A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Tecendo História


O milho que cresce na plantação é fonte da matéria prima do artesanato produzido pelo grupo Tecendo Histórias. Com o saber técnico desenvolvido ao longo de gerações, elas trabalham com requinte e um design que inova e respeita a tradição do trançado em palha de milho.

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Sobre as criações

O milho que cresce na plantação é alimento dos animais da criação e fonte da matéria prima do artesanato produzido pelo grupo Tecendo Histórias. O que antes era resíduo, passou a ser aproveitado com o saber técnico desenvolvido ao longo de gerações. A avó e a mãe das atuais artesãs produziam objetos utilitários como caixas e cestos utilizados na roça. Com o tempo, a técnica avançou e conversou com o design, apresentando novas possibilidades de produtos como chapéus, acessórios e bolsas com um desenho contemporâneo, mas sem perder a identidade local e as histórias da serra paranaense. 

Para o artesanato a espiga de milho já deve estar seca, mais de um mês depois de colhida. Nesse tempo, os grãos ganham uma tonalidade laranja, enquanto a palha perde o verde e empalidece. É preciso selecionar as palhas maiores e sem falhas e o material pode ser trabalhado na tonalidade natural, mas também tingido com corantes naturais da flora local ou sintéticos.

Crédito da foto: Lucas Cuervo

Sobre quem cria

O trabalho com a palha é ancestral, conhecido pelas gerações passadas como forma de produzir objetos utilitários para o uso na roça. A partir de 2005 o grupo em Cerro Azul organizou-se e começou a produzir cestos e chapéus para a venda. Em 2011, após inscreverem-se no Prêmio do Objeto Brasileiro do Museu A Casa, o grupo teve a oportunidade de desenvolver novas formas de olhar para o que já produziam. Com auxílio do designer Renato Imbroisi, desenvolveram uma linha de bolsas e chapéus com identidade local, remetendo desenhos e formas à fauna e à flora local. Além disso, receberam treinamento com Hisako Kawakami em técnicas de tingimento natural.

Hoje, o Grupo Tecendo Histórias conta com 8 integrantes que produzem para lojas nos grandes centros nacionais e internacionais. Nos trançados as artesãs contam suas histórias, criando formas de relacionarem-se com o ambiente e com os conhecimentos que perpassam o cotidiano há muito.

Crédito da foto: Lucas Cuervo

“No entrançar de cestos ou de esteira

Há um saber que vive e não desterra

Como se o tecedor a si próprio se tecesse

E não entrançasse unicamente esteira e cesto

Mas seu humano casamento com a terra”

Sophia de Mello Breyner Andresen

Sobre o território

A 92 km de distância da capital Curitiba, no Vale do Ribeira, encontra-se o município de Cerro Azul. O nome descreve sua paisagem, os cerros cobertos de mata atlântica, de tonalidade azulada, que circulam o território. Conhecida também como Terra da Laranja, colore-se de maneira especial na época da safra: o verde das folhas contrasta com o amarelo intenso dos frutos.

O município de 17.833 habitantes (IBGE2020) tem a agropecuária como principal fonte de renda dos habitantes. Foi do resíduo dessa produção, nas horas vagas, que se desenvolveu o artesanato em palha de milho, criciúma e bambú tão característico da região.

Artesãs, seus filhos e suas criações / Crédito da foto: Lucas Cuervo

Artesãs, processos e produtos / Crédito das fotos: Lucas Cuervo

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