Roberto Constancio
Com materiais que outros descartariam, Roberto Constancio tece poesia visual, transformando sobras em saudade materializada, pequenas janelas por onde o passado espia o presente e sussurra: “não me esqueça”.
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Sobre as criações
O universo criativo de Roberto floresce na contramão do desperdício, como um jardim que brota no concreto. Bandejas de isopor destinadas ao lixo renascem como alicerces de sonhos; tampinhas de remédio se transformam em vasos onde florescem esperanças diminutas; galhos abandonados na calçada ganham nova função como cercas que delimitam territórios de fantasia. Até mesmo a espuma amarelada de colchões velhos ressuscita tingida de verde primavera, criando paisagens que parecem respirar vida própria. Em suas mãos, o descarte se torna sagrado – cada material rejeitado ganha uma segunda chance de encantar o mundo.
Um inventor de sonhos em miniatura, um guardião de memórias que cabem na palma da mão. Em suas mãos dança a magia de dar vida a casas de pau a pique, sítios perfumados pela nostalgia e cantos do Brasil que ecoam histórias antigas. Com materiais que outros descartariam, Roberto Constancio tece poesia visual, transformando sobras em saudade materializada, pequenas janelas por onde o passado espia o presente e sussurra: “não me esqueça”.
Nas mãos de Roberto, o tempo se dobra como origami e memórias ganham vida – cada casinha carrega o peso doce da saudade de quem um dia brincou em quintais de chão batido. Quando alguém recebe uma réplica da casa da infância, acontece um milagre silencioso: os anos se dissolvem e, por um instante, aquela pessoa volta a ser criança correndo pelos cômodos pequenos de uma vida grande. Roberto já viu essa magia acontecer tantas vezes que se tornou um colecionador de emoções.
Em cada poço com sarilho esculpido, em cada janelinha entreaberta com cortina de pano, mora uma lição de história que não se aprende nos livros. Quando seus netinho(a)s descobrem um mundo em miniatura onde a água não sai da torneira, onde a luz não nasce no interruptor, Roberto se torna um contador de histórias. Ele semeia no coração delas o conhecimento de que existiu, e ainda existe, um Brasil de raízes profundas, onde o tempo caminhava mais devagar e a vida pulsava no compasso da natureza.
Sobre quem cria
Roberto Constancio é um homem que aprendeu que os finais às vezes são disfarces de começos luminosos. Durante décadas trabalhou como marceneiro e então chegou o dia em que um acidente de trabalho reescreveu o roteiro: perdeu um dedo e outros precisaram passar por cirurgia. O que parecia uma despedida se revelou um portal para uma nova forma de amar a criação.
As mãos de Roberto sempre foram habilidosas – casinhas de boneca que faziam os netos sonharem, carrinhos que rodavam pela imaginação, pequenos universos que brotavam de pedaços de madeira. Quando seu genro sugeriu que experimentasse fazer minimundos, Roberto se encantou imediatamente. O primeiro curso pareceu básico demais para alguém que já dominava madeira e tinta há décadas, mas quando chegou às técnicas mais elaboradas, descobriu que suas mãos, mesmo com as mudanças, ainda tinham muito a oferecer.
O que começou como uma necessidade de complementar a aposentadoria se transformou rapidamente em paixão genuína. Roberto se dedica completamente à criação. Suas mãos podem ter mudado, mas sua capacidade de criar beleza e despertar emoções nas pessoas permanece intacta, talvez até mais refinada pela experiência de recomeçar.
Sobre o território
São Bernardo do Campo, localizada na região metropolitana de São Paulo, abriga atualmente 810.729 habitantes segundo o Censo de 2022, representando um crescimento de 5,6% em relação ao recenseamento de 2010. Com uma área de 409,532 km², o município possui densidade demográfica de aproximadamente 2.075 habitantes por quilômetro quadrado. A cidade integra a região do Grande ABC, território historicamente marcado pela industrialização e pela presença da indústria automobilística, o que atraiu grandes fluxos migratórios ao longo do século XX. O clima subtropical da região, com temperaturas amenas e chuvas bem distribuídas ao longo do ano, favorece a vegetação diversificada que Roberto utiliza em suas criações, galhos, folhas e pedrinhas coletados nas ruas da cidade se transformam em elementos naturais de suas miniaturas, criando uma conexão orgânica entre o território urbano onde vive e as paisagens rurais que recria em suas obras.
Fotos de divulgação Artesol
