dos moluscos. Cada uma das 23 praias possui um microbioma diferenciado, sendo encontradas conchas únicas, o que contribui para que essa seja a região com maior variedade de conchas exóticas do país.

Crédito da foto: Helena Kussik

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