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Sobre as criações
De herança portuguesa, a técnica de tecer com bilros instalou-se em nosso território há mais de quatro séculos. Presente especialmente em cidades litorâneas, com Natal, cada localidade desenvolveu características próprias, utilizando a técnica e explorando os materiais e instrumentos de maneira única.
A almofada cilíndrica é disposta em um suporte de madeira que alinha o trabalho à altura ideal para o corpo. A rendeira senta-se em frente à almofada que sustenta o risco e da qual pendem os bilros presos pela linha que formará a renda. Na dança dos bilros regida pelas hábeis mãos, os alfinetes vão definindo o caminho labiríntico, segurando o trançado que ganha forma. As rendeiras de Ponta Negra produzem peças de roupa e decoração, como blusas, saias, vestidos, bolsas, porta copos, passadeiras, toalhas e barrados.
Em 2023 participaram do Laboratório de Inovação Artesanal – LAB da Artesol, na qual desenvolveram a coleção Ginga em parceria com a design Maria Fernanda de Paes, da marca Yancatu. A coleção Ginga propõe uma conversa entre a renda e a pesca, prática tradicional de Ponta Negra. Assim a coleção inova o repertório de desenho das peças, compostas por itens de vestuário e de casa, e retoma a histórica relação com o território de pesca e de renda, marcado pela construção coletiva.
Sobre quem cria
Maria de Lourdes de Lima, a Vó Maria, aprendeu a rendar aos 7 anos em Pirangi e ainda criança mudou-se para a Vila de Ponta Negra, onde residiam várias rendeiras com quem aprimorou seus conhecimentos. Isso foi em meados dos anos 40 e hoje, com tantas décadas de prática, a mestra é uma das guardiãs da arte de tecer bilros no estado.
Nos anos 90, percebendo que a prática estava perdendo forças na Vila, vó Maria com apoio do seu filho Joka Lima decidiu reunir um grupo de amigas rendeiras Mestra Helena, Francisca, Josefa, Dona Graça e Lenide em sua casa para praticar, trocar ideias e servir como base para troca de saberes. Assim, há mais de vinte anos o núcleo de rendeiras de Ponta Negra reúne-se de segunda a sexta feira para rendar e conservar esse patrimônio imaterial vivo.
Ao longo dos anos, a Tapiocaria da Vó Maria transformou-se em Memorial do Bilro e tornou-se ponto de referência para os admiradores da renda. Uma das ações do grupo, voltada à salvaguarda da prática, é a Zoada dos Bilros, encontro promovido pelas rendeiras para familiarizar os visitantes com a história e prática da renda, além de dar visibilidade a cada artista/artesão do grupo. A iniciativa foi criada pela rendeira Maria Marhé em um projeto apoiado pelo Sebrae RN.
Popularmente chama-se zoada todo burburinho, algazarra, combinação de muitas vozes e sons. Assim, Zoada dos Bilros, é como chamam carinhosamente o som orquestrado pelas hábeis mãos das rendeiras que, batendo um bilro no outro, dão ritmo às longas tardes de produção e conversa. A ideia nasceu no projeto Natal Encantos Criativos, apoiado pelo Sebrae. Consiste em uma vivência voltada ao turismo de experiência e economia criativa.
Durante a visita, que dura entre 40 minutos e 1 hora, o visitante é encorajado a experimentar o balanço dos bilros e tem a oportunidade de viajar junto com as rendeiras nas tramas que ajudaram a fundar e estruturar a Vila de Ponta Negra.
Sobre o território
A Vila de Ponta Negra, localizada na zona sul de Natal, é hoje uma das praias mais visitadas no estado. Uma das primeiras referências históricas da localidade é a descrição da ocupação holandesa, em 1633, na Cartografia do Rio Grande do Norte.
A história do vilarejo por muito tempo esteve ligada à pesca, agricultura e à renda de bilros, presente há muitas gerações e herança da colonização portuguesa.
O turismo intensificou-se na região em meados dos anos 80 e por conta disso as práticas tradicionais quase desapareceram. Pela persistência de figuras como Vó Maria, as tradições mantiveram-se vivas e hoje são um grande atrativo do cenário paradisíaco da Vila de Ponta Negra.