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André Menezes


Com a técnica reclipachê, André Menezes dá a vida a seres que povoam seu imaginário. 

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Sobre as criações

André Menezes | Créditos: Théo Grahl

André Menezes criou uma técnica própria, batizada por ele de “reclipachê”, uma junção das palavras reciclagem, papietagem e machê. Em suas esculturas utiliza diversos tipos de embalagens e materiais reaproveitados colados uns aos outros para dar forma às peças, como vidros de perfume, de tinta, latas, garrafas de bebidas, embalagens de remédios, forminhas e uma infinidade de outros materiais que são coletados por ele, assim como por amigos e familiares que apoiam seu trabalho. 

Após a junção dos materiais para dar forma à sua criação, aplica a massa de papel machê para modelar detalhes e recobre as superfícies com a papietagem. A peça está pronta, assim, para receber a pintura, caracterizada por uma ornamentação elaborada. 

A temática de suas obras, que ele chama de imaginário, vem de sua fértil imaginação. Também se inspira no trabalho de outros artistas, principalmente do Movimento Armorial, como Gilvan Samico, Miguel dos Santos e Ariano Suassuna. Suas esculturas mesclam e combinam formas humanas, de animais e máquinas, criando manifestações antropozoomórficas únicas. Nas pinturas, traz referências e elementos da cultura nordestina, como a xilogravura, as rendas e a costura em couro. Seu trabalho se apresenta, assim, como uma renovação da arte popular brasileira, tanto pelo uso de materiais reciclados como pela apropriação criativa de elementos tradicionais. 

Sobre quem cria

André Luiz Menezes do Nascimento nasceu e cresceu em Recife- PE, onde vive e trabalha atualmente. Foi uma criança muito criativa e imaginativa, desde muito novo gostava de fazer seus próprios brinquedos com materiais reaproveitados. 

Após passar por uma grande transformação pessoal ocasionada apelo falecimento precoce de seu pai, descobriu sua vocação para a arte. Entre 2015 e 2016, criou sua primeira obra, que chamou de “Senhoritas Pernambucanas” e, motivado a se profissionalizar, buscou o Centro de Artesanato do estado de Pernambuco para tirar sua carteira de artesão.  

Em 2016, participou do concurso da Galeria de Reciclados da Fenearte com a réplica de uma igreja, ficando entre os 50 melhores. Em 2017, participou do mesmo concurso com a obra “Nascer do Pássaro”, que recebeu o prêmio de Menção Honrosa. A partir desse momento, André entendeu que a arte era mesmo seu caminho. Desde então, vem construindo uma carreira profissional, aparecendo em reportagens de jornais locais e nacionais.  

Apesar de André Menezes ter iniciado seu trabalho profissional em 2016, o estilo artístico pelo qual é reconhecido hoje começou a ser desenvolvido a partir de 2020, principalmente em relação ao imaginário e à pintura. No período de isolamento da pandemia de COVID-19, sentiu que precisava mudar seu estilo e realizou investigações e testes, tendo como inspiração outros artistas até encontrar sua própria linguagem. 

Sobre o território

Recife é uma das cidades mais antigas do Brasil, em meados do século XVI surgira como Ribeira de Mar dos Arrecifes, uma praia de pescadores na qual se encontravam as águas do mar e dos rios Capibaribe e Beberibe. A sua povoação data de 1561, despontando graças à cultura extensiva de cana-de-açúcar, o que lhe fez conhecida em todo mundo.  Entre 1630 e 1654, foi invadida e controlada pelos holandeses, deixando marcas que perduram em sua arquitetura até hoje. 

A cidade é palco de uma cena cultural e artística efervescente, nas mais diversas manifestações culturais. O maracatu, o frevo e o Manguebeat são algumas das expressões mais conhecidas. Também foi solo de nascimento do Movimento Armorial em 18 de outubro de 1970. Fundado pelo escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, tinha como objetivo a criação de arte erudita a partir de elementos da cultura popular brasileira, em especial as manifestações culturais nordestinas. Seus herdeiros, André Menezes e outros artistas populares urbanos recifenses continuam a ecoar as vozes armoriais em suas produções. 

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