A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Kula Tecelagem – Associação São Jorge Filho da Goméia


O grupo Kula Tecelagem trabalha com o resgate da tradição do Pano da Costa, ou Alaká, um tecido, introduzido no Brasil por povos africanos, com significado religioso e social.

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Telefone (71) 3369-2085
Contato Gessica Catarina Santana Neves
Rua Queira Deus, 78 – Bairro Portão, CEP 42713-480, Lauro de Freitas – BA

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Sobre as criações

Crédito da foto: Márcio Lima

A Associação São Jorge Filho da Goméia foi formalizada em 1995, mas já atua no bairro do Portão em Lauro de Freitas desde 1948, quando o Terreiro foi fundado por Mãe Mirinha de Portão. Sempre de portas abertas à comunidade do bairro para as práticas religiosas e sociais, diversas atividades são desenvolvidas na Associação: possuem museu, biblioteca, práticas de dança e capoeira, além de atividades de formação e capacitação profissional.

Atualmente, a presidente da Associação é a Mestra Griô Mãe Lúcia. Mãe Lúcia, aos 15 anos, conheceu a técnica de tecelagem com Mestre Abdias do Sacramento, mestre artesão reconhecido como o último representante do Brasil de uma linhagem de tecelões do pano da costa ou “alaká”. Mas foi a partir de uma viagem de intercâmbio cultural a Angola que Mãe Lúcia se encantou com a arte da tecelagem artesanal, retornando a Lauro de Freitas com a ideia de trabalhar a técnica dentro da Associação, junto a Girlene Neves – também Mestra Griô.

Dessa maneira, a partir de 2005 o grupo Kula Tecelagem foi formado com 30 pessoas da comunidade, em sua maioria mulheres, para resgatar a tradição do Pano da Costa na tecelagem artesanal dentro da Associação. As artesãs receberam uma formação dos mestres Zezito e Joselito, para compreender a manipulação do tear de pedal e darem início às atividades.

Alaká ou pano da costa é um tecido, originalmente artesanal, introduzido no Brasil por povos africanos, com significado religioso e social. Para tecer um pano da costa, as mulheres da Kula Tecelagem utilizam entre 500 e 900 fios no tear de pedal. Além do Alaká, o grupo produz panos de cabeça, jogos americanos, caminhos de mesa e o tecido em metragem para encomendas.

O processo é minucioso e lento. Utilizando linhas finas de algodão, é preciso cuidadosamente separar o urdume – base do tecido – e colocar fio por fio no tear, para depois prendê-los ao liço. É na alternância dos fios nos liços que se determinam os pontos que serão feitos pela trama: ponto balão, xadrez, escama de peixe, dentre outros. Depois de montado o urdume, a trama é feita com navetes, em um movimento sincronizado dos braços e pernas. As mãos levam as navetes por entre os fios e urdume e os pés manipulam os pedais do tear, como uma dança ritmada.

Outros materiais, como linhas brilhantes e fibras naturais, também são utilizados para diversificar a produção, que é exposta em feiras regionais e nacionais. Também participam do Desfile do Carnaval de Salvador, com a mostra cultural do bloco Afro Bancoma, produzindo parte do figurino da ala de dança em tecelagem artesanal desde 2007.

Sobre quem cria

Crédito da foto: Márcio Lima

O grupo de 30 pessoas que formam a Kula Tecelagem se reúne com freqüência para dividir as tarefas e para tecer juntas. Dentre essas mulheres, três são reconhecidas como Mestras Griôs e as demais são artesãs cadastradas.

A Kula Tecelagem também faz parte da Rede Mauanda, formada pelos empreendimentos de homens e mulheres de 17 terreiros da região que se articulam em coletivo para promover vendas e participação em eventos, compartilhando oportunidade e fortalecendo-se mutuamente.

Sobre o território

Crédito da foto: Márcio Lima

Lauro de Freitas é parte da região metropolitana de Salvador, na Bahia, emancipado apenas em 1962. Da população estimada em 200 mil pessoas, 83% se auto declaram pretas ou pardas e são registrados cerca de 400 terreiros de Candomblé. É, assim, uma referência nacional em relação às manifestações culturais de matriz africana. Tanto que o município instituiu 14 de maio como o Dia da Cultura Afro-Brasileira e reconheceu oficialmente seis Mestres Griôs.

A Associação São Jorge Filho da Goméia está localizada na rua principal do bairro de Portão. É um bairro simples, porém cheio de histórias e manifestações culturais, marcado inclusive pela presença do Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira.

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