A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Will Comin 


Will trabalha com cerâmica, transformando argila em fragmentos poéticos do cotidiano paulistano. As casinhas são o tema central da sua produção, produz xícaras charmosas, com casinha no lugar de pegador, assim como casinhas como cachepô para plantas e mini-casinhas de decoração com os temas e elementos da cidade de São Paulo.

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Sobre as criações

“A cidade é a minha inspiração. Eu saio pela cidade e tem muitas casas antigas, são verdadeiras joias da arquitetura popular. Eu gosto de fazer a arquitetura popular e vernacular – casa de fazenda, casa de pau a pique, de taipa. Na cidade eu tiro foto de casas antigas ou vestígios antigos. Tem uma tipologia antiga, essa mistura da coisa antiga com o novo me atrai”.  

Will trabalha com cerâmica, transformando argila em fragmentos poéticos do cotidiano paulistano. Nas suas peças encontramos elementos característicos da cidade: telhados de eira sobre beira, caquinhos com o mapa do estado de São Paulo, detalhes do chão de caquinhos vermelhos.  

As casinhas são o tema central da sua produção, que inspiram peças em formato de casinhas inspiradas nas casas, bares e prédios antigos da capital paulistana, além de xícaras charmosas, com casinha no lugar de pegador, assim como casinhas como cachepô para plantas e mini-casinhas de decoração para paredes. Faz casas personalizadas sob encomenda, com base em fotos. Embora sejam mais trabalhosas, ele fica feliz com o encanto que produzem, carregadas de memória afetiva. 

Para criar, ele passeia pela cidade observando, atento aos detalhes, um portão, um telhado, janelas, portas, azulejos, vestígios antigos que sobrevivem a uma reforma e às mudanças da cidade sempre em movimento. Pesquisa em livros de antiguidade e de fotografia, assim como em antiquários. 

“Parece uma coisa de arqueólogo, ir à cidade e ficar procurando os vestígios do passado”.

Sua produção começa com a preparação da argila. Para produzir as casinhas, ele faz placas de argila com um rolo de madeira ou conta com o auxílio de uma ferramenta chamada extrusora e com elas monta as paredes e a base das casas, que em seguida ganha janelas e portas, cortadas à mão. Faz os azulejos ou tijolinhos que adornam as casas com carimbo, ou manualmente. O telhado ele faz com ajuda de uma goiva, instrumento utilizado na xilogravura. Para alguns telhados ele conta com auxílio de um molde de gesso, mas muitos são feitos à mão, telha por telha. Quando esses itens estão prontos, ele monta a peça, deixa secar, faz a primeira queima, a queima de biscoito. Depois dessa queima, pinta as peças com esmalte que ele mesmo produz, colorindo assim azulejos, caquinhos, flores, folhas. As peças já pintadas são levadas a uma última queima, à 1220ºc.  

Fotos de divulgação Artesol

Sobre quem cria

Wiliam Comin e Silva é nascido em São Paulo, filho de um projetista mineiro de Januária (MG), que também desenhava casas e igrejas e migrou para São Paulo com 18 anos. Desde pequeno gostou de desenhar, “eu me entendo desde muito pequeno como um cara que gosta de artes, que gostava de desenhar”. Aos 11 anos fez aula de pintura à óleo com uma professora particular. A pintura e o desenho acentuaram seu gosto pelas artes.  

Quando jovem, fez SENAI de artes gráficas, curso com duração de um ano. Depois, fez desenho industrial, com especialização em design gráfico. Especializou-se em materiais ecológicos. Foi nesse momento de estudo e pesquisa que conheceu o artesanato e as técnicas que utilizam fibras ecológicas e naturais.  

Durante algum tempo trabalhou em um escritório de comunicação visual que utilizava materiais ecológicos para fazer sua divulgação. Migrou e trabalhou em outros ramos, com gastronomia e depois, com antiguidades.  

Foi em 2021, através da irmã, que conheceu a cerâmica. Ela já fazia casinhas em cerâmica e pediu sua ajuda para fazer as fotos e auxiliar na produção das peças. Assim, ele aprendeu a fazer casinhas e sua primeira produção foi vendida em 10 dias. Nesse momento, trabalhava com antiguidades e restauração, e fazia casinhas a noite ou no final de semana. Após um ano, a irmã parou de fazer as casinhas e ele continuou. Em abril de 2021 começou a divulgar seu trabalho com as casinhas em cerâmica, tomou gosto pelo trabalho, mergulhou na pesquisa de referências e no estudo da cerâmica. Foi construindo a identidade do seu trabalho, a sua poética.  

Conta que se encontrou no fazer artesanal, se sente realizado: “Eu nunca imaginei fazer coisas tridimensionais, com o artesanato foi a primeira vez que ganhei uma independência financeira bacana. No artesanato eu me encontrei”. 

Sobre o território

Foto de divulgação Artesol

São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil, leva o mesmo nome do estado do qual é a capital. Fundada em meados do século XVI pelos bandeirantes, a cidade tornou-se uma força econômica importante durante o ciclo do café, no século XIX. Durante o século XX se tornou um dos mais importantes centros industriais do país, e recebeu grande contingente de migrantes internos – sobretudo vindos do Nordeste, e de outros países, como Síria, Líbano, Japão, Coréia do Sul e Itália.  

É um dos principais polos culturais do país, com inúmeros museus, centros culturais, parques e instituições culturais. Recebe diversos eventos de grande porte, como a Bienal, festivais de música e de moda, e a parada LGBTQIAPN+, a maior da América Latina.  

A intensa migração fez a cidade um ambiente intensamente cosmopolitano, diverso e isso se reflete em sua arquitetura, que tanto inspira e encanta Will. A cidade também proporciona acesso à diversas formações em artes e design, que ele acessou e que ajudaram a construir suas habilidades artísticas e manuais, além de acesso a variada matéria prima – argila, esmaltes, instrumentos de trabalho, tão importantes para sua produção como ceramista e artista.  

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