A Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

Anísia Lima de Sousa


Anísia modela bonecas variadas, filtros de barro e peças de decoração. O barro é coletado na comunidade e a tinta que utiliza é natural, de origem mineral. Para a pintura de flores e penas, utiliza penas variadas, e depois de pintadas, as peças são queimadas em forno a lenha.

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Telefone (33) 99971-5376
Contato Anísia Lima de Sousa
Poço D’água , CEP 39660-000, Turmalina – MG

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Sobre as criações

“Nosso artesanato é uma cultura muito antiga que minhas avós aprenderam com suas mães, passaram pras suas filhas e que eu aprendi com minha mãe e que já passei pras minhas filhas e já estou querendo passar pros meus netos. Então pra mim é uma tradição muito importante que não pode acabar”, afirma Anísia.

A artesã modela bonecas variadas, filtros de barro e peças de decoração. O barro é coletado na comunidade e a tinta que utiliza é natural de origem mineral. Para a pintura de flores e penas, utiliza penas variadas, e depois de pintadas, as peças são queimadas em forno a lenha.

Sobre quem cria

“Nosso artesanato é uma cultura muito antiga que minhas avós aprenderam com suas mães, passaram pras suas filhas e que eu aprendi com minha mãe, já passei pras minhas filhas e estou querendo passar pros meus netos. Então pra mim é uma tradição muito importante que não pode acabar”

Anísia Lima de Sousa

A modelagem do barro para Anísia Lima de Sousa começou como brincadeira, quando aos 8 anos de idade, ficava ao redor de sua mãe ceramista, fazendo suas primeiras peças. Filha de lavradores, desde criança Anísia acompanhava o pai de manhã cedo e a tarde nos arrozais, para espantar os bichos e proteger o roçado.

Aos finais de semana ia com a mãe até a feira de Capelinha, município próximo, para vender o artesanato. Saíam por volta de 2 horas da madrugada, pois não havia estradas na comunidade e precisavam caminhar até o ponto onde seguiam viagem na carroceria de um caminhão. 

A família vivia da lavoura e o que não plantavam, compravam com o dinheiro do artesanato. Anísia se casou e seguiu trabalhando no roçado e com o artesanato. Com 3 filhos para criar, o esposo decidiu buscar trabalho fora e chegava a ficar um ano longe da família. Anísia seguia em Campo Alegre, cuidando da roça, dos filhos e do artesanato. Hoje, o esposo não precisa mais ir buscar trabalho fora e Anísia segue trabalhando com a lavoura e o artesanato. Passou seu conhecimento para as filhas que também a ajudam.

Sobre o território

Campo Alegre é distrito de Turmalina, alto do Jequitinhonha. O artesanato com a cerâmica nasceu na comunidade e foi levado mais tarde para Coqueiro Campo, outra comunidade próxima, pelas mulheres que para lá se mudaram. Assim, as artesãs das comunidades possuem laços estreitos umas com as outras, muitas são parentes ou  possuem a mesma origem familiar, o que explica a grande semelhança do artesanato produzido nos dois locais. As técnicas utilizadas pelas artesãs sãos as mesmas e a estética possui as mesmas características.

A comunidade fica no Alto Jequitinhonha, próxima ao rio Fanado. A região, antes coberta por mata atlântica e habitada pelo povo indígena Aranã, foi ocupada no século XVII pelos vaqueiros que buscavam terras para pastagem. Grande parte da mata foi derrubada e o que ficou no lugar foi o capim colonião e o solo castigado. Hoje, a principal atividade econômica presente no Vale é o cultivo de eucaliptos pelo agronegócio, que tem trazido consequências graves que atingem as comunidades e o ecossistema, como o desemprego, a crise hídrica, e os impactos na diversidade da fauna e da flora locais.

Nesse contexto, as mulheres têm estado cada vez mais ativas na geração de renda para suas famílias, visto que os homens, desempregados, são obrigados a buscar trabalho em outros cantos, passando longas temporadas fora da comunidade. Antes migravam para trabalhar com o corte da cana, mas com o fim do ciclo dos canaviais, os homens buscam trabalho na construção civil e em madeireiras. Cabe às mulheres, que passaram a ser conhecidas como viúvas da seca, a cuidarem dos filhos, de suas casas, do plantio e de si mesmas. Em Campo Alegre vivem cerca de 200 pessoas e para a maior parte das famílias o artesanato constitui hoje principal fonte de renda.

Fotos de divulgação Artesol

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