A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Associação Mulheres de Fibra


Com as Mulheres de Fibra, que vivem na zona rural do município de Maragogi, o filé ganhou cara nova e passou a ser produzido com fibra natural extraída da bananeira.

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Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Telefone (82) 98829-5912
Contato Amara Lúcia Silva de Oliveira
Assentamento Água Fria – Zona Rural, CEP 57955-000, Maragogi – AL

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Sobre as criações

Eliene Bernardo da Silva, produz produtos de artesanato utilizando a fibra da bananeira e os pontos do conhecido filé alagoano em Maragogi, litoral norte de Alagoas / Crédito da foto: Michel Rios

Crédito das fotos: 1. Michel Rios / 2. Itawi Albuquerque / 3-4. Divulgação Artesol

A renda filé de origem européia, registrada como Patrimônio Cultural Imaterial no estado de Alagoas, é produzida no litoral norte do estado, especialmente em Marechal Deodoro, com linhas coloridas de algodão. No entanto, na zona rural do município de Maragogi, o filé ganhou cara nova e passou a ser produzido com fibra natural extraída da bananeira. 

Do pseudocaule da bananeira são extraídas três camadas de fibras com diferentes texturas chamadas seda, renda e filé; a seda é a mais utilizada para os pontos, enquanto o filé é utilizado para o acabamento, já a renda, por ser mais grossa, é menos usada. A rede de base é feita em algodão e esticada em um tear de madeira. Sobre esta base a fibra da bananeira já em fios é bordada com uma agulha, formando pontos como o arroizinho, oito oitenta, filé, esteirinha, flor mimosa, olho de pombo. 

Desta produção saem objetos decorativos e de uso cotidiano como vasos, luminárias, esteiras, jogos americanos, porta guardanapos, bolsas, colares e o que mais a criatividade ditar.

Sobre quem cria

Foto de divulgação Artesol

A analogia do nome é clara e direta: Mulheres de Fibra são aquelas que, mesmo na adversidade do ambiente cotidiano, resistem, lutam e constroem. Além de força, a fibra é também matéria prima do trabalho que gera renda no assentamento de Água Fria, zona rural do município de Maragogi. 

O beneficiamento da matéria prima foi ensinado por artesãs de comunidades vizinhas e o aperfeiçoamento dos produtos veio ao longo dos anos através de capacitações realizadas pelo Sebrae e muita dedicação do grupo. 

As dez integrantes reuniram-se em 2009 com intuito de buscar no artesanato alternativas para subsistência. Em 2011 através de parcerias com a Prefeitura Municipal de Maragogi, COOPEAGRO e SEBRAE a associação foi formalizada. Assim, mulheres que trabalhavam essencialmente na agricultura encontraram na união possibilidade de autonomia e independência financeira. Além de ser um trabalho mais aprazível, o artesanato gera renda para mulheres que antes não tinham qualquer acesso a atividades remuneradas. Dessa maneira há uma transformação na esfera local, tendo maior segurança e estabilidade familiar. Os exemplos são impactantes e acabam por atrair as mais jovens para o grupo.

As integrantes da associação reúnem-se na sede da associação para trabalhar e comercializar as peças. As vendas são realizadas no local, em lojas nas principais capitais e em feiras especializadas. 

Sobre o território

Foto de divulgação Artesol

O município de Maragogi, litoral norte de Alagoas, está localizado equidistante de duas capitais nordestinas, Maceió e Recife. Suas praias de águas quentes e cristalinas que hoje atraem turistas do mundo todo, outrora foram território de quem estava à margem do sistema canavieiro, o qual pautou sua configuração histórica cultural. Isso porque a elite local renegava a franja litorânea, onde aos poucos pessoas atraídas por oportunidades de trabalho fixaram residência. O crescimento demográfico desordenado intensificou-se a partir da construção da AL 101 norte, em 1979, que acabou por consolidar o local em ponto de veraneio e reconhecido destino turístico

Na década de 1990 através de um processo de loteamento promovido pelo Incra, o território do assentamento conhecido como Água Fria, cujo nome oficial é 08 de Outubro, foi dividido em 42 lotes e hoje conta com 45 famílias, pouco mais de 250 habitantes. 

Neste ambiente rural que desde 2009 um grupo de 10 mulheres uniu-se a fim de promover um melhor desenvolvimento social e econômico e a ideia não poderia ser melhor: beneficiar uma matéria prima local que antes era descartada, o pseudocaule da bananeira, para a produção do filé, renda símbolo do estado. Assim que receberam os primeiros treinamentos, as mulheres começaram a produção e não pararam mais. 

Nos anos de 2014 e 2015 foram desenvolvidos projetos em parceria com o Instituto Federal e o local passou a integrar um roteiro de ecoturismo de base comunitária da Trilha do Visgueiro, que recebe este nome por conta da árvore típica da região, algumas com mais de 500 anos. Logo na entrada da comunidade a casa de taipa verde e amarela chama atenção, é onde as mulheres encontram-se para produzir, discutir atuações futuras e receber visitantes interessados em conhecer e aprender um pouco da técnica. 

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