A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Irmãos Bretas


Auto-didatas, cada irmão imprimiu suas características à arte em Esteatito, conhecida popularmente por pedra-sabão. São premiados, reconhecidos e prestigiados como mestres-artesãos.

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Sobre as criações

Esteatito, conhecida popularmente por pedra-sabão. Rocha encontrada nas camadas profundas da crosta terrestre, de textura específica: superfície lisa e aveludada ao toque. Símbolo de Ouro Preto, esculpe a identidade e memória da região. Difícil falar no material sem citar os irmãos Bretas, pioneiros na escultura artística contemporânea em pedra-sabão, num trabalho que acumula 55 anos percorridos pelos estilos Barroco, Clássico, Moderno, Figurativo e Abstrato, com obras impactantes e de expressiva diversidade. 

“A arte na pedra sabão nunca mais seria a mesma depois que aquele menino franzino, de calças curtas, pés no chão e balaio de taquara às costas carregado de pequenas peças em argila e pedra sabão atravessou a Praça Tiradentes em uma manhã fria de neblina vindo de sua casa para mostrar aos poucos lojistas daquela época o seu talento precoce e de vanguarda em meio ao artesanato tradicional do final dos anos 50 que imperava na histórica  de Ouro Preto”

Ernane

Sobre quem cria

O menino citado era Libório Bretas. Trazendo mais do que um balaio, ele vinha carregado de ideias e novas possibilidades em um tempo em que os utilitários torneados e as réplicas de pias e chafarizes era o que dominava essa arte. Inspirado em uma figura conhecida na cidade, Seu Bené da Flauta, que esculpia pequenos animais na pedra – sucesso entre os turistas – Libório passou a se dedicar a arte em pedra sabão como forma de ajudar o pai carpinteiro, Seu Afonso Bretas, a sustentar uma família numerosa. A aceitação imediata das peças e a crescente demanda influenciou os irmãos mais novos a se juntarem na empreitada. 

“Nascia a saga dos irmãos Bretas, aqueles que trariam um novo olhar sobre a pedra sabão, influenciando todas as gerações que viriam a seguir e revitalizando todo o setor. Inúmeros artesãos deram suas primeiras cinzeladas sob o comando deles no atelier localizado na Vila São José, em Ouro Preto, quando o aumento da demanda por suas peças já extrapolavam as fronteiras mineiras, e até nacionais, no fim dos anos 60”. 

Ernane

Auto-didatas, cada irmão imprimiu suas características. Vicente Bretas se descobriu um artista abstrato, de uma arte mais moderna, contemporânea. Cria esculturas impressionantes explorando a forma humana conferindo a elas um movimento singular. Aprecia manter a pedra natural, sem polimento, preservando o aspecto acinzentado e aveludado – abre mão das escalas de verde que ela ganharia no processo de polimento. Libório e Duilio seguiram um estilo mais fiel ao barroco. A partir de profundos estudos sobre a obra de Aleijadinho, mais importante escultor e entalhador brasileiro, Heli conferiu um novo olhar ao estilo. A enorme curiosidade em aprender e as pesquisas de campo com foco na arquitetura e obras do barroco, forjaram seu aprimoramento nesse estilo e direcionaram seu trabalho, que se voltou ao barroco do período de 1750 a 1850. Marcou suas peças por arestas. Sempre angulosas.

Premiados e reconhecidos como mestres-artesãos em 2017 pelo PAB (Programa do Artesanato Brasileiro) através do Projeto Mestres da Arte e do Artesanato, viajaram, conheceram autoridades da política, religião e artistas, compradores e colecionadores de sua arte. Fizeram exposições pelo Brasil e suas peças se espalharam pelo mundo.

Irmãos Bretas / Crédito das fotos: Divulgação

Sobre o território

Em Ouro Preto, as esculturas e entalhes em pedra-sabão simbolizam a cidade. Os irmãos mudaram-se de Cachoeira do Campo para lá nos anos 60. Por volta de 1967 já estavam todos trabalhando profissionalmente e desde que retornaram para Cachoeira do Campo, o centro do artesanato da pedra se deslocou com eles pra lá. Da década de 60 até os anos 80 o local de seu ateliê se transformou, despretensiosamente, em um centro de encontro, intercâmbio e aprendizado. Muitos passaram por ali, adultos, crianças, e adquiriram base de conhecimento no ofício. Hoje, praticamente todos que se dedicam ao ofício estão instalados no simbólico lugarejo. Recentemente, Heli mudou-se do sítio onde construiu sua história com seus irmãos, em Cachoeira do Campo. Está agora na cidade, o que não lhe permite mais a execução das peças grandes com as quais construiu sua história. Libório e Duílio seguem com os ateliês, com a produção reduzida e Vicente se mantém produzindo além de dar continuidade ao extenso e diverso acervo de peças contemporâneas e de formas abstratas, expostas para comercialização.

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