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Sobre as criações
“Onde eu estiver, meus passarinhos estão nos meus pés”.
Carregado nas asas de seus pássaros, ou nas costas de seus lagartos, Sérgio encanta com seus animais onde quer que vá. Produz pássaros, gamelas, lagartos e alguns outros bichos que povoam sua comunidade. Às vezes faz imagens sacras, consagrando em madeira Maria Aparecida e São Francisco. Mas ele gosta mesmo é de transformar galhos secos em aves coloridas, que são fruto de uma imaginação afiada e mãos habilidosas, que trabalham juntas com carinho e amor.


Os pássaros, que sempre observou no seu quintal, foram uma inspiração natural. A intimidade e o carinho pelos bichos transparecem nas peças. “Eu sempre gostei de pássaro, sempre vi muito na natureza – foi minha primeira peça, peguei um tronco no mato, quando limpei, ele parecia com um pássaro e comecei a criar. Eu gosto de ver os passarinhos cantando, no meu quintal tem muitas árvores de fruta e os pássaros estão sempre por lá”.
Recolhe as madeiras na caatinga, utilizando galhos secos, naturalmente retorcidos, ou tocos de árvores caídas. Os leva para seu ateliê, limpa e faz tratamento contra fungos e cupins. Constrói as peças sem molde, a partir do que a forma do galho ou do toco lhe permite. Assim que define a peça, ele corta, entalha e passa a lixadeira elétrica e depois a lixa de mão, para que as peças fiquem lisas e prontas para receberem a pintura. Pinta segundo sua inspiração, com “cores e detalhes diferenciados”. Cada peça é única. Espera a pintura secar e passa para a montagem: fura para colocar os pés, e depois encaixa na base de imburana.
Peças pequenas, de 20 por 20cm levam cerca de três horas para ficarem prontas. Já as maiores, de até 1 metro, podem levar de 5 a 6 horas, às vezes, um dia inteiro de trabalho.
Seu trabalho caiu nas graças de arquitetos e ele é requisitado para fazer peças para decorações de apartamentos em João Pessoa e em várias cidades. Já exportou para os Estados Unidos da América e pretende continuar crescendo, alçar novos voos, lançando sua revoada de passarinhos e animais aos quatro cantos do país.
Sobre quem cria
Sérgio Teófilo da Silva nasceu na comunidade quilombola Cruz da Menina, na cidade de Dona Inês, na Paraíba. Seus avós produziam cerâmica utilitária, e ele fazia animais e pecinhas para brincar com os amigos. Quando cresceu, trabalhou com o pai na agricultura, plantando e colhendo cana-de-açúcar. Também trabalhou na construção civil.
O artesanato voltou à sua vida em 2018, quando um dos seus amigos o convidou para produzir algumas peças em argila para levar para um evento do Sebrae. A proposta era levar peças de vários artesãos da região e ele foi convidado justamente por já ter produzido pecinhas de cerâmica, quando criança. Provocado pelo convite, ele criou algumas peças em cerâmica e fez a queima, orientado por seus tios. Perdeu metade das peças que produziu, mas o restante que levou chamou a atenção dos gestores do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB).


A partir desse evento, ele foi convidado para participar de um outro, uma feira de artesanato da Paraíba, seu estado. Ele então produziu um busto, que foi muito elogiado. Depois, produziu alguns bichos e levou para um evento no Rio Grande do Sul. Em 2020 lhe deram a ideia de trabalhar com madeira, material abundante na região. Ele testou com um tronco que recolheu, viu um pássaro pedindo para vir ao mundo. Gostou muito do processo de criação com a madeira, e as suas peças foram muito bem recebidas pelo público.
Deixou a cerâmica de lado, e por enquanto, está trabalhando apenas com o entalhe em madeira. Conta já ter produzido mais de 4 mil peças – começou a contagem por sugestão de um cliente, mas ele afirma que número chega a quase 10 mil, pois começou a contagem anos depois de começar a produzir.
Continua participando de feiras e eventos nacionais, além de receber encomenda de arquitetos e lojistas. Ele diz que “prepara as ninhadas” com muito carinho e zelo.
“Quando recebo uma encomenda grande de pássaros, digo que vou preparar a ninhada, e quando nascer eu aviso”.
Sobre o território
A lenda que dá nome a cidade conta que uma senhora branca foi avistada por vaqueiros ao pé de um lajeado, onde se encontra um açude de nome Cajueiro. Essa senhora se dizia dona de propriedades na região e se chamava Inês. O local ficou assim conhecido por Dona Inês, e pertencia à cidade de Bananeiras até 1959, quando foi emancipada.
Está em uma região de serra, com clima semiárido, áreas de caatinga e alguns pontos com vestígios de Mata Atlântica. Chove pouco durante o ano, o que faz da água um bem precioso e que atrai turistas em suas cachoeiras, na Reserva de Mata Atlântica Mata do Seró.