A Rede Artesol - Artesanato do Brasil é uma iniciativa da Artesol, organização sem fins lucrativos brasileira, fundada em 1998 pela antropóloga Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é promover a salvaguarda do artesanato de tradição cultural no Brasil. Por meio de diversas iniciativas, a Artesol apoia artesãos em todo o país, revitaliza técnicas tradicionais, oferece capacitação, promove o comércio justo e dissemina conhecimento sobre o setor.

ARTECER – Associação das Rendeiras de Singeleza e Bordados de Paripueira


Com um nome que traduz a prática, a renda singeleza é um tesouro alagoano e, claro, nacional.

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Sobre as criações

Foto de divulgação Artesol

Crédito das fotos: 1-2. Divulgação Artesol / 3-5. Manoel Carvalho / 6. Divulgação Artesol / 7. Manoel Carvalho

Com um nome que traduz a prática, a renda singeleza é um tesouro alagoano e, claro, nacional. Numa delicada rede feita de nós, não há variação de pontos; numa base de losangos são as chamadas pipocas (nós repetidos dentro de uma mesma laçada) responsáveis pelos padrões que revelam-se no conjunto. Os materiais básicos para sua confecção são a linha de algodão, agulha e talo fino de coqueiro. Fugindo dos riscos ou moldes, a singeleza é iniciada com pontos dados com a agulha em um pedaço de tecido que funciona de suporte. O talo do coqueiro é utilizado para segurar e regular as laçadas, que de outra forma seriam dadas soltas no ar. 

Desta trama surgem bicos, mandalas, faixas, têxteis de uso cotidiano ou decorativo. A renda singeleza teve o auge de sua produção e venda nas décadas de 50 e 60, especialmente nas cidades do litoral norte do estado, como Marechal Deodoro, Água Branca, Viçosa, Paulo Jacinto, Coqueiro Seco e Maceió. 

Porém, passou por um processo de declínio até seu quase desaparecimento, sendo por sorte conservada na prática afetuosa de algumas guardiãs como dona Marinita, que inspirou as pesquisadoras Josemary Ferrare e Adriana Guimarães no registro e difusão dessa técnica a fim de mantê-la viva. O processo de resgate e fortalecimento realizado a muitas mãos foi proposto no início dos anos 2000 e avançou no reconhecimento do Saber-Fazer como patrimônio imaterial pela Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas, segue para o reconhecimento também pelo Iphan e Unesco. 

Sobre quem cria

Foto de divulgação Artesol

No ano de 2007, Jeane assistia televisão com sua avó Luzinete quando descobriram que o ofício aprendido aos 15 anos de idade e levado como hobby por toda vida era patrimônio imaterial do estado e estava em risco de extinção. Agulha e linha foram retomadas para ensinar a neta as laçadas necessárias para a confecção da renda singeleza. Jeane aprendeu, ensinou e acabou sendo encontrada pelas pesquisadoras Josemary e Adriana em um dos mapeamentos realizados no estado. Ao perceberem o potencial do local, propuseram um projeto contemplado pelo prêmio Santander Universidade Solidária em 2015. Assim estruturou-se a Associação de Rendeiras de Singeleza e Bordados de Paripueira, a Artecer, que teve sua sede inaugurada em agosto de 2018.  

O grupo formado por nove mulheres especializou-se na produção fina da renda e recebeu treinamento em design, precificação e venda promovidos em parceria com o Sebrae AL. As artesãs reúnem-se pelo menos três vezes por semana na sede da associação, espaço de troca, aprendizado e muito trabalho. É ainda neste mesmo local onde ocorre a comercialização das peças expostas na loja visitada por inúmeros turistas de todas as regiões do país e do mundo. 

As artesãs tem realizado atividades de repasse da renda singeleza em diversas oficinas promovidas no estado. Voltadas para a geração de renda para mulheres, vão conquistando novas mãos e corações dedicados à esse singelo fazer.

Sobre o território

Foto de divulgação Artesol

As laçadas da renda assemelham-se às da rede lançada ao mar pelos pescadores locais. O ambiente tranquilo da pequena Paripueira, município metropolitano de Maceió, tem temporadas movimentadas. Localizada no litoral norte do estado de Alagoas, Paripueira atrai milhares de turistas anualmente, interessados em suas praias paradisíacas. 

Com população estimada de 12.000 habitantes, tem como principais fontes de renda a pesca e o turismo. A grande circulação de pessoas de culturas diferentes cria um local rico e propício para a preservação, desenvolvimento e atualização do Saber-Fazer manual.

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