Nonato Montefusco Dourado
Nonato produz gamelas e vasos, entre outras peças, com madeira de reaproveitamento de árvores que se encontram tombadas na floresta.
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Sobre as criações
Nonato produz gamelas e vasos, entre outras peças. Seu trabalho possui grande singularidade, sendo difícil de ser reproduzido. As peças são assimétricas e possuem uma espessura bem fina, de mais ou menos 8mm. São feitas com motosserra e a precisão do corte valoriza as curvas da madeira.
As madeiras com que trabalha são de reaproveitamento de árvores que se encontram tombadas na floresta, entre 10 e 20 anos. Quanto maior o tempo, melhor para o seu trabalho, pois ele valoriza as irregularidades e as rachaduras provocadas pela passagem do tempo. As madeiras com as quais mais costuma trabalhar são o balsamo roxo, o jacarandá do Amazonas e o breu vermelho.
Como são árvores com troncos muito largos, Nonato sai em expedições pela floresta, ficando acampado em uma comunidade próxima, por cerca de 20 dias. Nesse tempo ele busca as árvores, faz os cortes, trabalha as peças, fazendo o lixamento e tratamento contra insetos, e utiliza compressores portáteis para facilitar o seu transporte.
Sobre quem cria
“Tudo na vida eu conquistei com o artesanato. Eu sou uma pessoa grata por fazer o que eu sei, nessa área. Sou grato por tudo o que meu avô e meu pai passaram pra mim”.
nonato montefusco
Nonato Montefusco Dourado herdou do avô e do pai o gosto por trabalhar com a madeira. Tanto o avô como o pai usavam ferramentas simples, como o machado, para fazer esculturas, e a folha do Torém, para lixar as peças. Hoje Nonato trabalha principalmente com serras elétricas, tendo desenvolvido tecnicas específicas para conseguir o resultado que faz do seu trabalho único.
Nascido no estado do Amazonas, Nonato foi para o Acre com 12 anos de idade, junto com sua família, e nunca mais saiu. Teve proposta de ir para outros lugares, chegou a morar um tempo na Bahia, mas gosta mesmo é do Acre. Foi instrutor de cursos em nível técnico em design, no Senai do estado por 12 anos. Se especializou, no Canadá, em aproveitamento de resíduos florestais, oferecendo também capacitações nessa área.
A partir de 2007, se desligou do Senai, para desenvolver um trabalho próprio e poder explorar e se aprofundar nas técnicas de manipulação da madeira. Também se dedicou a três projetos que desenvolveu junto a comunidades extrativistas, voltados para o reaproveitamento. A partir de 2015, principalmente, o trabalho de Nonato passou a ser conhecido nacionalmente e internacionalmente, por sua tecnica sofisticada que é a mesma utilizada para esculpir o gelo.
Sobre o território
Rio Branco é a capital do estado do Acre, região cuja história é marcada pelo ciclo da borracha e pelos conflitos políticos que culminaram com a criação do Acre Território, após o fim da revolução acreana. Somente em 1962 o Acre foi transformado em estado. Mas mesmo todos os difíceis processos pelos quais a região passou, toda a violência, principalmente contra as comunidades indígenas locais, a região segue marcada pela presença de mais de 15 etnias indígenas, como Kaxinawá, Arara, Jaminawá, Ashaninka, Madija, entre outros – sendo algumas aldeias isoladas.
A diversidade se faz presente também na vegetação, pertencente ao bioma amazônico. Inúmeras palmeiras, árvores, sementes, aves, felinos, entre outros animais, colorem a região e inspiram a imaginação dos artistas e artesãos que podem unir a sabedoria e o conhecimento populares com as belezas vivas da floresta.
Diante de um processo de desmatamento que tem arrasado com a biodiversidade de tantas regiões brasileiras, o Acre parece um oásis. Mas, talvez por se tratar de um estado recente, ainda marcado pelos conflitos do passado, há pouca consciência da importância, da riqueza e da beleza da região.