IARTE – Associação dos Artesãos do Sítio Ipueiras, Curral Novo e Córrego das Pedras
A Associação foi formalizada apenas em 2013, mas seus associados já trabalham juntos há décadas. São, atualmente, 31 mulheres e 02 homens, que dividem suas atividades entre a renda, o trabalho doméstico, estudos e a agricultura.
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Sobre as criações
A partir da renda de filé, a Associação produz jogos americanos, caminhos de mesa, colchas de cama e roupas; tudo em linhas de algodão, em um processo minucioso. Para construção da renda, a primeira etapa é produzir a malha, utilizando a “tabuleta” (pedaço de madeira da largura desejada), uma etapa similar à confecção da rede de pesca. Não é à toa que a base da renda seja a mesma da rede de pesca. Como se diz: “quando a rede não traz o peixe, a renda bota o peixe na mesa”.
Segundo Marta Alves, presidente da Associação, a malha tem que ser feita inteiramente pela mesma pessoa, porque deve formar laçadas iguais. Por isso essa etapa não é dividida para manter a firmeza da mesma mão em cada laçada.
Depois de construir a malha, ela é esticada na “grade”, estrutura de madeira com pregos ou tachinhas ao redor, gerando uma superfície quadriculada, daí o nome, de até 3 metros de comprimento.
A terceira etapa é o bordado, que se caracteriza pelo enchimento da malha com os desenhos escolhidos. Essa etapa pode ser feita coletivamente, e é comum que as artesãs, sentadas em volta da grade, façam os bordados conversando. Esses desenhos sempre trazem referências da natureza local, inspirando diversas coleções, como a folha da Carnaúba ou o Pau Branco, e a Flor da Catingueira.
Para finalizar, o trabalho pode receber goma ou não, dependendo de seu uso. Também pode ser costurado, como os vestidos que vêm sendo produzidos desde 2018 pelos dois homens associados, em parceria com a costureira Maria Auxiliadora.
As cores e formas da renda de filé chamam muita atenção do público nos eventos regionais e nacionais dos quais participa. A Associação também fornece seus produtos em pontos de venda e divulgação na cidade de Fortaleza e para lojistas de diversas capitais.
Sobre quem cria
Artesanato tradicional na cidade, a renda de filé é produzida desde os anos 1940. Segundo Marta “Todo mundo que nasceu aqui em Jaguaribe vai passando pela renda de filé…”. Ensinada dentro das famílias, é muito importante para a economia local e há 4 associações na região.
O trabalho com a renda de filé em Jaguaribe acontece dentro das casas junto às atividades cotidianas, envolve toda a família e as crianças aprendem desde pequenas. A Associação dos Artesãos do Sítio Ipueiras, Curral Novo e Córrego das Pedras possui sede própria, onde realizam suas reuniões mensais e dividem o trabalho e as decisões.
Foi formalizada apenas em 2013, mas seus associados já trabalham juntos há décadas. São, atualmente, 31 mulheres e 02 homens, que dividem suas atividades entre a renda, o trabalho doméstico, estudos e a agricultura. Com a maturidade de um grupo organizado, estão em constante busca de aperfeiçoamento e formação de parcerias, se dividem diante de encomendas e articulam vendas para todo país.
Sobre o território
Jaguaribe é uma cidade da Caatinga Cearense que, apesar de ter crescido às margens do rio Jaguaribe, não tem muita disponibilidade de água. Já enfrentou secas severas até que toda comunidade fosse abastecida por poços, ou como chamam, cacimbas.
É uma cidade calma e pacata, onde “todo mundo senta na calçada”. Com aproximadamente 35 mil habitantes, apresenta uma grande atividade produtiva de derivados de leite, envolvendo desde muitas pequenas fábricas de queijo coalho à uma indústria de laticínios de grande porte.
Jaguaribe é uma cidade que enaltece sua produção material e imaterial ainda na entrada, com um letreiro convidativo em que está escrito: “Cidade do melhor queijo coalho do mundo e da mais bela renda de filé”. Também determinou, por Lei em 2022, o dia 19 de março como o dia da Renda de Filé no município.