Joelito dos Reis
Nas mãos de Joelito, a terra vermelha das nascentes do rio do Antônio toma formas que dialogam com a cultura nordestina e revelam memórias de sua infância na Chapada Diamantina.
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Sobre as criações
“A minha vivência na Chapada da Diamantina, a minha infância, eu trago muita coisa desse período. Flores, o Sumaré, a Orquídea. Minha cidade era a Cidade das Flores e minha mãe gostava do Copo de Leite.”
Joelito descobriu a cerâmica na infância. Ao longo da vida, percorreu diferentes caminhos, mas foi na maturidade que voltou ao exercício específico da arte onde a cerâmica é a sua forma de expressão. Hoje, trabalha com a terra vermelha das nascentes do rio do Antônio, que fica no município de Brumado, na Bahia. Nas suas mãos, o barro toma formas que dialogam com a cultura nordestina e revelam memórias de sua infância na Chapada Diamantina.

Da infância, Joelito carrega lembranças vivas das tradições da Chapada Diamantina — os Ternos de Reis, os presépios, as festas de São Benedito e dos vaqueiros, as micaretas, o Sete de Setembro, os teatros e tantas outras manifestações que hoje resistem apenas na memória. Traz também recordações da exuberância da flora e da fauna que cercavam aquela região.
Suas criações transitam entre o revestimento cerâmico e a escultura artesanal, dando origem a murais e painéis que podem ocupar paredes inteiras, além de peças concebidas para serem apreciadas como obras únicas. As peças avulsas também se adaptam a diferentes suportes, podendo ser instaladas tanto em superfícies verticais quanto horizontais. Inspirado por mestres da xilogravura, como J. Borges, Joelito leva ao barro os traços da estética popular, criando relevos que evocam as gravuras e os cordéis nordestinos.
A coleção Mucambo, composta por peças modulares quadradas, resgata a arquitetura vernacular ao remeter às casas de barro típicas do interior do Brasil. Cada peça traz elementos simbólicos, como flores, trevos e cordéis, que ampliam o repertório visual e narrativo da série. A argila, preservada em sua tonalidade natural por não receber esmaltação, ganha nuances únicas e orgânicas por meio da queima em forno a lenha.
Sobre quem cria
Joelito Modesto dos Reis nasceu em Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, onde ainda criança descobriu sua vocação para a escultura. Aos oito anos, teve o seu primeiro contato com a argila. Na olaria de seu pais conheceu duas senhoras que faziam panelas de barro, que elas chamavam de “loiças”. Se tornou aprendiz de Dona Adélia e Dona Alzira, modelando peças inspiradas por elas. Adolescente, já criava alegorias de carnaval e festejos cívicos, demonstrando desde cedo sua ligação com as expressões populares. Formou-se em Artes Plásticas pela UFBA, lecionou em São Paulo e atuou na Fundação Cultural do Estado, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima (Funceb) em Vitória da Conquista. Mesmo durante esses períodos dedicados ao ensino e à gestão cultural, nunca se afastou completamente do fazer artístico e artesanal. No entanto, foi apenas após a aposentadoria que pôde, de fato, retornar plenamente ao barro, reencontrando-se com sua primeira paixão.
Hoje, com o apoio da família, comercializa suas peças e conduz encontros formativos em diversas cidades. Durante as oficinas, Joelito compartilha seus saberes: do preparo da argila a técnicas tradicionais como o beliscão, o acordelado e o trabalho com placas. Para ele, a cerâmica não é apenas técnica, mas também terapia e encontro:

“O resultado das oficinas me surpreende; ver a alegria das pessoas ao transformar o barro em forma é mágico”.
Ao olhar para o futuro, Joelito almeja preparar aprendizes que deem continuidade ao seu trabalho. Mais do que reconhecimento, deseja ser mestre pelo legado — alguém que registra, preserva e transmite o conhecimento ancestral da cerâmica.
Sobre o território
Foi em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, que Joelito se estabeleceu para modelar suas obras e dar continuidade à sua trajetória artística. Com mais de 340 mil habitantes, a cidade é a terceira maior do estado. Está situada entre os biomas da Caatinga e do Cerrado, sendo conhecida pelo clima ameno de serra, característica pouco comum na Bahia. Conquista é um dos principais centros urbanos do interior nordestino, exercendo influência sobre dezenas de municípios do entorno e atuando como ponto de encontro de diferentes paisagens e expressões culturais. A região abriga desde manifestações tradicionais, como a literatura de cordel e a música popular, até espaços dedicados às artes visuais contemporâneas, criando um ambiente diverso e fértil para a criação.
A argila utilizada no ateliê de Joelito vem da propriedade da família em Brumado – a Fazenda Flor de Algodão, que fica às margens do rio do Antônio. É dessa terra vermelha, cuidadosamente coletada e legalmente licenciada, que nascem suas expressivas peças.

























