Associação de Artesãs Carnaubeiras do Estado do Piauí (AMACEP)


A carnaúba (Copernicia prunifera), árvore característica do sertão nordestino, é também conhecida como “árvore da vida” por conta de seus múltiplos usos. 

Mostrar contatos

AbrirFechar

Os contatos devem ser feitos preferencialmente via Whatsapp.

Povoado Resolvido, s/n – Zona Rural de Campo Maior, CEP 64280-000, Campo Maior – PI

A Artesol não intermedeia relações estabelecidas por meio desta plataforma, sendo de exclusiva responsabilidade dos envolvidos o atendimento da legislação aplicável à defesa do consumidor.

Sobre as criações

“O ouro da carnaúba é o artesanato” – Elisângela 

A carnaúba (Copernicia prunifera), árvore característica do sertão nordestino, é também conhecida como “árvore da vida” por conta de seus múltiplos usos. 

No topo da palmeira da carnaúba, fica o olho, a parte mais utilizada pelas artesãs da Associação. Após colher o olho, é necessário pôr para secar, bater para retirar o pó – parte muito cobiçada da árvore -, riscar na largura desejada, trançar e costurar. As fibras são utilizadas na coloração natural ou tingidas. Além do olho, usam as folhas, que são retiradas, riscadas finamente e depois costuradas com linha encerada ou fio imbira feito de tucum, produzindo uma fibra firme. Assim, com habilidade e esmero dão vida a bolsas, cestos, e tantos outros produtos. Veem com orgulho as peças prontas, ainda mais bonitas do que imaginadas.  

Crédito da foto: Dyego Lisboa

Crédito das fotos: Dyego Lisboa

Grande parte da produção é autoral, ou seja, cada artesã cria e produz alguns modelos de bolsa. Há, ainda, a produção da associação, que envolve todas as artesãs, de uma linha de cestos e uma linha de mesa, com sousplat, bacias, porta-copos, bandejas e descansos de panela. Quando a Associação recebe encomendas, as artesãs que dominam a produção das peças solicitadas, sejam bolsas ou peças utilitárias, auxiliam na produção umas das outras. 

As possibilidades, dizem animadas, são imensas, por isso as peças se multiplicam, à potência daquilo que elas são capazes de criar, e como se sabem capazes de muito, elas inventam, inserem variações nas peças, novas cores e materiais, como couro, linhas e fibra de tucum. 

Sobre quem cria

O projeto nasceu a partir da iniciativa do Ministério Público do Trabalho e foi executado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2022, com financiamento da organização alemã GIZ, com objetivo de propor soluções para combater o trabalho análogo a escravidão na colheita e beneficiamento da Carnaúba no interior do Piauí. Destinado a promover melhoria nas condições de trabalho dos carnaubeiros e suas famílias, foi proposto o resgate do artesanato tradicional com a palha de carnaúba para as mulheres das comunidades locais. Algumas delas trabalhavam na produção das vassouras feitas de palha de carnaúba para uso doméstico antes de participarem dos cursos de trançado oferecidos pelo projeto. 

Elisângela, que participou do projeto desde o diagnóstico, realizou um treinamento no Rio Grande do Norte, no qual retomou seus conhecimentos no trançado e costura da Carnaúba, e repassou os conhecimentos para as artesãs de Campo Maior e Piripiri. Nasceram, assim, os dois grupos de mulheres artesãs: Curicacas e Natupalhas. 

Crédito das fotos: Dyego Lisboa

“Andando pelos grupos, sempre tinha uma ou duas artesãs que já sabiam o trançado e a costura. Eu percebi que não estávamos introduzindo o artesanato, estávamos resgatando uma cultura” – Elisângela.  

A presença constante de peças em trançado de carnaúba pela localidade, os utensílios do dia a dia como abanos e surrões (bolsa grande de palha, larga e funda, levada para roça para armazenar os produtos da colheita), levou as artesãs a entenderem que não se tratava de aprender uma técnica nova, mas de retomá-la, se apropriarem dela e a aprimorarem. 

A partir da parceria com a Nordestesse e da designer Luly Vianna, nasceram as primeiras coleções, de decoração e utilitárias, sobretudo bolsas, com as identidades dos grupos.  

A Associação, formalizada em 2024, atualmente é constituída por esses dois núcleos produtivos: Curicacas, que reúne artesãs de comunidades de Campo Maior e Altos; e Natupalhas, com artesãs de Piripiri e Capitão dos Campos. No total são cerca de 70 artesãs que se dividem pelas áreas rurais de diferentes comunidades, e trabalhavam majoritariamente nas suas casas. As localidades, distantes mais de uma hora, estão ligadas por um saber que é retomado e celebrado através do seu trabalho coletivo. 

O grupo não possui uma sede, que está em fase de negociação com a Prefeitura de Campo Maior. Terá maquinário, estoque e um ambiente que possa recebê-las para distribuir pedidos e encomendas. É um grupo com um histórico recente e com um futuro promissor à sua frente.  

“Ganharam o mundo”, participando de diversos eventos como Fenearte, Feira da Belo Horizonte, Salão do Artesanato, evento Piauí Sampa, mostra de turismo do Piauí em Portugal e representaram o estado na feira Expoartesanías de Bogotá, Colômbia, em projeto realizado pela Apex.     

Sobre o território

Crédito da foto: Dyego Lisboa

Campo Maior é a cidade mais importante da Região dos Carnaubais, devido à grande presença da árvore na região. Por isso, também, foi foco do projeto da Organização Internacional do Trabalho (OIT), voltado ao combate do trabalho exploratório e análogo a escravidão na extração e beneficiamento da Carnaúba.  

A cidade era rota dos viajantes e tropeiros que viajavam do Maranhão ao Ceará que, com o tempo, instalaram fazendas, ergueram a igreja em homenagem a Santo Antônio, e assim nasceu o povoado que se tornou o distrito de Campo Maior em 1757.  

Em 1832 foi palco de um confronto pela Independência do Brasil, a chamada Batalha dos Jenipapos. Camponeses, vaqueiros e sertanejos locais entraram em confronto com a tropa comandada pelo português João José da Cunha Fidié, que tinha interesse em manter a região sob o comando português. Sangrento, o confronto terminou com a derrota dos locais. Entusiasmada com a vitória, a tropa sob mando português seguiu para o Maranhão, onde sofreu a derrocada final. O embate foi fundamental para a emancipação política do Brasil, cravando na história Campo Maior como palco da Batalha do Jenipapo.  

A 84 quilômetros da capital do estado, Teresina, a cidade tem como principais atividades econômicas a agricultura, a pecuária de cabras e ovelhas, e a extração de carnaúba. Nesse cenário, a atividade artesanal está crescendo como forma de gerar renda e produzir de forma mais sustentável com a fibra da carnaúba.   

Crédito das fotos: Dyego Lisboa

  

Membros relacionados

Patrocínio
Institucional Master

Realização

Opções de acessibilidade